Suspensão das aulas presenciais resguarda vidas; Luta pelo aperfeiçoamento do ensino remoto continua

Após intensa mobilização da CUT, do Sindicato dos Professores do DF (Sinpro-DF) e de diversos setores da sociedade, o governador do DF, Ibaneis Rocha (MDB), suspendeu por tempo indeterminado o retorno das aulas presenciais nas escolas públicas da capital federal. A previsão era de que os estudantes voltassem às salas de aula de forma gradual, em 31 de agosto. De acordo com o Sinpro, agora, a luta é para que o GDF viabilize condições dignas para que todos os estudantes consigam ter acesso às aulas remotas.

O anúncio da suspensão foi realizado em coletiva de imprensa, nesta quarta-feira (19). “Com a avaliação da curva da pandemia, a gente tomou a decisão escutando toda a comunidade escolar. Essa decisão é fruto de um grande debate com as escolas e, a cima de tudo, com observação cientifica da evolução da pandemia”, afirmou o secretário da Educação do DF, Leandro Cruz, durante a coletiva.

A suspensão ocorreu em um momento em que o DF registra números alarmantes de contaminação e mortes decorrentes da Covid-19. Até o fechamento desta matéria, a capital federal registrava 140.170 casos confirmados e 2.133 óbitos.

Um estudo realizado pelo Observatório de Predição e Acompanhamento da Epidemia Covid-19 (PrEpidemia) apontou que, em um dos cenários de evolução da pandemia, Brasília pode ultrapassar a marca de 3 mil mortes até dezembro. E, caso houvesse o retorno das aulas presenciais, o número poderia alcançar 3.842 mortes.

“Foi uma vitória da sensatez e da mobilização de toda a comunidade escolar, da CUT e do Sinpro, que realizou diversas plenárias regionalizadas, discutindo com vários setores da sociedade civil quais as consequências e os riscos de uma volta presencial das atividades escolares. Continuaremos mobilizados, debatendo e acompanhando os movimentos do governo. Por ora, a sensatez prevaleceu”, disse o presidente da CUT-DF, Rodrigo Rodrigues.

A luta deve continuar

A diretora do Sinpro, Rosilene Corrêa, destacou que as cobranças ao GDF devem continuar, já que as aulas remotas estão acontecendo há mais de um mês e não há comprometimento do governo para que todos os estudantes tenham acesso à plataforma.

“Temos uma parcela muito grande de alunos que não estão conseguindo acessar a plataforma e não conseguirão se o governo não assumir sua parte. Isso vai desde a aquisição de equipamentos, como tabletes, celulares ou computadores, até a viabilização do acesso à banda larga, que o governo se comprometeu e, até o momento, não aconteceu. É preciso que o GDF se empenhe mais”, apontou.

Outro ponto destacado pela dirigente que demanda comprometimento do governo é quanto à definição de regras para a realização das aulas remotas. “Hoje, a categoria está com uma carga horária maior do que de costume e há muitas incertezas em relação ao trabalho remoto, que é algo fora do que estava previsto para nossa atuação. É necessário que sejam definidas regras mais claras”, apontou.

De acordo com Rosilene, é fundamental também que inicie imediatamente o debate pedagógico. Para ela, não se pode pensar na educação em 2021 ─ com um possível controle da pandemia ─ sem levar em consideração os prejuízos da crise na vida dos estudantes.

“Precisamos repensar e reorganizar os nossos conteúdos para que tão logo seja possível o retorno presencial, a gente tenha uma proposta pedagógica que possa atender. Faz-se urgente uma readequação que curricular”, afirmou.

Reprodução: CUT Brasília