Temer promove golpe em marcha contra direitos já adquiridos

Um novo golpe está sendo tramado pelo presidente interino Temer, em conluio com o Congresso: o da supressão dos direitos trabalhistas já adquiridos, com projetos que já tramitam na Câmara e no Senado. Ronaldo Bastos, ministro do Trabalho, propõe uma reforma trabalhista, com terceirização generalizada, a prevalência do negociado sobre o legislado o que compromete, de forma contundente, as conquistas laborais, através da flexibilização, redução ou eliminação de direitos.
Recentemente, a CUT elaborou uma cartilha, detalhando algumas destas propostas que estão em pauta. Dentre elas, estão:

  • Arrocho no salário dos aposentados: Sem aumento real do salário mínimo, com o mesmo deixando de ser piso da Previdência, separando o valor dele das aposentadorias e pensões e incluindo nesta regra os trabalhadores da ativa e não apenas os que ingressarem no mercado após a aprovação do projeto;
  • Aposentadoria somente aos 65 anos para homens e mulheres;
  • Destruição de direitos trabalhistas: Temer quer aprovar a terceirização generalizada (PL 4330/2004 foi aprovado na Câmara e está no Senado), o que causaria inúmeros retrocessos para os(as) empregados(as);
  • Limitar investimentos em saúde e educação: O governo quer diminuir os percentuais de investimento em saúde e educação, que hoje são de 15% e 25%, respectivamente;
  • Petróleo do pré-sal para estrangeiros: O ministro José Serra quer entregar a Petrobras para empresas estrangeiras e sem esta receita, os investimentos em educação e saúde seriam comprometidos.

Estas mudanças, se aprovadas, além de acarretar em um elementar prejuízo para a educação e saúde dos próximos anos (com acentuada redução de investimentos), mudará completamente a relação de trabalho atual. A terceirização da atividade-fim, autoriza a pejotização, permite a quarteirização e compromete a representação sindical dos(as) trabalhadores(as), pois a empresa contrata um serviço e não um(a) empregado(A), sem garantias trabalhistas e previdenciárias, com o patrão adquirindo um poder de barganha muito maior, além de salários rebaixados e piores condições de trabalho para o(a) funcionário(a).
A supressão de direitos da CLT através da negociação, podem fazer os(as) trabalhadores(as) perderem direitos adquiridos, como férias e 13º salário, caso sejam aprovados em negociação. Há outra proposta de alteração na legislação, para que não seja considerado “acidente de trabalho” o acidente do(a) trabalhador(a) quando se desloca para trabalhar. Os retrocessos parecem não ter fim.
Em resposta as centrais sindicais entendem que  “a negociação coletiva deve ser valorizada como instrumento de fortalecimento da relação capital-trabalho, que também precisa da ampliação do direito de greve e a organização dos trabalhadores no local de trabalho garantidas como forma de equilibrar essa relação. A ampliação das negociações, assim como a prevalência do “negociado sobre o legislado” não deve substituir a CLT e nem possibilitar a redução de direitos e a diminuição da qualidade de vida dos trabalhadores. A CLT deve ser mantida como o padrão mínimo da regulação das relações de trabalho. As negociações coletivas devem ter como papel novos avanços e conquistas para melhorar o padrão de vida daqueles que constroem as riquezas do nosso país”.
Portanto, a classe trabalhadora deve se mobilizar contra outro golpe em curso, que quer dinamitar a CLT e precarizar as relações trabalhistas, favorecendo os patrões e fragilizam o(a) trabalhador(a).
 
Abaixo, a matéria do Correio Braziliense de terça-feira (26):
Previdência será uma só para todos os brasileiros
Os trabalhadores devem ficar atentos porque o governo decidiu acelerar as discussões sobre a reforma da Previdência Social. Nenhuma categoria será poupada, indicou o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha. Servidores públicos, celetistas, militares e até segurados especiais, como professores e policiais, se submeterão às mesmas regras para requerimento de benefícios. A decisão levou em consideração o crescimento exponencial das despesas com o pagamento de aposentadorias e pensões nos regimes públicos e privados. Em 2016, os gastos totalizarão R$ 608,3 bilhões nos dois regimes, o equivalente a 9,7% do Produto Interno Bruto (PIB).
Com a arrecadação combalida diante da maior recessão da história do país, o Executivo será obrigado a cobrir um rombo de R$ 220 bilhões, que corresponde a 3,5% da geração de riquezas no país. Padilha foi taxativo ao afirmar que as mudanças para concessão de benefícios são essenciais para o equilíbrio das contas públicas a longo prazo. “A reforma da Previdência é de interesse de cada um e de todos os brasileiros. Seu debate está acima de qualquer entidade”, salientou. Mas a unificação de regras não implicará criação de uma superautarquia.
Pedágio
O Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) continuará responsável pelo pagamento dos benefícios de trabalhadores da iniciativa privada; e o Ministério do Planejamento, pelos contracheques de servidores e militares. O chefe da Casa Civil ainda relembrou que quem se enquadrar nas normas para requerimento do benefício não será afetado pela reforma e terá o direito adquirido preservado. Além disso, regras de transição serão definidas para os que estão perto de se aposentar. Um pedágio de 40% será definido. Na prática, para aqueles que faltam 36 meses para deixar o mercado de trabalho, será imposto um prazo adicional de 14 meses de contribuição.
Padilha ainda detalhou que os estudos para a unificação das regras foi uma determinação do presidente interino, Michel Temer. O chefe do Executivo tem acompanhado de perto as discussões e já deixou claro que diverge de algumas propostas em análise pelo grupo de trabalho formado por técnicos dos ministérios da Fazenda, do Planejamento, da Casa Civil, do Desenvolvimento Social, do Congresso Nacional, das centrais sindicais e das entidades patronais. O principal ponto de discórdia é a instituição de uma idade mínima. Os técnicos envolvidos na discussão são favoráveis à imposição de 65 anos para que homens e mulheres tenham direito à aposentadoria. Temer, entretanto, é favorável que as seguradas do INSS possam solicitar o benefício aos 62.
Cuidados
Atento às discussões do governo, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, engrossou o coro favorável à reforma da Previdência. Segundo ele, a alteração de normas para concessão de benefícios é viável no Congresso Nacional. Para ele, as regras devem ser estendidas para todos os trabalhadores, não só para os que ingressarem no mercado de trabalho após a aprovação das medidas.
O chefe da equipe econômica destacou que as mudanças afetarão aqueles com maiores salários. Os mais pobres, segundo ele, se aposentam mais velhos. “Serão afetadas faixas de maior rendimento e que se aposentam, em média, com 55 anos ou menos, o que, evidentemente, é insustentável para a sociedade brasileira”, afirmou.
Além de garantir a sustentabilidade das contas públicas, a reforma da Previdência é importante para que o país continue com programas sociais e possa voltar a ser competitivo, avaliou Meirelles. Para ele, as posições contrárias à reforma são legítimas, mas mudanças são essenciais.“É importante que se entenda que cada segmento defende seus interesses, mas é importante também enfatizar o interesse público porque estamos todos no mesmo barco e no mesmo país”, acrescentou.
O ministro da Fazenda ainda esclareceu que algumas diferenciações serão importantes para que aqueles que já contribuíram por muitos anos não sejam penalizados pela reforma. “É importante que haja uma regra de transição para aqueles que estejam mais próximos da aposentadoria, que tenham tratamento diferente dos que faltam 10 anos. Então, é importante que seja algo austero, factível, financiável pela sociedade brasileira, mas que ao mesmo tempo tenha efeitos reais nas contas públicas”, disse.