Protesto em defesa da soberania do Brasil reúne CUT e movimentos populares em SP

Na manhã desta sexta-feira (1º), trabalhadores e trabalhadoras tomaram as ruas em várias cidades do país em protesto contra a tarifa de 50% imposta pelos Estados Unidos a produtos brasileiros e as constantes tentativas de interferência do presidente estadunidense Donald Trump nas decisões do judiciário brasileiro. A manifestação foi organizada pela CUT, demais centrais sindicais e os movimentos que integram as frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo, e com o apoio da AFL-CIO, maior central sindical dos Estados Unidos.
O ato principal aconteceu em São Paulo, em frente ao consulado dos Estados Unidos no bairro de Santo Amaro, reunindo centenas de pessoas, entre dirigentes sindicais, partidos progressistas, movimentos estudantis e movimentos sociais. Com faixas e palavras de ordem e frases como “fora Trump”, “em defesa da soberania” e “prisão para os gopistas”, os manifestantes denunciaram a tentativa de interferência de Trump na soberania brasileira e cobraram a prisão dos golpistas envolvidos nos ataques de 8 de janeiro.
A manifestação teve início com o canto coletivo de “Sou brasileiro, com muito orgulho, com muito amor”, e seguiu com falas políticas de lideranças sindicais e populares. O ato denunciou as chantagens que fazem parte da decisão de Trump, que condiciona a suspensão da tarifa ao fim da ação por tentativa de golpe de Estado no Brasil contra Jair Bolsonaro que tramita no Supremo Tribunal Federal, instituição que também tem sido alvo da perseguição de Trump.
O tarifaço, que já foi flexibilizado e adiado para 6 de agosto, foi considerada uma grave interferência na soberania do país, além de um desrespeito às relações comerciais e diplomáticas entre os países.
O secretário de Administração e Finanças da CUT, Ariovaldo de Camargo, representou a Central no ato e reforçou o caráter unitário da mobilização. Segundo ele, o protesto surgiu da juventude e foi rapidamente abraçado pelas centrais sindicais em defesa da soberania nacional.
“Nós estamos aqui hoje num ato chamado inicialmente pelo movimento estudantil e que foi rapidamente incorporado por todas as centrais sindicais por entenderem a importância da defesa da soberania do país. Os verdadeiros patriotas são aqueles que constroem essa nação no dia a dia, nas escolas, nas fábricas e nos serviços públicos”, afirmou.
Ariovaldo também criticou as tentativas de ruptura democrática nos últimos anos. “Podemos ter diferenças sobre o governo, mas há que se ressaltar que a democracia vive nesse país. Aqueles que atentaram contra ela em 8 de janeiro de 2023 terão que ser severamente condenados. A classe trabalhadora esteve unida em 2022, continua unida em 2025 e estará em 2026 para impedir qualquer retrocesso”, disse o dirigente.
Ariovaldo de Camargo | Foto: Roberto Parizotti
Entre os manifestantes, a pauta da soberania também foi destacada. Ricardo Botto, 19 anos, universitário e integrante dos coletivos Para Todos e Alvorada, disse que o ato é uma resposta à histórica submissão do Brasil aos interesses estrangeiros.
“Esses ataques sempre existiram, mas agora ficaram explícitos com a tentativa de Trump de interferir no nosso Judiciário e impor tarifas. O Brasil não é um país pequeno. Temos riquezas, população e força econômica. Não podemos continuar sendo capacho dos Estados Unidos e da Europa.”
Iraci Santos, 65 anos, moradora do bairro Vila Mariana e influenciadora nas redes sociais, também criticou a medida dos Estados Unidos.
“Nós somos um país soberano. Trump só voltou atrás porque o tarifaço estava prejudicando mais o país dele do que o nosso. Não é que ele é bonzinho, é que a pressão do povo falou mais alto. E ele não tem que meter a colher no nosso Judiciário.”
Iraci Santos | foto: Walber Pinto
Além do repúdio à política tarifária dos EUA, os protestos também levaram às ruas outras bandeiras da classe trabalhadora e dos movimentos populares. Entre elas:
- Fim da escala 6×1
- Isenção do imposto de renda para salários de até R$ 5 mil
- Taxação dos super-ricos
- Redução da jornada de trabalho sem redução de salário
- Rejeição ao projeto que flexibiliza o licenciamento ambiental
- Combate à pejotização irrestrita
- Cessar-fogo imediato em Gaza e ajuda humanitária ao povo palestino
Além de São Paulo, atos ocorreram em cidades como Brasília, Salvador, Recife, Porto Alegre, Belo Horizonte, Manaus, Florianópolis e Joinville.
Fonte: CUT