Por ordem do STF, polícias agem para acabar com arruaça de bolsonaristas em rodovias

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Portal CUT – Escrito por: Redação CUT/Texto: André Accarini e Concita Alves | Editado por: Marize Muniz

 

Mesmo após a determinação do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Morais, nesta segunda-feira (31), para que a Polícia Rodoviária Federal (PRF) agisse para dispersar os atos de arruaça de apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL), que contestam o resultado democrático das urnas e que elegeu Luiz Inácio Lula da Silva (PT), ainda há 260 pontos de bloqueios em rodovias em pelo menos 21 estados brasileiros. 

Em nota, a Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transporte e Logística (CNTTL-CUT) contesta a afirmação de alguns manifestantes de que o movimento partiu de caminhoneiros e aponta que pode ter havido a participação de grupos que defendem intervenção militar, incitando eleitores mais exaltados a promoverem tais atos. É “falsa alegação de que a manifestação é dos caminhoneiros”, diz a entidade. 

“Os caminhoneiros autônomos e celetistas são vítimas desses bloqueios, uma vez, que esses grupos contrataram fretes de caminhões caçambas com pedras e terras para dificultar a passagem nas rodovias, fato que se configura crime”, diz trecho da nota assinada pelo presidente da entidade, Paulo João Eustasia.

Em nota, CUT e centrais sindicais destacam que o movimento sindical não aceitará provocações e radicalismos e reforçam a importância do Congresso Nacional e do STF na busca de soluções republicanas.

Silêncio e desordem

A desordem nas estradas ocorre paralelamente ao silêncio sepulcral de Bolsonaro, primeiro presidente derrotado a não se pronunciar logo após o resultado do pleito, desde 1989, quando foram realizadas as primeiras eleições após a ditadura militar (1964-1985).

A dura e firme decisão do STF contra a baderna

A decisão de Moraes sobre os atos ilegais nas estradas foi referendada pelos demais ministros da Corte, em sessão virtual na madrugada desta terça-feira (1°). Acompanharam a decisão os ministros Luís Roberto Barroso, Edson Fachin, Gilmar Mendes, Cármen Lúcia, Rosa Weber e Dias Toffoli, formando maioria.

Além de ordenar à PRF e polícias militares “para que tomem as medidas necessárias e suficientes”, Moraes intimou o diretor-geral da PRF, o bolsonarista Silvinei Vasques, a agir, sob pena de multa de R$ 100 mil por hora, em caráter pessoal, e de ser afastado de suas funções, até de ser preso em flagrante, por crime de desobediência, “em face da apontada omissão e inércia da PRF”, Moraes também intimou diversas autoridades a tomarem providências.

Ainda nesta segunda-feira, o ministro da Justiça, Anderson Torres, determinou o reforço do efetivo de policiais federais para normalizar o trânsito nas rodovias. Pelas redes sociais, na manhã desta terça, o ministro informou que a PRF segue atuando “ininterruptamente no desbloqueio de estradas”.

 

Também pelo Twitter, a PRF informou que até o momento foram “desfeitas” 288 manifestações.

 

 

O Ministério Público Federal (MPF) também pediu explicações à PRF sobre providências adotadas para manter o fluxo nas rodovias. A subprocuradora da República Elizeta de Paiva Ramos pediu que a corporação também informe a relação completa de trechos bloqueados.

Ação

Em São Paulo, o governador Rodrigo Garcia (PSDB), em entrevista à imprensa, afirmou que, no estado, o uso da força será aplicado, se necessário. Durante coletiva na manhã desta terça, ele afirmou que a fase de diálogo foi encerrada e a PM fará intervenções efetuando até prisões, se necessário.

“Agora pela manhã, em virtude da decisão do STF, as negociações se encerraram e, a partir de agora, nós vamos aplicar o que determina a decisão judicial, iniciando com multas de R$ 100 mil por hora para cada veículo que esteja contribuindo com a obstrução, a partir daí fichando e eventualmente prendendo aqueles manifestantes que, porventura, resistirem a desobstruir as vias e, se necessário, o emprego de uso de força”, disse o governador.

Garcia ainda reforçou, na contramão do que incitam os arruaceiros que insistem em contestar as urnas, que a democracia será respeitada no estado. “As eleições acabaram, nós vivemos em um país democrático, São Paulo respeita o resultado das urnas e nenhuma manifestação vai fazer com que a democracia do Brasil retroceda (…) Aos vencedores, o mandato; aos perdedores, o reconhecimento da derrota”, disse.

Ainda em São Paulo, bloqueios no acesso ao Aeroporto Internacional, em Guarulhos, chegaram a  provocar cancelamento de voos, mas o local já foi liberado. As cenas registradas nas redes sociais mostraram passageiros tendo de seguir até o terminal a pé.

A dispersão no local ocorreu após a PRF ter de usar spray de pimenta nos manifestantes.

 

 

 

Revolta

Em vários locais a população, sentindo-se ferida em seu direito de ir e vir, já tem se rebelado contra os fascistas. Em Angra dos Reis, Rio de Janeiro, metalúrgicos se expuseram ao risco de violência dos bolsonaristas para desbloquear a via. Um ônibus dos trabalhadores chegou a a ser atacado com pedras.

 

 

 

Atos ilegais

O movimento dos apoiadores de Bolsonaro começou por volta das 19h de domingo, logo após o TSE proclamar a eleição de Lula como novo presidente da República. Orquestrado, a baderna teve início em regiões onde o atual presidente teve maioria dos votos, como o estado de Santa Catarina. Um dos protestos foi feito em frente a uma unidade das Lojas Havan, de propriedade de Luciano Hang, apoiador de Bolsonaro.

Um dos caminhões da Havan, que participava da balburdia, chegou a ficar preso no desnível da pista ao tentar bloquear a via, em Santa Rita, no Rio Grande do Sul.

 

 

Um levantamento feito pelo PortalCUT com os dados das cerca de 500 denúncias de assédio eleitoral no período pré-eleições mostra uma coincidência entre os locais onde mais houve bloqueios e a maioria das regiões onde houve ocorrências de assédio. São as regiões Centro-Oeste, Sudeste e Sul.

Prejuízos à sociedade

Nesta segunda-feira, empresas de transportes rodoviários chegaram a cancelar horários por causa dos bloqueios. A Via Dutra, principal ligação entre São Paulo e Rio de Janeiro também registrou bloqueios que atrasaram em mais de 10 horas as viagens dos ônibus. Muitas famílias ficaram mais de 15 horas paradas nas estradas, sem comida e sem água.

O setor empresarial que, em parte, apoiou o atual presidente, já começa a amargar prejuízos pelos protestos. Atrasos em entregas de produtos, no abastecimento de alimentos e de combustíveis já prejudicam operações.

Em várias cidades do Mato Grosso do Sul, Santa Catarina e no interior de São Paulo como Sorocaba e Ribeirão Preto foram registradas filas em postos de combustíveis porque os trabalhadores que temem o desabastecimento. 

No RN, PRF desbloqueia BR-101 e libera o trânsito na capital potiguar

Agentes da PRF trabalharam para conter a baderna e, na manhã dessa terça liberaram a BR-101 e as vias da capital potiguar, que estava ocupada por um pequeno grupo de arruaceiros.

O protesto começou em frente ao 16° Batalhão de Infantaria Motorizado do Exército, na movimentada Avenida Hermes da Fonseca.

Em Parnamirim, terceiro maior colégio eleitoral do RN e única cidade em que Bolsonaro venceu no estado, manifestantes realizaram bloqueio total da BR 101, nas primeiras horas da manhã dessa terça. Por volta das 8h agentes da PRF foram ao local para  restabelecer o tráfego e conter os manifestantes que estavam queimando pneus e fazendo barricadas na rodovia. Os policiais liberaram as vias de acesso na entrada da cidade e para os estados da Paraíba e Pernambuco.

Fonte: CUT