Pedagogia da resistência: um instrumento para o enfrentamento do racismo nas escolas

Em novembro de 2019, ninguém imaginava que o ano de 2020 seria uma tragédia anunciada, com todo tipo de aprofundamento de violências, principalmente as domésticas, raciais e até institucional, praticada pelo Estado neoliberal e um governo, que, propositadamente, não administra a crise sanitária da saúde na pandemia do novo coronavírus.

O resultado são centenas de milhares de mortes diárias, todas evitáveis. Num cenário lúgubre como este, ensejado pelas políticas neoliberais, em que a juventude não tem nem sequer uma promessa de futuro, a escola é o único local de resistência e, os coletivos que debatem as temáticas sociais, os espaços de fala dessa população.

O livro “Práticas pedagógicas de resistência – a escola como lugar de diversidade”, lançado em novembro de 2019, que apresenta a pedagogia como instrumento de enfrentamento do racismo, do fascismo neoliberal e da violência doméstica, é a novidade nesse contexto de crises. A obra é atual. Os crimes raciais e as violências contra as mulheres e a população LGBTQI+, que ocorreram em 2020, são a prova da contemporaneidade do livro.

O brutal assassinato do cidadão negro, João Alberto Silveira Freitas, dentro de uma loja do Carrefour, em Porto Alegre, na véspera do 20 de novembro deste ano, Dia da Consciência Negra, é um exemplo de violência racial que não permite que esta obra fique esquecida nas estantes virtuais.

A coincidência é que o livro foi lançado, virtualmente, nos últimos dias de 2019 pela Editora Fi, em Porto Alegre. Primeira editora brasileira de acesso aberto, voltada à publicação de textos acadêmicos de excelência, que traz um novo conceito em divulgação do conhecimento. Tanto é que o livro está à disposição do leitor e o acesso é gratuito. Basta clicar aqui para acessar o livro. Ou copiar e colar o endereço <https://www.editorafi.org/739praticas> no seu navegador.

A obra reúne oito artigos de professores(as) que participaram da VIII Semana de Reflexões sobre Negritude, Gênero e Raça (Ser Negra), em 2018, cujo tema foi “Descolonizar o feminismo”. O Ser Negra é um espaço de reflexões e luta com base na pauta da negritude, do feminismo e questões relacionadas a essas duas temáticas.

“Práticas pedagógicas de resistência – a escola como lugar de diversidade” foi organizada por Aldenora Conceição de Macedo e Jaqueline Aparecida Barbosa, professoras da Secretaria de Estado da Educação do Distrito Federal (SEEDF), ambas afastadas para doutoramento.

“Fomos coordenadoras da Sessão Temática (ST) do SERNEGRA, o que se tornou uma oportunidade de diálogo com professoras(es) que realizam um trabalho cotidiano com os temas da diversidade e que, a partir de relatos de experiência, apresentam os conflitos e complexidades da implantação desses debates na escola, assim como análises sobre a (re)produção das desigualdades no âmbito escolar”, afirma a professora Aldenora.

Ela diz que foi a partir desse debate que convidaram alguns(as) professores(as) e pesquisadores(as) para escreverem artigos sobre suas práticas pedagógicas. “Nossa intenção, ao propor a ST, foi a de reunir pessoas preocupadas com o tema, pois acreditamos que os diálogos, trocas de experiências, ideias e informações são, no momento político que vivemos, mecanismos de resistência na busca pelo direito à educação de qualidade”.

Aldenora e Jaqueline informam que “o livro é uma coletânea de ideias e ações que, colocadas em prática à revelia de todas as dificuldades enfrentadas pelas professoras e professores, configura-se como um potente material para ser observado e levado em conta pelas(os) colegas de profissão e, acima de tudo, como exemplo concreto de resistência docente e da insistência na educação como forma de liberdade”.

Conheça as professoras organizadoras da obra:

Jaqueline Aparecida Barbosa

Professora efetiva da SEEDF desde 2011, atua em sala de aula nos anos iniciais do Ensino Fundamental e, por um ano, esteve na coordenação pedagógica. No momento, está afastada para estudos, cursando doutorado em educação na Universidade Federal de Goiás (UFG), mesma instituição em que obteve o título de Mestra em Educação. Jaqueline também especialista em Gestão de Políticas Públicas em Gênero e Raça pela Universidade de Brasília (UnB). Sua formação inicial é pedagogia, cursada na Universidade de São Paulo (USP).

Link do currículo lattes: http://lattes.cnpq.br/6099072102493826
jaq.usp@gmail.com

 

 

Aldenora Conceição de Macedo

Professora efetiva da SEEDF, Aldenora é graduada em pedagogia e atual em turmas dos Anos Iniciais do Ensino Fundamental, tendo trabalhado ainda com Classes Especiais de Crianças com Deficiência Intelectual. Doutoranda em Educação pela UnB, ela é Mestra em Educação em Direitos Humanos e Cultura de Paz também pela UnB. É especialista em Gestão de Políticas Públicas em Gênero e Raça e especialista em Gestão Escolar, ambas pela UnB; é especialista em Direitos Humanos da Criança e do Adolescente e especialista em Educação para a Diversidade, Cidadania e Direitos Humanos, ambas pela UFG. Esteve lotada na Subsecretaria de Educação Básica, com atuação como assessora técnica e, por mais tempo, como gerente de Educação em Direitos Humanos e Diversidade. Função da qual se desligou há alguns meses para se dedicar ao doutorado em educação na UnB desde 2019.

Link do currículo lattes:  http://lattes.cnpq.br/2346184860773342

aldenora.acm@gmail.com

 

 

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