Professores do CED 11 de Ceilândia fazem busca ativa de estudantes da EJA

Na noite dessa quinta-feira (9), uma equipe de 30 professores(as) do Centro Educacional nº 11 de Ceilândia (CED 11) foi às ruas de Ceilândia para divulgar a Educação de Jovens e Adultos (EJA) e fazer, na prática, a busca ativa de estudantes. A panfletagem foi realizada em lojas, bares, paradas de ônibus, ruas e locais em que há trabalhadores e trabalhadoras com Ensino Médio incompleto e que desejam se matricular na EJA para concluir o ciclo educacional.

O Sinpro participou da panfletagem. Na avaliação do sindicato, o Governo do Distrito Federal (GDF) não está divulgando a EJA como deveria, e, com isso, demonstra o sucateamento diário e acelerado da educação pública. Para o Sinpro, essa fixação do GDF em excluir a classe trabalhadora do direito à educação tem sido uma prática constante e de várias formas. Uma delas é o fechamento da EJA em várias escolas. A pouca divulgação é parte desse projeto de demolição da educação pública.

“A panfletagem dessa quinta é um esforço conjunto dos servidores do CED 11 de Ceilândia, por meio da busca ativa dos estudantes da EJA, para garantir o ensino de quem não teve a oportunidade de estudar no período adequado e impedir o fechamento de mais turmas da EJA”, afirma Anderson Corrêa, diretor do Sinpro-DF.

O diretor da escola, Francisco Gadelha, mais conhecido como Kiko Gadelha, informa que os(as) professores(as) aproveitaram a Semana Pedagógica para realizar a panfletagem. Além disso, ele diz que, este ano, a escola está recebendo muita reclamação de estudantes dizendo que não conseguem fazer a matrícula nem pelo 156 e nem pelo site da EJA na página da Secretaria de Estado da Educação do DF (SEE-DF).

“Fizemos essa mobilização porque estamos com poucos estudantes matriculados na EJA. A gente é praticamente a única escola de Ensino Médio próxima ao Sol Nascente, onde a população é gigantesca e não há escola pública na região. Com essa política de redução da EJA, nosso público caiu de cerca de 600 estudantes em anos anteriores para 150 este ano”, afirma o diretor e professor de biologia Kiko Gadelha.

Os professores do CED 11 de Ceilândia colocaram o nome da escola nos panfletos da SEE-DF e o telefone para contato a fim de facilitar o acesso de quem deseja estudar. Ele também criticou o chamado Exame Nacional para Certificação de Competências de Jovens e Adultos (Encceja), um aligeiramento criado pelo governo Bolsonaro, para apressar e oferecer diploma de formação em Ensino Médio a pessoas que não cursaram o seriado.

Todo ano, o CED 11 de Ceilândia tem uma média de 600 a 700 estudantes na EJA. Este ano, para surpresa dos professores, foram materializadas apenas 150 matrículas. Além da falta de estímulo do GDF, outro fator de esvaziamento é o Encceja. “Esse exame foi o principal mecanismo de desestímulo que aconteceu nos últimos 2 anos. A prova aplicada tem o nível das provas da 4ª Série do Ensino Fundamental 01. Perguntam quanto é 1 mais 1, quem descobriu o Brasil. Acaba que quem faz a prova fica com um diploma sem qualidade”, afirma Gadelha.

O diretor observa que quem faz o Encceja e não faz o curso seriado na EJA não terá as competências necessárias para atuar no mercado de trabalho e nem condições de dar continuidade aos estudos em outras níveis da educação, menos ainda habilidades para ler, por exemplo, o resultado de um exame de laboratório. “O estudante que faz o Encceja não terá know-how que precisa no dia a dia”, finaliza.

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