“Paulo Freire precisa estar presente na luta daqueles que defendem uma educação emancipatória”, avalia professor

2022 05 02 live jose paulino

O ciclo de lives da 23ª Semana Nacional em Defesa e Promoção da Educação Pública encerrou-se na última sexta-feira (29) com o debate “Paulo Freire Vive em cada Educador/a Brasileiro que Luta por Educação de Qualidade, no chão da Escola Pública”, desenvolvido pelo professor José Paulino, mestre em educação pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). A mediaçao foi de Guilherme Bourscheid, Secretário Executivo da CNTE.

De acordo com Bourscheid, o processo de educação que se tem hoje no Brasil é atacado brutalmente pela gestão neoliberal, em um projeto que se aproxima muito ao fascismo, articulado por uma rede de milicianos que coloca a educação em uma clareira onde todas as propostas e políticas públicas progressistas foram desmontadas. “Domina o mau-caratismo, a corrupção e o favorecimento daqueles que são amigos do grande capital”, avaliou.

Ele lembrou que, no Dia Nacional da Educação, o deputado Kim Kataguiri (União-SP) assumiu a presidência da Comissão de Educação da Câmara dos Deputados. “Nós vivemos um momento de ataques brutais à educação pública. Uma educação que deveria ter o cerne pela ciência, pelo domínio de políticas públicas para filhos e filhas da classe trabalhadora, onde o acesso e a permanência desses estudantes fosse, de fato, para construirmos um Brasil soberano”, afirmou.

José Paulino lembrou o início da vida profissional de Paulo Freire, em 1947, junto aos trabalhadores da indústria. “Ele já faz uma opção pela inclusão da classe trabalhadora, pelo processo de alfabetização, pelo combate ao analfabetismo”, explicou.

Dentro desse cenário, o professor mostrou que Paulo Freire foi idealizador de uma educação emancipatória. “Esse fato pode ser observado no movimento do Programa Nacional de Alfabetação de Adultos e, também, quando a gente lê toda a produção do início dos anos 70, 72, com a criação do serviço de extensão cultural da Universidade do Recife, hoje a Universidade Federal de Pernambuco. Já era uma intenção de transformar a universidade em um espaço do povo, uma universidade aberta para dialogar com os movimentos sociais e culturais do entorno”, continuou.

Segundo José Paulino, Freire também continuou sendo defensor de uma educação com prática de liberdade, como produtora de inclusão social, de autonomia e com o ato político de denunciar qualquer forma de discriminação. “Paulo Freire sempre respeitou a identidade cultural dos povos, das nações por onde ele passou. Por isso, e por tantas outras coisas, ele precisa estar presente na luta daqueles que defendem uma política pública, uma educação emancipatória na vida e dos educadores”, assegurou.

Foi também assim quando Paulo Freire retornou do longo período do exílio, período em que foi obrigado a deixar o país perseguido pelos pelas forças militares. “Ele disse que, quando voltou ao país, foi para repreender o Brasil. Porque ele não traz as ideias de fora para plantá-las aqui”, afirmou.

Confira a live completa a seguir:

 

Fonte: CNTE