Papa Francisco critica o fim dos direitos sociais e trabalhistas e enfatiza a importância dos sindicatos

Em matéria publicada nessa quarta-feira (28), a Rádio Vaticano registrou o encontro do Papa Francisco com lideranças sindicais da Confederação Italiana dos Sindicatos dos Trabalhadores (Cisl), que estão reunidas em um congresso. No encontro, realizado antes da catequese, o Pontífice disse que “não existe uma boa sociedade sem um bom sindicato”. No seu discurso, ele partiu do tema em debate intitulado “Pela pessoa, pelo trabalho” e definiu como “míope” uma sociedade que obriga os idosos a trabalhar por muitos anos e uma inteira geração de jovens sem trabalho.
Confira aqui o áudio do encontro e o discurso do Papa.


Inspirada nas declarações papais e alinhada às lutas sindicais em todo o mundo contra as políticas neoliberais, a diretoria colegiada do Sinpro-DF reforça a convocação da categoria docente para participar com toda sua força da greve geral nacional desta sexta-feira (30) contra a reforma trabalhista, que, aprovada na CCJ do Senado Federal, nessa quarta, segue para votação em Plenário, e contra a reforma da Previdência.
Somente a greve geral de toda a classe trabalhadora irá barrar o avanço das reformas desumanas e o desmonte da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), idealizado para favorecer a empresários escravagistas e devedores contumazes do Estado. Apenas a greve e a unidade dos trabalhadores impedirão o surgimento de um futuro nebuloso e nefasto para as atuais gerações de trabalhadores que ingressam agora e ingressarão no futuro no mercado de trabalho. Confira a notícia da Rádio Vaticano e o discurso do Papa Francisco.
 

Profecia e inovação são desafios a serem vencidos se o movimento sindical deseja continuar com seu papel pelo bem comum, pontuou Francisco

Da Redação, com Rádio Vaticano
Não existe uma boa sociedade sem um bom sindicato: antes da catequese desta quarta-feira, 28, o Papa Francisco recebeu os delegados da Confederação Italiana dos Sindicatos dos Trabalhadores (Cisl), que estão reunidos em Congresso.
O discurso do Pontífice partiu do tema em debate: “Pela pessoa, pelo trabalho”. De fato, afirmou, pessoa e trabalho são duas palavras que podem e devem estar juntas. “O trabalho é a forma mais comum de cooperação que a humanidade gerou na sua história, é uma forma de amor civil”.
Francisco ressaltou que a pessoa não é só trabalho, também é preciso repousar, recuperar a “cultura do ócio”; é desumano os pais não poderem brincar com os filhos por falta de tempo. Para o Papa, crianças e jovens devem ter o trabalho de estudar e os idosos deveriam receber uma aposentadoria justa. “As aposentadorias de ouro são uma ofensa ao trabalho, assim como as de baixa renda, porque fazem com que as desigualdades do tempo de trabalho se tornem perenes”.
O Papa definiu como “míope” uma sociedade que obriga os idosos a trabalhar por muitos anos e uma inteira geração de jovens sem trabalho. Para isso, é urgente um novo pacto social para o trabalho e ele indicou dois desafios que o movimento sindical deve enfrentar e vencer se quiser continuar desenvolvendo seu papel essencial pelo bem comum: a profecia e a inovação.
A profecia é a vocação mais verdadeira do sindicato, explicou o Papa, é “expressão do perfil profético da sociedade”. Mas nas sociedades capitalistas avançadas, o sindicato corre o risco de perder esta natureza profética e se tornar demasiado semelhante às instituições e aos poderes que, ao invés, deveria criticar. Com o passar do tempo, o sindicato acabou por se parecer com a política, ou melhor, com os partidos políticos. Ao invés, se falta esta típica dimensão, a sua ação perde força e eficácia.
O segundo desafio é a inovação. Isto é, proteger não só quem está dentro do mercado de trabalho, mas quem está fora dele, descartado ou excluído. “O capitalismo do nosso tempo não compreende o valor do sindicato, porque esqueceu a natureza social da economia. Este é um dos maiores pecados. Economia de mercado: não. Digamos economia social de mercado, como nos ensinou São João Paulo II”.
Para Francisco, talvez a  sociedade não entenda o sindicato porque não o vê lutar suficientemente nos lugares onde não há direitos: nas periferias existenciais, entre os imigrantes, os pobres, ou não entende simplesmente porque, às vezes, a corrupção entrou no coração de alguns sindicalistas. Não se deixem bloquear. Francisco pediu mais empenho em prol dos jovens, cujo desemprego na Itália é de 40%, e das mulheres, que ainda são consideradas de segunda classe no mercado de trabalho.
Renascer das periferias
Habitar as periferias pode se tornar uma estratégia de ação, uma prioridade do sindicato de hoje e de amanhã, indicou o Papa. “Não existe uma boa sociedade sem um bom sindicato. E não há um bom sindicato que não renasça todos os dias nas periferias, que não transforme as pedras descartadas da economia em pedras angulares. Sindicato é uma bela palavra que provém do grego syn-dike, isto é, ‘justiça juntos’. Não há justiça se não se está com os excluídos”.
Confira a seguir os detalhes do encontro do Papa com dirigentes sindicais da Cisl
O discurso do Pontífice partiu do tema em debate: “Pela pessoa, pelo trabalho”. De fato, afirmou, pessoa e trabalho são duas palavras que podem e devem estar juntas. “O trabalho é a forma mais comum de cooperação que a humanidade gerou na sua história, é uma forma de amor civil”.
Cultura do ócio
Certamente, a pessoa não é só trabalho, também é preciso repousar, recuperar a “cultura do ócio”, “é desumano” os pais que não brincam com os filhos, disse Francisco. Crianças e jovens devem ter o trabalho de estudar e os idosos deveriam receber uma aposentadoria justa. “As aposentadorias de ouro são uma ofensa ao trabalho, assim como as de baixa renda, porque fazem com que as desigualdades do tempo de trabalho se tornem perenes.”
Novo pacto social
Francisco definiu como “míope” uma sociedade que obriga os idosos a trabalharem por muitos anos e uma inteira geração de jovens sem trabalho. Para isso, é urgente um novo pacto social para o trabalho e indicou dois desafios que o movimento sindical deve enfrentar hoje: a profecia e a inovação.
Profecia
A profecia é a vocação mais verdadeira do sindicato, é “expressão do perfil profético da sociedade”. Mas nas sociedades capitalistas avançadas, o sindicato corre o risco de perder esta natureza profética e se tornar demasiado semelhante às instituições e aos poderes que, ao invés, deveria criticar. Com o passar do tempo, o sindicato acabou por se parecer com a política, ou melhor, com os partidos políticos. Ao invés, se falta esta típica dimensão, a sua ação perde força e eficácia.
Inovação
O segundo desafio è a inovação. Isto é, proteger não só quem está dentro do mercado de trabalho, mas quem está fora dele, descartado ou excluído. “O capitalismo do nosso tempo não compreende o valor do sindicato, porque esqueceu a natureza social da economia. Este é um dos maiores pecados. Economia de mercato: não. Dizemos economia social de mercado, como nos ensinou São João Paulo II.
Mulheres e jovens
Para Francisco, talvez a nossa sociedade não entenda o sindicato porque não o vê lutar suficientemente nos lugares onde não há direitos: nas periferias existenciais, entre os imigrantes, os pobres, ou não entende simplesmente porque, ás vezes, a corrupção entrou no coração de alguns sindicalistas. Não se deixem bloquear. Francisco pediu mais empenho em prol dos jovens, cujo desemprego na Itália é de 40%, e das mulheres, que ainda são consideradas de segunda classe no mercado de trabalho.
Renascer das periferias
Habitar as periferias pode se tornar uma estratégia de ação, uma prioridade do sindicato de hoje e de amanhã, indicou o Papa. “Não existe uma boa sociedade sem um bom sindicato. E não há um bom sindicato que não renasça todos os dias nas periferias, que não transforme as pedras descartadas da economia em pedras angulares. Sindicato é uma bela palavra que provém do grego syn-dike, isto é, “justiça juntos”. Não há justiça se não se está com os excluídos.”
(from Vatican Radio)