Ponte de Brasília agora se chama Honestino Guimarães

O Governo do Distrito Federal (GDF) substituiu a placa com o antigo nome da Ponte Costa e Silva para Ponte Honestino Guimarães nesta sexta-feira (28). O governador do DF, Rodrigo Rollemberg (PSB), sancionou a lei que rebatizou a estrutura nessa quinta-feira (27). Agora o monumento de Brasília, que homenageava o ditador e opressor Costa e Silva, presta as devidas homenagens à Honestino Guimarães, o líder estudantil da Universidade de Brasília (UNB) que lutou contra o regime militar, foi preso e humilhado, mas nunca desistiu da luta democracia brasileira e pela liberdade de expressão.
A aprovação do projeto de lei (PL 130/15), de autoria do Deputado Ricardo Vale (PT), representa uma vitória sobre os resquícios da ditadura militar, um período assombroso pelo qual o Brasil passou. “A CUT apoia toda ação que tenha como objetivo renomear homenagens injustas a ditadores responsáveis por mortes, prisões, torturas, perseguições”, diz Ismael Cesar, secretário de Política Social da Cut Brasília, um dos militantes que vem encabeçando há anos movimento para reconhecimento dos que lutaram contra a ditadura.
Em novembro de 2012, com ato simbólico, a CUT já manifestava seu apoio à causa. Representantes da Central e movimento social, entre os quais estava Ismael Cesar, afixaram o nome de Honestino Guimarães nas placas que indicavam o acesso à ponte e esticaram duas grandes faixas com os dizeres: “Honestino vive!” e “Honestino Guimarães, símbolo de liberdade”.
Quem foi Honestino
Nascido em Itaberaí, pequena cidade no interior de Goiás, o futuro militante Honestino rumou à Brasília com a família aos 13 anos, em 1960, onde escreveu uma história de luta pela democracia e resistência em tempos de tirania.

Em 1966 o então estudante foi eleito para o Diretório Acadêmico de Geologia da Universidade de Brasília (UnB). Em 1967, mesmo estando preso temporariamente, se elegeu presidente da Federação dos Estudantes Universitários de Brasília (FEUB). Em agosto de 1968, forças do exército e polícia política invadiram a UnB para cumprir mandados de prisão contra lideranças estudantis. Honestino foi arrancado da sede da FEUB e ficou preso até novembro.

Ainda em 1968, como punição por ter liderado a expulsão de um falso professor da UnB, foi desligado da universidade. Continuou coordenando encontros estudantis e, por sua incansável luta contra o regime militar, foi obrigado a viver cinco anos na clandestinidade até ser preso no Rio de Janeiro, em 1973, quando “desapareceu” nas mãos dos algozes. Sua morte só foi reconhecida oficialmente em 1996.

A Central Única dos Trabalhadores apoia a renomeação da ponte com homenagem a um dos maiores símbolos do combate à ditadura e reforça a necessidade da ação de entidades sociais para pressionar o governador a aprovar a medida.