Professores de SP mantêm greve, senhor governador
Quando alcançar 82 dias na próxima terça-feira (3), data da próxima assembleia marcada para às 14h, novente no vão livre do Masp, a greve se tornará a maior da história dos docentes paulistas. A categoria exige aumento de 75,33% nos salários e melhores condições na educação pública de São Paulo.
“A greve continua, senhor governador”. Dessa forma, junto aos gritos de “não tem arrego”, a presidenta da Apeoesp (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo), Maria Izabel Noronha, referendou a decisão quase unânime dos 20 mil educadores, segundo a direção do sindicato, reunidos na Avenida Paulista.
Antes de colocar em votação a continuidade da greve, Bebel ironizou a informação da Polícia Militar sobre o número de trabalhadores, apoiados por estudantes, presentes no local. “Quando é coxinha na Paulista, o ato vai pra 1 milhão. Nós que não temos catraca livre do metrô viramos 300 professores”, disse a sindicalista, em referência ao ato da direita no dia 15 de março pelo impeachment da presidenta Dilma Rousseff, que contou com acesso livre a uma das estações do metrô.
Para o vice-presidente da CUT São Paulo, Douglas Izzo, a greve é a demonstração da falência da educação no estado mais rico do país. “Defendo que continuemos firmes nesta luta. Não vamos admitir nenhuma retirada de direitos.”, apontou.
Professor temporário há quatro anos, Vinícius Spinelli é a demonstração de como o governo tucano trata a educaçao, com um modelo de contratação no qual não se sente reconhecido pela direção da escola, colegas de trabalho e alunos. “Fora a questão dos direitos porque um professor temporário, se der todas, as aulas conseguem ganhar R$1.700, enquanto o efetivo ganha R$ 2.200”, exemplifica.
Durante a assembleia, Bebel lembrou ainda que outros servidores paulistas tiveram, neste período de greve dos professores, ao menos o início das negociações com proposta de aumento salarial e questionou o motivo de o governador Alckmin escolher os educadores para travar uma queda de braço. “Quando havia crescimento econômico, não havia repasse aos nossos salários. Temos hoje uma situação de desvalorização profissional que leva os jovens a não quererem ser professores. A nossa luta é por uma educação pública de qualidade”, garante.
O professor de Geografia Marcio Henrique, do Paraná, estado onde o governo Beto Richa (PSDB) também massacra os educadores, esteve no ato em solidariedade ao movimento. “Tanto aqui como lá temos governos prepotentes que não têm qualquer compromisso com a classe trabalhadora”,
Com a experiência de quem já presidiu a CUT Nacional, o hoje presidente da Confederação Sindical Internacional (CSI), João Felício, ressaltou que não há conquistas sem deu departicipação das bases, com passeata e atos públicos. “Assim como os professores de São Paulo, todas as regiões do Brasil estão nas ruas contra o projeto de terceirização e a perda de direitos.”
Por volta das 17h, os professores seguiram em marcha em direçao à Praça da República, onde haverá um ato unificado do funcionalismo e dos movimentos sociais.