Professora aposentada ganha três medalhas nos Jogos Mundiais para Transplantados 2025
Alice Oliveira, professora aposentada da rede pública de ensino do Distrito Federal, apresenta um novo capítulo de sua história de vida de superação e gratidão. Ela foi um dos destaques dos Jogos Mundiais para Transplantados 2025, realizado na Alemanha. Conquistou três medalhas, sendo duas de bronze e, uma, de prata. O campeonato aconteceu de 17 a 24 de agosto de 2025, na cidade de Dresden, Alemanha. O ambiente inspirador reuniu atletas de 51 países.
“A minha participação no mundial foi superpositiva para mim: fiz três provas e conquistei três medalhas. Falando de emoção, foi uma realização pessoal e uma forma de mostrar que depois do sim à doação de órgãos e que depois do meu transplante eu pude ressignificar minha vida, tornando-me uma pessoa mais saudável, que pratica atividade física desde o ano seguinte ao meu transplante. Neste evento mundial eu comemorei 12 anos do meu sim. Foi muita emoção e muita gratidão à família do meu doador. Eu me lembrei deles em todos os momentos porque se não fosse o gesto generoso deles provavelmente não estaria ali conquistando medalhas e realizando meus sonhos”, disse.
Alice trabalhou na Regional do Gama com as séries iniciais e língua portuguesa para o Ensino Fundamental, Médio e EJA, e conta que se submeteu a um transplante de fígado há 12 anos. No ano seguinte ao transplante, começou a fazer as atividades físicas. Ela destaca a importância do esporte para a sua saúde. “Melhorou em tudo. Minha qualidade de vida é muito melhor e os resultados dos meus exames periódicos são excelentes por causa da minha vida mais saudável. Meu humor, meu sono, minha vida de um modo geral deu um giro de 360º para melhor”, afirmou. A professora ressaltou que, no caso dos transplantados de fígado, a prática regular de exercícios é fundamental para controlar taxas hepáticas, melhorar a pressão arterial e manter o peso estável.
Esporte como ferramenta de conscientização
Mais do que uma conquista pessoal, a vitória de Alice nos Jogos Mundiais é também um marco na luta pela conscientização sobre a importância da doação de órgãos. A atleta acredita que, por meio do esporte, pode inspirar outras pessoas e fortalecer o movimento pela doação. “O que me chamou mesmo a participar foi isso: a doação de órgãos de forma a fortalecer a colaboração de outras pessoas à lista que hoje tem mais de 50 mil pessoas e cresce a cada dia. A negativa das famílias ainda é muito grande por falta de informações e diálogo. A minha missão é mostrar, por meio do esporte, o quanto é importante conversar sobre isso e, no momento certo, a pessoa dizer o sim, porque você pode salvar e restaurar a vida de muitas pessoas”, afirmou Alice.
Segundo ela, “não temos a categoria de transplantados reconhecida em competições regionais e nacionais, exceto em João Pessoa, Paraíba, que abriu essa categoria há 3 anos”. No entanto, essa é a segunda vez que Alice participa dos Jogos Mundiais para Transplantados. Sua primeira participação aconteceu em 2023, quando não conquistou medalhas, mas já se destacou ao ficar no “Top 10” nas provas de corrida de 5 quilômetros e 100 metros rasos.
Em sua trajetória, ela também participou de diversas competições no Brasil, incluindo o Troféu Brasil de Atletismo Master, a Copa de Atletismo Master de João Pessoa e a Copa Brasil Loterias da Caixa de Atletismo Master em Bragança Paulista, sempre enfrentando atletas sem a comodidade de categorias específicas para transplantados, mas ainda assim conquistando medalhas.
Uma celebração de resistência e vida
O World Transplant Games (Jogos Mundiais para Transplantados) teve sua primeira edição em 1978. Trata-se de uma competição internacional que visa a celebrar a vida de quem recebeu um órgão e a promover a doação de órgãos em todo o mundo. Desde então, o evento tem sido uma plataforma para mostrar que transplantados podem ser atletas e que o esporte é uma ferramenta poderosa para melhorar a qualidade de vida desses indivíduos.
Cada edição dos Jogos, como a de 2025, é uma oportunidade de comemorar as histórias de superação, resiliência e gratidão dos transplantados, ao mesmo tempo em que se sensibiliza o público sobre a importância de dizer “sim” à doação de órgãos.