Todas as frentes são importantes na luta por merenda, avalia Sinpro

O problema da falta de merenda nas escolas públicas do DF continua, mesmo após compromisso da Secretaria de Educação em regularizar o fornecimento dos itens alimentícios

Diante do prejuízo imposto a milhares de crianças e adolescentes, o Sinpro alerta que é necessária a participação de toda a comunidade escolar na luta pela garantia de merenda de qualidade. “Mães, pais, responsáveis e toda a sociedade deve se mobilizar e utilizar os instrumentos que temos para que nossos estudantes não tenham nenhum dia a mais de prejuízo”, avalia o diretor do Sinpro Samuel Fernandes, que é membro do Conselho de Alimentação Escolar (CAE).

Segundo Ricardo Gama, que também é diretor do Sinpro e membro do CAE, entre os recursos que podem ser utilizados pela comunidade escolar e pela sociedade em geral estão o canal de denúncia central 162, o Participa DF, o email da ouvidoria da SEEDF, que é ouvidoria@se.df.gov.br, e o registro da reclamação via CAE, pelo email cae.df@se.df.gov.br. “Vamos nos engajar nessa luta. Não podemos normalizar essa situação de falta de merenda para nossas crianças e adolescentes”, alerta.

Situação crítica
Sai semana, entra semana e os estudantes das escolas públicas do DF continuam sem ter a garantia do direito à merenda escolar. O diretor do Sinpro Samuel Fernandes visitou escolas nessa segunda e nesta terça-feira e se deparou com situações críticas.

“No CEI 01, na Ceilândia, por exemplo, a merenda foi arroz com carne de porco. Não tem frango, não tem ovos, não tem carne de boi. É só carne de porco”, diz.

Segundo Samuel Fernandes, com a pressão que vem sendo feita tanto pelo Sinpro como pelo CAE, a SEEDF chegou a entregar alguns itens que faltavam, mas em quantidade totalmente inferior à necessária. “Hoje na EC 45 da Ceilândia foi cuscuz com manteiga. E a manteiga foi a escola que comprou, para não servir cuscuz seco para os alunos, já que a SEEDF não está fazendo entrega de queijo ou manteigapois. Entregaram ontem apenas 26 quilos de filé de tilápia, para uma escola com 730 alunos. A orientação é servir comida racionada nas escolas”, explica.

Para ele, o problema da falta de merenda de qualidade nas escolas públicas é resultado de gestão ineficiente da SEEDF. “Os contratos vão se encerrando e a Secretaria de Educação não se organiza para que um novo contrato seja efetivado a tempo, para que não falte alimento. E todo mundo sabe que processo de licitação é demorado. Há anos é assim, e quem sofre os prejuízos são os estudantes”, afirma.

No início do mês, o deputado distrital Gabriel Magno (PT) denunciou, na tribuna da Câmara Legislativa, a falta de merenda na rede pública de ensino. Segundo ele, não há falta de verba para compra da merenda. “Hoje, dia 2 de abril, o governo tem R$ 10 milhões na conta para compra de alimentos para as escolas. Nada justifica que nesta semana 500 mil alunos da rede pública de ensino fiquem sem a merenda escolar”, reclamou.

Juntos na luta
A garantia da oferta de merenda de qualidade aos estudantes das escolas públicas é pauta de luta do Sinpro. “Durante a gestão do governador Ibaneis Rocha, infelizmente, problemas com merenda vêm sendo constantes, e sempre fizeram parte da nossa pauta de reivindicações. Falamos sobre a necessidade de ter merenda de qualidade em todas as reuniões com o governo e, inclusive, reafirmamos essa nossa luta na nossa última assembleia”, afirma a diretora do Sinpro Márcia Gilda.

A sindicalista lembra que o direito à merenda de qualidade é resguardado por diversas legislações, e ultrapassa a questão de ser um mero dever do GDF. “É importante a gente lembrar que o direito à merenda está na Constituição, na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, no Plano Nacional de Alimentação Escolar. Mas é urgente que lembramos também que a merenda escolar é a única refeição de muitas crianças. Por isso, quando falamos da garantia do direito à merenda, falamos também de humanidade.”

MATÉRIA EM LIBRAS