PNE é a rota de navegação para a Educação resistir à crise

Estamos no meio de um mar revolto, com baixa visibilidade, ondas enormes que balançam a embarcação, e, de tempos em tempos, achamos que vamos afundar. A tripulação corre para todos os lados tentando compreender a situação e fazer algo. Desentendem-se a todo instante. Alguns ameaçam pular, outros pulam de fato.
Estamos assim em meio a um turbilhão de reviravoltas e crises múltiplas que se sobrepõem. Crises política, econômica, institucional e ética, quatro áreas absolutamente necessárias ao avanço das políticas educacionais. Em meio a essa tempestade, nunca foi tão importante nos mantermos na rota e contarmos com um plano de navegação que una a todos na direção certa.
Na educação, esse mapa de navegação é o Plano Nacional de Educação (PNE). Negá-lo e atacá-lo nesta hora é pouco republicano, uma vez que ele foi exaustivamente debatido, aprovado e incorporado à rotina de formuladores e gestores da educação. E também dos órgãos de controle que aferem a garantia da execução de políticas voltadas ao cumprimento das leis e dos direitos dos brasileiros, como o Ministério Público e os Tribunais de Contas.
A educação é um grande sistema que envolve políticas federais, estaduais e municipais, e a ação de escolas, educadores e famílias. São milhões de pessoas que fazem a educação no dia a dia, e, para que ela avance, é preciso uma base sólida. Ainda mais em momentos de grande turbulência como os que passamos. Manter o PNE como bússola é o que nos permitirá passar por esta tormenta sem deixar de focar no que é realmente necessário e urgente.
As crises múltiplas acabam dominando a pauta nacional. E as políticas estruturantes não podem sumir da agenda da sociedade e dos tomadores de decisão em função de, mais uma vez, buscarmos soluções imediatas. Ou deixarmos de avançar naquilo que é central e importante para termos um país forte, melhor distribuição de renda e desenvolvimento social e econômico para todos.
Nenhuma solução será sustentável a longo prazo se não enfrentarmos os desafios estruturantes que impedem que o Brasil seja mais justo, seguro, desenvolvido e equânime. E a base disso tudo está na educação. Precisamos entender, como sociedade, que investir nas pessoas garantirá um ambiente mais favorável no futuro, rompendo o ciclo de crises ao qual estamos presos há mais de quinhentos anos.
O impacto da crise política sobre a educação é o tema da mesa da qual participarei ​no dia 29 de junho, no 1º Congresso de Jornalismo de Educação. O jornalismo tem um papel de extrema importância para evitar que abandonemos o barco e saiamos nadando cada um para um lado. E pode fazer isso ao lembrar à sociedade brasileira e aos tomadores de decisão do país, por meio da pauta cotidiana, que há sim como construir um país melhor para todos.
*Priscila Cruz é presidente do Todos Pela Educação
(do Huff Post Brasil)