Reforma do ensino médio tenta acabar com o pensar social do estudante

Em tempos de desrespeito à democracia e tentativa de censura ao professor (Lei da Mordaça), a discussão voltada para a ideologização do ensino entrou na pauta do governo de Michel Temer (PMDB). Nesta quinta-feira (22) o governo golpista de Temer enviou para o Congresso Nacional uma Medida Provisória (MP) que altera o currículo, a carga horária e os eixos programáticos do ensino médio.
Com o argumento de “falência do ensino médio brasileiro”, o ministro da Educação, Mendonça Filho, propõe, com a MP, uma forma de acabar com o pensar social do estudante, já que no bolo das “mudanças” consta a retirada de Artes, Sociologia, Filosofia e Educação Física da grade curricular. Ao estreitar a formação básica e retirar disciplinas que dão a oportunidade do estudante a pensar e debater a importância da construção do ser social, o governo antecipa a entrada do estudante na formação profissional com prejuízo para aquela formação básica.
Além de todo prejuízo na formação ideológica e social do estudante, o projeto do governo Temer visa, ainda, uma profunda fragmentação do ensino médio em um conjunto de terminalidades após o primeiro ano de estudos. Esta estratégia vai incrementar a segregação escolar, permitindo apenas que os jovens de maior poder aquisitivo escolham aquelas terminalidades que dão acesso, de fato, ao ensino superior, incentivando o estudante de baixa renda a procurar o mercado de trabalho. No bojo da Medida Provisória ainda consta um modelo de “escola em tempo integral”, ponto totalmente diferente ao modelo de “escola de educação integral”, manobra que trará mais uma dificuldade para o estudante de baixa renda, já que trabalha durante o dia.
Segundo a diretora do Sinpro Berenice Darc, a reformulação do currículo e a retirada de disciplinas que ajudam no pensar e na formação social e cidadã do estudante é uma forma de promover uma espécie de segregação escolar. “É muito importante você dar um foco especial em matérias como Filosofia, Sociologia e Artes, já que são disciplinas que ajudam no pensar e na construção do ser social, e é exatamente isto que o governo quer. A intenção é retirar as disciplinas que discutem mais a relação do cidadão com a sociedade e com o mundo”, analisa Berenice.
A diretora ainda comenta que além de não surtirem os efeitos necessários para a melhoria do ensino médio, estas mudanças vão colaborar apenas para a construção de bons trabalhadores para o mercado de trabalho e não para o mundo do trabalho. “É a classe trabalhadora sendo formada para o comércio, para o interesse do mercado. Há muitos anos o Sinpro luta por uma educação que forme um ser social que colabore para transformar o mundo do trabalho e não para ser mero reprodutor para o mercado de trabalho”, afirma.
O Sinpro é totalmente contrário à reforma do ensino médio por analisar que as mudanças propostas pela MP afetam a formação social do estudante e não apresentam as melhorias que realmente precisamos. A escola pública necessita de investimento, da contratação de professores(as) e orientadores(as) educacionais e de estrutura para que possamos ter uma educação pública de qualidade e de estudantes que, além de futuros bons profissionais, sejam cidadãos engajados com uma sociedade justa e igualitária.