Rádio Sinttel – Sinpro debate a educação pública e medidas necessárias para o setor

A diretora do Sinpro Luciana Custódio foi a convidada especial da Rádio Sinttel desta sexta-feira (14), programa criado pelo Sindicato dos Trabalhadores em Telecomunicações do DF, e a pauta não poderia ser outra: a mobilização dos(as) professores(as) e orientadores(as) educacionais por reajuste salarial. Durante o programa a sindicalista também abordou temas caros à categoria, exemplo da luta por melhores condições de trabalho nas escolas públicas do DF; a onda de violência praticada por terroristas em várias unidades escolares do país; além de assuntos ligados à educação pública da capital federal e do Brasil.

Um dos assuntos mais comentados e divulgados nos últimos dias, a onda de atentados praticados dentro das escolas, foi um dos pontos comentados, e respondeu de forma enfática: é preciso investir na educação. “O Brasil tem sido palco de notícias com uma realidade dramática, infelizmente, e temos denunciado isto há muito tempo. É preciso investir na educação. Um país que não investe na educação condena seu povo às mais variadas formas de violência, como presenciamos agora casos recorrentes de violência nas escolas. Toda esta realidade dramática que a gente vive é resultado, é sintoma de uma ausência do Estado com relação à importância e à urgência de investimento na educação pública, e falar em investimento na educação é falar, também, em investimento nos profissionais que nela atuam”.

Para Luciana, tudo que presenciamos hoje está relacionado à legitimidade do discurso de ódio, difundido pelo governo Bolsonaro. “Temos que avaliar esta situação inserida a um contexto que o Brasil viveu nos últimos anos, que é o da legitimidade do discurso do ódio, da intolerância às diferenças, de todas as violências contra todas as formas de violência. Então, esta legitimidade do discurso do ódio, obviamente, rescaldou também na escola, porque se tem violência na escola é porque tem violência na sociedade em que a escola está inserida. A escola não se dá de forma separada da sociedade”.

Questionada sobre a militarização de escolas públicas e se o mecanismo funciona, Luciana foi taxativa: não resolve. “É um engano, é potencializar toda prática de violência no interior da escola querendo transforma-la em mini quartéis. Você segregar policiais reformados, ou seja, que não estão aptos para atuar dentro das suas corporações, para atuarem dentro das escolas sem o preparo pedagógico necessário é um crime, sobretudo contra aquelas comunidades que vivem em áreas de vulnerabilidade social”.

Luciana também lembrou que a rede está com defasagem de professores(as) e orientadores(as) educacionais, fato que prejudica o aprendizado. “Hoje, na rede pública de ensino, nós temos dois terços de professores que atuam em sala de aula em regime de contratação temporária. Eles exercem a mesma função, tem a mesma qualificação, tem a mesma formação, mas possuem as relações de trabalho precarizadas e alta rotatividade, porque não cria vínculos. O orientador educacional, que é um especialista, tem um quadro totalmente defasado. A lei exige 700 estudantes por profissional e, infelizmente, estamos longe disto”.

A diretora lembrou que dia 26 de abril a categoria tem nova assembleia geral, com indicativo de greve, e afirmou que a pauta não gira somente em torno do aumento salarial dos(as) educadores(as). “Não lutamos só por aumento de salário. Na primeira assembleia do ano passado, as pautas eram a construção de novas escolas, a política da educação inclusiva para que os estudantes com deficiência tenham condições favoráveis à aprendizagem, contratação de monitores. Fazemos a defesa da educação pública, mas é preciso entender que valorizar a educação pública, para que o filho do trabalhador tenha direito a uma educação de qualidade, é também valorizar os profissionais”.

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