Sabe por que tu não deu bola? leva reflexão antirracista a várias regionais
Um espetáculo com temática central que parte do racismo contra os diversos gêneros, como LGBTQIAPN+ e mulheres, além de retratar diversas formas em que colocam as pessoas pretas/negras em condição de subalternidade. Surgiu em 2022, de um trabalho entre o professor de artes Tiago Borges Leal e estudantes do CEM 804 do Recanto das Emas. “Sabe por que tu não deu bola?” cresceu e chega a várias regionais de ensino, com a linguagem do Teatro do Oprimido.
O título “Sabe por que tu não deu bola?” surgiu do comentário dos pais, que muitas vezes dizem aos filhos que sofrem algum tipo de racismo: ‘Ah, filho, não liga! Se você ligar é pior, pois eles vão continuar a te encher o saco!’.
“Então, lembramos das tantas vezes em que negros são ofendidos ao ouvirem que o cabelo é feio, que são pessoas sujas, macacos. E falamos: tem que dar bola, sim! É nesse momento que a dinâmica do Teatro do Oprimido funciona, pois a plateia se manifesta e traz depoimentos”, conta o professor Tiago.
Além de debater esta temática tão atual e necessária, o espetáculo traz um grande repertório musical, dando visibilidade aos artistas pretos brasileiros.
O espetáculo foi encenado pela primeira vez no auditório da escola por estudantes do CEM 804 do Recanto das Emas, o grupo Formigueiro de Teatro. “Percebemos a potência da mensagem, e resolvemos crescer”, lembra Tiago.
Em 2023, houve apresentações na EAPE, em cursos de formação de educadores e no festival de música negra na Ceilândia. Pela primeira vez, o espetáculo participou do Festival Estudantil de Teatro Amador – FESTA, recebeu nove indicações e duas premiações. O site do Sinpro registrou o ocorrido nesta reportagem.
“Recebemos troféu de destaque de melhor concepção musical e fomos eleitos melhor espetáculo pelo voto do público”, lembra o professor, orgulhoso. Ao final do ano, uma apresentação no Teatro de Águas Claras com lotação esgotada.
O ano seguinte trazia um pequeno problema: os atores e atrizes que, em 2022, estavam no primeiro ano do ensino médio, iriam se formar no ano de 2024. Tiago teve uma ideia: “vou buscar recursos do Fundo de Apoio à Cultura do DF. Também houve apresentações na EAPE, no Festival de Música Negra da Ceilândia, e mais uma apresentação no Teatro de Águas Claras. “Participamos também do primeiro evento de consciência Negra do DF, na torre de TV, ao lado de artistas como Seu Jorge e Olodum. Foi inesquecível”, lembra Tiago. O Grupo formigueiro de Teatro recebeu homenagem da administração regional de Recanto das Emas.
Em 2025, o espetáculo é contemplado com o apoio do FAC-DF, e o grupo Formigueiro de Teatro, agora composto por ex-alunos e um aluno do CEM 804, segue para apresentações em três Regionais de Ensino: Recanto das Emas (no CEM 804), Samambaia (no CEF 20 e no Cem 309) e no Riacho Fundo II (no CED 01). “Buscamos fazer sempre três apresentações em cada regionais, duas de manhã e à tarde, para estudantes das escolas públicas, e uma terceira sempre à noite, para a comunidade local”, lembra o agora diretor-geral do projeto.
Com o apoio do FAC-DF, foi possível remunerar o elenco e toda a equipe de produção. “É um projeto composto por várias pessoas, a maioria mulheres. O apoio do FAC-DF foi muito importante, mas também preciso destacar o apoio de todas as regionais de ensino envolvidas nas apresentações’, aponta Tiago.
