Preocupações com início do ano letivo é ponto de debate em reunião do Sinpro com gestores

O Sinpro-DF realizou uma reunião na última semana com os(as) gestores(as) das escolas públicas do Distrito Federal e debateu, dentre outros temas, o início do ano letivo na rede pública de ensino. Espaço de escuta e de organização da luta por uma educação pública de qualidade, a reunião com os(as) gestores(as) busca atender aquilo que a escola, na sua autonomia, propõe para a educação do DF, enumerando dificuldades e apontando soluções.

Um dos pontos mais debatidos no encontro foi a questão do retorno presencial das aulas. O crescimento exponencial no número de contaminados pela Covid-19 no DF tem sido uma preocupação para o Sinpro e para as equipes gestoras. Em comparação com o início do ano, a média de casos aumentou mais de 700%, aumento fomentado principalmente pela variante Ômicron, menos letal e mais contagiosa.

Para o Sinpro-DF, o fato do Governo do Distrito Federal dizer que as aulas começarão, de qualquer forma, 100% presencialmente no dia 14 de fevereiro é prematura e preocupante. “Precisamos analisar e debater isto com carinho e muita atenção, afinal de contas estamos lidando com vidas, e vidas importam muito”, salienta a diretora Rosilene Corrêa.

Durante a reunião também foram debatidos a indefinição de revisão da Lei de Gestão Democrática; o novo ensino médio; o financiamento da educação; o período de eleições para as escolas; a participação dos(as) professores(as) temporários(as) na Semana Pedagógica; a campanha salarial da categoria; a distribuição de turmas; a necessidade de concurso público para a rede, dentre outros pontos. Apontamentos frequentes do Sinpro são debatidos constantemente pela comissão de negociação com o GDF.

De acordo com a diretora do Sinpro Luciana Custódio, a categoria terminou 2021 com muitas dificuldades organizativas, e o debate tanto com os(as) gestores(as) quanto com a categoria é fundamental para fomentar o protagonismo e encontrar soluções para todas as dificuldades. A diretora ainda comenta que questões como a portaria de distribuição de turma, a portaria de atuação e a demora na publicação trouxeram problemas que poderiam ter sido contornados com um debate do governo com o sindicato e com a categoria. “A Secretaria de Educação tem descumprido esta metodologia, que nós conquistamos através da luta, que é do diálogo com a comissão de negociação do Sinpro para a construção das normativas para a orientação do ano letivo seguinte. Tem sido feita de forma atropelada, porque a estratégia de matrícula não teve nenhuma discussão com o Sinpro, que é o representante legítimo da categoria e que representa as escolas junto à Secretaria de Educação. Lamentamos a SEE não ter sentado para discutir um plano de retorno que seja capaz de apontar a construção de um projeto para recuperar o nível pedagógico perdido durante a pandemia. Não tivemos, por parte do governo, este cuidado”, lamenta.

 

Campanha de vacinação

A diretoria do Sinpro apresentou a campanha Escola não é lugar de ter medo. Vacinação infantil já!, que tem como objetivos reforçar o dever do Estado na ágil imunização do público infantil apto a ser imunizado contra o Coronavírus e, ao mesmo tempo, incentivar mães, pais e responsáveis por crianças de 5 a 11 anos a levarem os pequenos para se vacinar. Atualmente, as escolas públicas do DF têm matriculadas 173.087 em Jardins de Infância, Centros de Educação Infantil e CAIC, onde o público é justamente o de crianças de 5 a 11 anos, aptas à vacinação contra a covid-19. Já as creches e pré-escolas têm o total de 47.654 estudantes de 0 a 5 anos, que, majoritariamente, não estão aptas à imunização contra o vírus. O sindicato pede que cada professor(a) e orientador(a) educacional seja parceiro dessa campanha e incentive os(as) alunos(as) a se vacinarem.

Também foi discutida a questão do Programa de Descentralização Financeira e Orçamentária (PDAF), uma vez que até o momento não foi publicada nenhuma portaria ou qualquer sinalização sobre o PDAF para as escolas, fatores que prejudicam muito a administração das escolas para o ano letivo. Ligado a isto, é preciso que a SEE faça um protocolo de prestação de contas, um caminho a ser dado para cada gestão, da ciência da unidade executora, uma vez que uma das grandes preocupações dos(as) gestores(as) é em relação à prestação de contas.

A organização do ano letivo é de extrema importância para o trabalho dos(as) professores(as) e orientadores(as) educacionais; para que os(as) alunos(as) tenham um bom rendimento, com o repasse do conteúdo pedagógico; além de traçar as estratégias para as lutas que estão por vir. “Nossa função como educadores é ensinar, orientar, e para isto precisamos nos organizar. Toda esta organização deve ser feita de forma conjunta entre a categoria, o governo e a comunidade escolar, e é isto que temos lutado. Teremos um ano difícil pela frente, principalmente devido à pandemia, mas não nos curvaremos diante das dificuldades, pois nossa meta é oferecer uma educação de qualidade para todos e todas”, analisa a diretora Rosilene Corrêa.

O diretor Macário dos Santos Neto, do Centro de Ensino Médio 1 do Gama, ressaltou a preocupação com o novo ensino médio, pois como o próprio nome diz, é novo e muitos(as) tem dificuldades em entender esta questão devido à falta de informações. “Não sabemos o tempo de aula que teremos devido à pandemia, não foi definido o número de alunos por sala de aula e estamos há menos de um mês de iniciarmos as aulas. É preocupante porque ainda não temos estes dados para que a escola possa se planejar”, salienta o professor, lembrando que há décadas o governo não constrói uma única escola de ensino médio no Gama, “ponto que dificultará muito o nosso trabalho devido à demanda de alunos e por conta da questão da infraestrutura”.

Já o professor Wellington Cardoso, do CED 1 do Guará, reforçou a importância de fortalecermos o Sinpro. “O Sinpro precisa ser fortalecido, tendo em vista uma campanha existente para desmobilizar as instituições que representam os trabalhadores. É imperativo fortalecimento da nossa instituição, porque é ela que sempre está do nosso lado e não vou abrir mão dessa campanha dentro da escola”. 

Assim que a categoria voltar de suas férias o Sinpro organizará momentos junto aos(às) professores(as), orientadores(as) e com toda a categoria para traçar e debater todos os desafios que estão por vir.

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