Propina em nome de Deus – Educação perde com esquema de corrupção no MEC

O enredo de corrupção envolvendo o ex-ministro da Educação Milton Ribeiro, o governo federal e líderes de igrejas evangélicas ganhou um novo capítulo esta semana. Em entrevista à grande mídia, o empresário do setor da construção civil, Ailson Souto da Trindade, que é candidato a deputado estadual no Pará, afirmou que o ex-titular do MEC permitiu que pastores negociassem obras em escolas federais em troca de propina. Segundo a denúncia, Ribeiro permitiu que os lobistas (pastores) negociassem 5 milhões para reformas em igrejas.

Em áudio, o empresário afirma que todo esquema tinha como objetivo fechar contratos de obras federais de escolas em troca de reformas de igrejas dos pastores. Ailson ainda revela que a propina, em dinheiro vivo, deveria ser escondida na roda de uma caminhonete que seria levada de Belém (PA) até Goiânia (GO), onde está a sede da igreja dos pastores. O empresário é a 12ª pessoa a relatar esquema de corrupção no MEC.

Em entrevista, Trindade afirma que ouviu o então ministro Milton Ribeiro dizer, no início do ano, que obras públicas em escolas federais estariam garantidas a ele em troca de “ajuda” na construção de igrejas dos pastores, além do repasse de R$ 5 milhões em dinheiro vivo. O escândalo de corrupção dentro do Ministério da Educação resultou na prisão do ex-ministro e dos dois pastores após explodir o escândalo do “gabinete paralelo” no MEC, que era controlado por Gilmar e Arilton para facilitar o acesso à pasta. Prefeitos relataram que os pastores cobravam propina em dinheiro, compra de bíblias e até em ouro para liberar verbas e acesso ao ministro. Importante lembrar que toda investigação, que tramita sob sigilo no Superior Tribunal Federal (STF), tem indícios de interferência do presidente Jair Bolsonaro.

 

Educação é prejudicada

Enquanto verba pública do MEC é desviada em barras de ouro, dinheiro em bíblia e dinheiro dentro de pneus, a educação é brutalmente prejudicada. Segundo a Andifes, 88% das universidades federais têm prejuízos com o corte recente de 7,2% no orçamento anunciado pelo governo Bolsonaro. Em outras palavras, estão bloqueados R$ 1,6 bilhão, o que torna crítica a situação das autarquias. Além disso, Bolsonaro travou R$ 434 milhões para obras em mais de 1.700 escolas, a educação é golpeada com a lei que limita o ICMS dos combustíveis e Bolsonaro esvazia a fonte que garante recursos para o ensino nos estados.

Para o Sinpro, o desmonte e a falta de investimentos na Educação fazem parte de projetos do governo federal. Desde o início do mandato de Jair Bolsonaro, o que percebemos é a falta de metas para alfabetizar crianças; perda de recursos para o Ensino Básico; esvaziamento do Enem; a possibilidade de ingressar na universidade foi arrancada daqueles(as) que sonhavam em fazer curso superior para ter alguma chance de alcançar melhores condições de vida; a imposição de se transformar unidades escolares em escolas militarizadas; além, claro, do desvio de recursos do MEC para a corrupção.

Toda esta artimanha projetada pelo atual governo federal tem como objetivo criar o silêncio, a obediência, o atraso, a corrupção e, sobretudo, a perpetuação das vantagens de quem sempre teve muito. A educação e o povo brasileiro merecem respeito!

Confira abaixo o áudio do empresário Ailson Souto delatando todo o esquema de corrupção:

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