Professores(as) retornam às escolas nesta quinta (19) com calendário arbitrário e sem receber as férias

Os(as) professores(as) retomam suas atividades pedagógicas nesta quinta-feira (19) sem receber o abono de férias e com um calendário escolar imposto pelo novo Governo do Distrito Federal (GDF) que traz uma série de prejuízos para a comunidade escolar. O ano letivo começa na segunda-feira (23/2) com paralisação da categoria e uma assembleia às 10h na Praça do Buriti.
O GDF justificou a alteração arbitrária no calendário com o argumento de fazer reformas nas escolas. O secretário de Educação, Júlio Gregório, anunciou na imprensa que se tratava de obras invisíveis. O fato é que os(as) professores(as), os(as) estudantes e toda a comunidade escolar começam o ano com um calendário ruim porque, dentre outros motivos, encerra o ano letivo depois do Natal de 2015, no dia 29 de dezembro, e reduz o período de recesso do meio do ano, época de seca em Brasília.
A reivindicação para o recesso do meio do ano ser maior vem de muitas décadas atrás. No fim da década de 1970, estudantes e suas famílias, bem como os(as) professores(as) das redes pública e privada, reivindicavam o aumento desse recesso por causa das intensas secas da região. Várias vezes o GDF e escolas privadas tiveram de suspender aulas no meio do ano por causa da estiagem e da intensa falta de umidade no ar.
O calendário escolar da rede pública do Distrito Federal jogado no lixo pelo novo governo, e que desde 2007 tem sido democraticamente construído com a comunidade escolar, sempre levou em consideração o período suficiente para o governo realizar obras visíveis e invisíveis nos prédios das 657 escolas públicas, bem como todos os outros ajustes infraestruturais e pedagógicos que favoreciam a escola, a categoria, o governo e a população usuária do serviço público de educação. Dava conta também de todas as reivindicações históricas da população brasiliense, como essa do período de recesso durante a seca do meio do ano.
Afinal de contas, era um calendário democrático, elaborado para atender às necessidades da comunidade escolar e para fortalecer o ensino público, gratuito, referenciado socialmente. Todavia, esse calendário deixou de existir por um capricho da Secretaria de Educação do Distrito Federal (SEDF) que, para justificá-lo, alegou haver obras invisíveis a serem feitas pelo GDF.
A categoria retorna estressada do período de descanso por causa dos atrasos nos pagamentos. Boa parte dos(as) professores(as) teve de se submeter a juros do sistema financeiro e pagar suas contas com dinheiro emprestado do BRB porque os direitos trabalhistas devidos não foram pagos. Agora, o governo impõe um calendário escolar oneroso para professores(as), estudantes e para as famílias que têm filhos em escola pública.
Diante dessa situação, o Sinpro-DF orienta cada professor(a) a observar se as obras invisíveis anunciadas pelo GDF foram realizadas nas escolas em que atuam e se elas justificam a mudança do calendário escolar. É preciso que cada professor(a), quando chegar na escola, identifique se a escola dele é uma dessas que motivaram a alteração de calendário escolar.