Sindicatos e movimentos debatem condição do trabalhador brasileiro no Vaticano e em Brasília


O mundo do trabalho na atualidade e as condições do trabalhador brasileiro têm sido tema de preocupação e de debates entre sindicatos, movimentos e a Igreja Católica. As instituições concordam que o momento é preocupante e que é preciso repensar políticas e ações para enfrentar a destruição da dignidade humana em função dos desafios colocados aos trabalhadores pela “modernidade”.
Vaticano – Nesta sexta-feira (24/11), com a presença do Papa Francisco, no Vaticano, encerra-se o encontro “Da Populorum Progressio à Laudato si. O trabalho e o movimento trabalhista no centro do desenvolvimento integral, sustentável e solidário”.
Dirigentes dos principais sindicatos do mundo, especialistas no campo das ciências sociais, delegações de mais de 40 países e representantes de movimentos cristãos de trabalhadores participaram de dois dias de debates, visando abrir uma reflexão e pensar agendas que priorizem a pessoa e sua dignidade, e políticas públicas voltadas ao seu desenvolvimento material e espiritual.
Representando o Brasil no encontro, a vice-presidente nacional da Central Única dos Trabalhadores – CUT, Carmen Foro, destacou que “a realidade dos trabalhadores brasileiros hoje é grave, de retrocesso absoluto de tudo o que conquistamos até este momento. No Brasil, hoje há a aprovação e a aceitação do trabalho escravo pelo governo. Há destruição do Estado, das leis do trabalho, a tentativa de reformas que retiram um conjunto de direitos e o mais grave para nós, neste momento, é que a população pobre: negros, jovens, mulheres, estão sendo os mais afetados. Estamos aqui porque sentimos que é preciso somar desejos de mudanças , que o nosso coração continue cheio de vontade de transformar a realidade social de meu país e do mundo todo”.

Para a dirigente CUTista, o encontro é de fundamental importância para entender os desafios que a humanidade enfrenta atualmente, preparando-a. “Vamos sair daqui muito mais fortalecidos para enfrentar a perversidade do capital no último período e organizar cada vez mais os trabalhadores”. Carmem acrescentou que “o Papa Francisco é um ícone na história do mundo; ele será um parceiro fundamental do movimento sindical internacional e das organizações sindicais, porque sua palavra tem alcance profundo e porque a Igreja católica pode e muito contribuir com o processo de transformação que o mundo precisa neste momento”.
De acordo com o Cardeal Peter Turkson, presidente do dicastério organizador do evento, é necessário promover um trabalho digno com a colaboração dos sindicatos. “O fato que a tecnologia subtraia trabalho ao ser humano é um desafio para o mundo moderno. O risco é que homens e mulheres façam um trabalho ‘escravizado’”, disse.
Brasília – No dia 13 passado, dirigentes CUTistas, diretores do Sinpro e de diversos movimentos sociais ligados à luta por terra, teto e trabalho, participaram do Encontro de Diálogo promovido pela arquidiocese de Brasília e a Comissão de Justiça e Paz do Distrito Federal. O evento aconteceu na Cúria Metropolitana e foi presidido pelo arcebispo Dom Sérgio da Rocha. Os diretores Cláudio Antunes, Cléber Soares, Vilmara Pereira e Yuri Soares representaram o Sinpro.

Na atividade, trabalhadoras e trabalhadores expuseram os desafios e debateram sobre os problemas de cada segmento, com o intuito de construir uma pauta conjunta que fortaleça a luta por direitos e conte com o apoio efetivo da igreja.
“Nós precisamos, juntos, refletir e assumir a defesa de valores e as bandeiras que estão no coração do próprio Evangelho, como a defesa dos mais pobres, dos excluídos, dos direitos sociais, da justiça e da paz”, garantiu Dom Sérgio.