Sindicato dos Bancários promove debates sobre a escravidão e participação de mulheres nas políticas públicas do DF

No próximo dia 19 de julho, a Secretaria de Mulheres do Sindicato dos Bancários promove debate “Políticas Públicas do DF sob o Olhar de Mulheres Negras”. Serão abordados dois temas: a escravidão negra no DF e entorno e a participação de mulheres negras na gestão das políticas públicas do DF. O evento começa às 15:30, e contará com a participação de diversas especialistas.

A mesa “Mulheres negras na gestão de políticas públicas do DF” tem como objetivo promover a troca de experiências com relação aos desafios e potencialidades do trabalho desempenhado por gestoras públicas negras do Distrito Federal.

O outro debate discutirá o relatório “A Verdade sobre a Escravidão Negra no Distrito Federal e Entorno” (2017), do Sindicato dos Bancários, sobretudo quanto à participação das mulheres negras na história da região. A publicação traz dados inéditos sobre o contexto histórico da população negra na região, presente na região desde séculos antes da construção de Brasília.

A luta de mulheres negras pela garantia de seus direitos marca o mês de julho em toda a América Latina e Caribe. O dia 25 foi instituído pela Organização das Nações Unidas em 1992 como o Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha, data em que no Brasil também se celebra o Dia Nacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negra, instituída pela Lei 12.987/2014.

 

Relatório traz dados sobre a escravização de pessoas negras no Centro-Oeste

No século XVIII, Tereza de Benguela foi líder, durante 20 anos, do Quilombo de Quariterê, na região do Vale do Guaporé, Mato Grosso, e logo se tornou símbolo da resistência contra o colonialismo. Escravizada que se tornou rainha de uma comunidade composta por mais de 100 membros, Tereza foi responsável por formar um tipo de parlamento para que todas as decisões no seu quilombo fossem tomadas em grupo.

De modo semelhante, muitas mulheres negras tiveram papel proeminente em outras comunidades quilombolas no Brasil, além de sempre liderarem as atividades voltadas à subsistência do seu povo e à manutenção dos modos de vida tradicionais. Elas também foram estratégicas para a sobrevivência de seus territórios e populações frente a ataques e violências dos colonizadores contra os quilombos na região Centro-Oeste, como apresenta o Relatório “A Verdade sobre a Escravidão Negra no Distrito Federal e Entorno” (2017), do Sindicato dos Bancários de Brasília.

Séculos depois, mulheres negras seguem o seu legado, como referências de liderança e gestão. Entretanto, esse grupo ainda é minoria nos quadros de órgãos públicos, seja do nível municipal, estadual/distrital ou federal. Nesse último, elas representam apenas 38,7% do total de servidores, à medida que são 65% das empregadas domésticas, possuem a maior taxa de desocupação e, mesmo quando ocupadas, têm um nível elevado de sua população na informalidade.

Tais estatísticas refletem o fenômeno do racismo estrutural e suas reproduções no mercado de trabalho e nas demais esferas da sociedade, para além da misoginia. Essas problemáticas são responsáveis por impedir o acesso de mulheres negras a condições materiais que viabilizem sua ascensão social, colocando-as na maioria das vezes em condição de vulnerabilidade social e, não coincidentemente, na posição de principais usuárias dos serviços públicos de assistência social, saúde, educação, mobilidade, habitação, entre outros.

 

 

PROGRAMAÇÃO

Data: 19 de julho (sexta-feira)

Horário: 15h30 – 18h

Local: Teatro dos Bancários – EQS 314/315 BL A – Asa Sul, Brasília

 

Convidadas/os:

APRESENTAÇÃO CULTURAL

Lydia Garcia, artista, articuladora cultural e ativista

 

ABERTURA

Maria José Furtado, Secretária de Mulheres do Sindicato dos Bancários

Deputada federal Erika Kokay (PT/DF)

 

MESA “ESCRAVIDÃO NEGRA NO DF E ENTORNO”

Daiane Souza Alves, Secretária Executiva da Comissão da Verdade sobre a Escravidão Negra no DF e Entorno

Pastora Wall Moraes da Ruah (Waldicéia de Moraes Teixeira da Silva), Consultora em Educação da Comissão da Verdade sobre a Escravidão Negra no DF e Entorno

 

MESA “MULHERES NEGRAS NA GESTÃO DE POLÍTICAS PÚBLICAS DO DF”

Maura Lúcia, enfermeira da Secretaria de Saúde/DF;

Loyde Cardoso, educadora social da Secretaria de Desenvolvimento Social/DF;

Renata Parreira, professora aposentada da Secretaria de Estado de Educação/DF;

Alice Caetano, assistente social e ex-conselheira tutelar;

Cristiana Luiz, Coordenadora do Movimento Negro Unificado DF e Entorno;

Adelina Santiago, Coletivo Mulheres Negras Baobá.