NOVO RECUO: Bolsonaro anula mudanças em livros didáticos

Seguindo a linha constantemente demonstrada em seu governo, mais uma vez, o presidente Jair Bolsonaro (PSL) anunciou uma medida e a cancelou logo após a repercussão negativa.

O ministro da Educação Ricardo Vélez Rodríguez  anunciou pelas redes sociais o fim das alterações no edital do Programa Nacional do Livro Didático (PNLD) para a aquisição de livros que seriam entregues em escolas a partir de 2020.

“O ministro da Educação, Ricardo Vélez Rodríguez, decidiu tornar sem efeito o 5º Aviso de Retificação do edital do PNLD 2020, publicado no dia 2 de janeiro, tendo em vista os erros que foram detectados no documento cuja produção foi realizada pela gestão anterior do MEC”, diz a nota.

Publicadas no Diário Oficial da União em 2 de janeiro, as alterações vieram à tona nesta quarta-feira (9) e causaram polêmica. Isso porque, entre as mudanças determinadas estavam a não obrigatoriedade de revisão e da bibliografia, além da inclusão de publicidade de produtos e serviços. Outro ponto duramente criticado do documento é que não seria obrigatório incluir no material conteúdos sobre diversidade étnica brasileira.

O  PNLD, publicado originalmente em 2018, nada mais é de que um guia com orientações às editoras para prepararem os materiais didáticos que podem ser usados do 6º ao 9º ano do ensino fundamental nas escolas públicas. Os critérios do PNLD sempre foram extremamente rígidos,  motivo de elogios no meio, porém, se a mudança prevalecesse abriria-se uma brecha para inclusão de materiais de baixa qualidade, carregados de publicidade e sem o mínimo de diversidade cultural e étnica.

Para a diretora de Política Educacional do Sinpro-DF, Berenice Jacinto já era  esperado que a iniciativa fosse motivo de polêmica, uma vez que a mudança se concretizasse representaria mais um ataque brutal à diversidade e à pluralidade brasileira, pois excluiria e deixaria de representar diversos segmentos da sociedade. “Seria um retrocesso para nossa cultura porque os livros não expressariam nossa realidade e isso contribuiria ainda mais para o aprofundamento da desigualdade entre os povos, ao ignorar parte importante da nossa história que são o povo do campo, os negros e os quilombolas. Outro prejuízo seria o enfraquecimento da luta pela igualdade de gênero e combate à violência, um tema que é uma conquista recente e não pode ser extinto do currículo. Já esperávamos esse tipo recuo do governo ao ver que a repercussão seria tão negativa”, explica a diretora.

Com informações Revista Fórum