Nota da diretoria – ataque à creche Bom Pastor

Lamentar, ou atacar, ou condenar, ou repudiar o ocorrido na manhã desta quarta-feira numa creche em Blumenau é algo assombroso a se fazer. Ao se pensar só um pouco no que vamos escrever, percebemos como qualquer verbo usado para descrever o ocorrido é fraco e insuficiente para expressar o horror.

Antes de sermos dirigentes sindicais, somos mães, pais, familiares, responsáveis. Sabemos da rotina de deixar filhos e filhas numa creche para trabalhar. O assombro desta nota de diretoria começa ao nos colocarmos no lugar de quem perdeu filhos entre 4 e 7 anos assassinados porque um homem feito, ao que tudo indica, resolveu se mostrar másculo e capaz para os seus asseclas. É muito sórdido, é muito asqueroso, é um verdadeiro vilipêndio à própria essência do ser humano.

Respiramos fundo e desejamos às famílias que perderam seus filhos queridos muita força e paz de espírito para suportar uma dor que não temos capacidade de mensurar.

Como dirigentes sindicais, nos assombramos uma vez mais ao perceber que nosso local de trabalho, originalmente pensado para ser um local de acolhida a crianças e jovens, um local de troca de experiências, de socialização, de enriquecimento pessoal e de aprendizados múltiplos, pedagógicos ou não, está a cada dia que passa se tornando um alvo de violência, de ódio, de desamor, de cizânia, de desumanidade. Percebemos as consequências do discurso de ódio tão fomentado e tão incentivado nos últimos anos por tantos políticos, e tão copiado por tantos adoradores e admiradores dessa corja na sociedade. Quatro corpos de inocentes em Blumenau são a consequência de hoje dessa escalada do discurso de ódio, de misoginia, de racismo, de homofobia, do desprezo ao outro.

Está mais do que na hora de buscarmos a cura para essa verdadeira doença social. Como educadores e educadoras, nossa função é auxiliarmos a comunidade e ensinar nossas crianças e jovens o caminho da cidadania, da solidariedade, da harmonia, da empatia com o outro, com o diferente. Ensinar a importância de raciocinar, ponderar, questionar, criticar, e entender o lugar e o papel de todos e todas numa sociedade que precisa cada vez mais se curar de chagas cruéis, trazidas por uma escalada de ódio armamentista.

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