Reivindicações de trabalhadores da Eletrobras rebate política privatista de Temer

O Conselho Nacional dos Eletricitários (CNE) – que representa mais de 21 mil trabalhadores – entregou nessa terça-feira (6) a pauta de reivindicações à representação da Eletrobras. O documento, composto por mais de 50 itens, abrange pontos de valorização econômica, mas a principal luta da categoria neste ano é pela garantia do emprego e contra a privatização da empresa.
“Estamos sofrendo uma série de ataques, com demissões em massa constantes. Além disso, corre paralelo no Congresso Nacional, o projeto de lei de privatização da estatal. O ‘start’ nesse processo foi dado ontem (6/2), quando o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, determinou a criação de uma comissão especial para discutir o PL, de forma conclusiva (sem passar pelo Plenário)”, disse a dirigente do Stiu-DF, Fabíola Latino Antezana. O Sindicato representa os urbanitários no DF e compõe o CNE.
Entre as cláusulas econômicas, os eletricitários reivindicam reajuste salarial no índice do IPCA (a ser definido em abril, já que a data-base da categoria é em 1º de maio) e ganho real baseado na média de consumo de energia nos últimos três anos.
Na avaliação da dirigente do Stiu-DF, o processo de negociação será, no mínimo, “complicado”. “Pela primeira vez, a Eletrobras contratou para o processo de negociação um escritório de advocacia – e sem processo licitatório –, o que indica uma indisposição da empresa em atender nossas reivindicações”.
Força-tarefa
Fabíola Antezana diz que a luta contra a privatização da Eletrobras – que geraria prejuízos não só aos trabalhadores, mas, principalmente à população – é intensa. Segundo ela, desde o ano passado, com o anúncio de intenção de privatização, feito pelo golpista Michel Temer, foram criadas várias frentes em defesa da Eletrobrás. “Além da criação das frentes que são integradas também por parlamentares, realizamos mais de 30 audiências públicas na Câmara no Senado sobre os prejuízos da privatização e corremos todos os estados falando sobre o tema. Se formos somar as visitas a estados e municípios, foram mais de 300 audiências”, afirma.
Na contramão do que exigem os trabalhadores, será realizada nesta quinta-feira (8/2) uma assembleia de acionistas para decidir um modelo para a privatização de seis distribuidoras de energia da Eletrobras que atuam no Norte e Nordeste. “Vão decidir se essas empresas serão vendidas ou se serão simplesmente liquidadas, ou seja, extintas”, explica a dirigente do Stiu-DF.
Comissão
A comissão especial que avaliará o PL da privatização da Eletrobras será presidida pelo deputado Hugo Motta (MDB-PB) e o relator será José Carlos Aleluia (DEM-BA). Agora, os partidos têm um prazo para a indicação dos outros membros da comissão. Apesar da criação, ela deve ser instalada e iniciar os trabalhos após o Carnaval. A intenção de tornar a análise do PL conclusiva também será questionada pela oposição, que pode obrigar a tramitação pelo plenário a partir de um requerimento com 51.