Trabalhadores cobram e Dilma aceita criar comissão para discutir reforma agrária
A 4ª edição da Marcha das Margaridas terminou na tarde desta quarta-feira (17). Após a caminhada pela manhã até a Esplanada dos Ministérios, as trabalhadoras se reuniram mais uma vez no Parque da Cidade, transformado em Cidade das Margaridas para abrigar as manifestantes, e acompanharam a cerimônia que contou com ministros, lideranças sindicais e a presidenta Dilma Rousseff.
Dilma aproveitou a ocasião para apresentar aos agricultores um caderno com respostas às reivindicações da Marcha já encaminhado à secretária de Meio Ambiente da CUT e coordenador geral da Marcha das Margaridas, Carmen Foro. Para a presidenta, o principal resultado da Marcha é a continuidade do diálogo entre agricultores e o governo federal.Ao comentar as medidas que adotará, citou pontos criticados por produtores familiares, como a falta de apoio para distribuição dos alimentos, além do acesso ao crédito e à assistência técnica pelas mulheres.
De acordo com a presidenta, a meta do governo é investir na melhoria de condições de distribuição para atingir o índice de 30% de alimentos fornecidos pela agricultura familiar para as merendas escolares, garantir ao menos 30% do total disponível de crédito para o agricultor familiar às mulheres e ampliar o acesso à creche de qualidade no campo. Dilma disse ainda ter determinado um diagnóstico das condições de todos os assentamentos existentes hoje no Brasil.
Reforma agrária em questão
Presidente da Contag (Confederação dos Trabalhadores na Agricultura), Alberto Bloch, foi o primeiro a falar e propôs a criação de uma comissão composta por organizações dos movimentos sociais e representantes dos assentamentos para discutir um novo modelo de reforma agrária. “A agricultura familiar é a base desse novo modelo de desenvolvimento sustentável porque assegura soberania alimentar, dinamiza a economia nas cidades do interior e valoriza a natureza”, apontou.
Carmen Foro, adotou discurso semelhante e acrescentou os pontos que julga essenciais para melhorara a vida das trabalhadoras rurais. “Não abrimos mão da reforma agrária, da mesma forma que queremos ampliar o orçamento para enfrentamento da violência contra a mulher e que o governo seja avalista do crédito para a mulher do campo e da floresta”, disse.
Dilma disse concordar com a criação do grupo para discutir a questão do acesso à terra e confirmou a definição de uma comissão interministerial, com participação dos movimentos sociais, para acompanhar as medidas adotadas.Avaliação
Para a secretária da Mulher Trabalhadora da CUT e integrante da organização da Marcha, Rosane Silva, a manifestação foi muito positiva. “Cumprimos nosso objetivo que era colocar 30 mil cutistas em Brasília e 100 mil pessoas no ato graças a um processo de mobilização que durou todo um ano.”
Ainda segundo ela, a fala de Dilma indicou aspectos positivos como o reconhecimento de que a mulher vive uma situação de desigualdade em todos os espaços e que é necessário ter políticas públicas para romper essa discriminação.
“Apresentamos uma pauta com 150 itens, divididos em temas que nunca foram tratados numa mobilização do campo e da floresta. Acredito que é um avanço a presidenta tratar da necessidade de levar a creche para o campo e para a floresta, de ter estrutura para atender mulheres vítimas de violência nesses locais. Assim como se comprometer a oferecer mais crédito para reforma agrária”, falou.
Rosane também enxerga com bons olhos a criação de um grupo capaz de monitorar a distância entre o que é anunciado e o que foi efetivamente executado. “A partir daí é que veremos o que realmente saiu do papel.”
Fonte: CUT-BRASIL