Segunda palestra da Semana Pedagógica debateu Educação de Jovens e Adultos

O primeiro dia da Semana Pedagógica do Sinpro 2023 seguiu com a segunda mesa, realizada na noite de terça-feira 7 de fevereiro. O tema foi a Educação de Jovens e Adultos (EJA), e a expositora foi a professora Leila Maria de Jesus Oliveira, mestra e doutora em Educação, educadora popular, professora da SEEDF, pesquisadora e militante da Educação de Pessoas Jovens, Adultas e Idosas.

Cláudio Antunes, diretor do Sinpro, abriu o evento lembrando que atravessamos um momento delicado para a EJA, em que sua defesa se faz mais necessária do que nunca, uma vez que muitas turmas têm sido fechadas no DF. “O sindicato tem cobrado, porque o Estado está apático, não faz a busca ativa da população adulta que não concluiu seus estudos”, disse ele.

Nessa mesma direção, em sua exposição, Leila destacou que dados referentes aos últimos anos demonstram que o Estado sequer tem realizado o levantamento da demanda. Numa perspectiva histórica, a professora apontou que desde a construção de Brasília há iniciativas da sociedade civil e de indivíduos para responder a essa necessidade, logo, a demanda sempre existiu. “A demanda existe, mas as matrículas estão caindo”, apontou ela, mostrando dados de 2018 a 2022 que revelam que, nesse período, as matrículas caíram gradativamente de 44.559 para 30.141.

A professora Leila compartilhou informações e dados que coletou para sua pesquisa de doutorado, especialmente de análise da evolução histórica da educação de pessoas jovens, adultas e idosas trabalhadoras (EJAIT). Na pesquisa, ela encontrou que mesmo com um conjunto de iniciativas da sociedade política e da sociedade civil, essa movimentação não assegurou o acesso, a permanência e a continuidade de uma educação plena pra esse segmento.

Por tudo isso, Leila destacou a importância de se fazerem registros dos processos. “A classe trabalhadora sempre teve sua memória negada, sua história apagada. Os movimentos sociais fazem muito, mas é preciso registrar”, ela disse. “Qual a história da EJAIT na sua escola? Como e quando começou, por que começou? Certamente houve um movimento na comunidade, alguém lutando pra conquistar. E por que há o risco de fechar?”, provocou.

Combinada com a importância do registro, há, segundo ela, a importância de a escola conhecer e se relacionar com a comunidade em que se insere. Isso é fundamental para fortalecer a busca ativa. “Precisamos buscar essas pessoas também porque a tendência de uma família com baixa escolarização é que os filhos sigam nessa direção, achando que escola e educação não são pra eles”, lembra ela.

No DF, o Censo 2010 mostrou que a população com 15 anos ou mais era de 2.180.903, sendo que 761.013 dela era sem escolaridade ou sem ensino fundamental completo. Em 2021, a PDAD (Pesquisa por Amostra de Domicílios do DF) apontou que 4,2% da população com mais de 25 anos não tem escolaridade; 12,7% tem o fundamental incompleto; e 5,1%, o ensino médio incompleto. Outro dado revelador é que 7,5% da população entre 15 e17 anos não frequenta escola.

Por tudo isso, os desafios para o futuro têm muito a ver com a defesa da EJA no presente. Defender o PDE, em especial, as metas de 8 a 11; organizar-se nos movimentos e participar das atividades de valorização e defesa da EJA, como as do GTPA-Fórum EJA DF; e que as entidades, especialmente do movimento sindical, prestem muita atenção à pauta da educação dos trabalhadores e trabalhadoras.

 

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