Transformar pela educação: combate à LGBTfobia desde a escola
Andar na rua, frequentar locais públicos e outras ações corriqueiras comuns a qualquer cidadão se tornaram situações de risco para pessoas LGBTQIAPN+. Isso porque, com a ascensão da extrema direita mundialmente, discursos, práticas violentas e retrocessos nos direitos de minorias sociais ganharam força.
Na última semana, um professor da rede pública do DF, da regional do Núcleo Bandeirante, foi agredido ao sair de academia em Águas Claras. No sábado (5/7), um jovem de 17 anos morreu após ser espancado em Manaus, após reagir a ofensas homofóbicas. Casos como esses, cada vez mais frequentes, refletem uma sociedade marcada pelo ódio e pela intolerância e chamam a atenção para a vulnerabilidade desse segmento.
Segundo o Atlas da Violência, as agressões contra pessoas LGBTQIAPN+ cresceram mais de 1.000% na última década. Apenas entre 2022 e 2023, os casos de violência contra homossexuais e bissexuais aumentaram 35%, e 43% contra pessoas transsexuais e travestis. Os dados têm como base as notificações de violência interpessoal no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan).
“Esses números podem ser ainda maiores, se levarmos em consideração a carência de dados oficiais sobre o tema. Muitas vezes, as informações que temos são de organizações não governamentais. Essa insuficiência de dados por parte do Estado dificulta a formulação de políticas públicas e de ações concretas de combate às diversas formas de violências contra pessoas LGBTQIAPN+”, disse a diretora do Sinpro Ana Cristina.
Educação como instrumento de transformação
A sindicalista aponta a educação como um mecanismo eficaz para o fortalecimento do combate às violências. Para ela, o processo de formação auxilia na desconstrução de estereótipos, na promoção de uma cultura de respeito e na construção de ambientes seguros para estudantes e professores(as) LGBTQIAPN+.
“A gente precisa lutar por uma educação emancipadora e livre de LGBTQIAPN+fobia. Assim, será possível fazer da escola um espaço de acolhimento para toda a comunidade escolar. Mais do que a troca de conhecimentos, a educação tem o poder de transformação e de formar cidadãos e cidadãs com consciência e respeito à diversidade e aos direitos humanos” afirmou a diretora do Sinpro.
O mesmo entendimento é compartilhado pelo diretor do Sinpro João Macedo, que vê a educação como instrumento estratégico de luta pela existência humana.
“É necessário considerar que as violências contra pessoas LGBTQIAPN+ ocorrem com crueldade que vai do simbólico ao físico. São, na verdade, tentativas de aniquilamento, ou seja, reduzir alguma coisa ou alguém ao nada, de extermínio dos sujeitos, como se não tivessem valor no trabalho e na sociedade. Contudo, é importante falar das várias formas de resistência diante dos mecanismos desse aniquilamento: a educação emancipadora é o nosso grande instrumento estratégico de luta pelas liberdades de existência de todas as pessoas, em todos os lugares”, afirmou o sindicalista.