Movimento sindical de todo o País lança Comitê em Defesa da Democracia

O movimento sindical em todo o País lançou, nesta quinta-feira (24), o Comitê em Defesa da Democracia. Além de defender a democracia brasileira, o objetivo do Comitê é evitar um golpe de estado, exemplo do que aconteceu em 1964, quando um golpe militar foi deflagrado contra o governo legalmente constituído por João Goulart. O que se viu a partir daí foi uma violenta repressão aos trabalhadores e àqueles que se opunham ao regime militar que tomou o poder.
A tentativa de um golpe de estado volta a se repetir, agora num contexto de golpe institucional, com a abertura de um processo de impeachment sem a existência de um crime cometido pela presidente da República Dilma Rousseff.
Apesar de toda massificação e deturpação das informações feitas pela grande mídia, a população brasileira começa a ter uma leitura mais clara da atual conjuntura política. Por meio das discussões e análises feitas ao redor do País, é cada vez mais clara a constatação do povo que a tentativa de se utilizar da própria legislação para instituir um impeachment sem fundamento legal, configura um golpe de estado e uma grande mácula na democracia e no estado democrático de direito.
O impeachment é sim um instrumento legal do regime democrático, mas desde que utilizado a partir da existência de um crime. Sem a caracterização de crime por parte da presidente da República, torna-se golpe de estado.
Em decorrência da gravidade do que vem ocorrendo hoje, movimentos sociais, sindicatos, associação de moradores e setores da sociedade em geral começam a se organizar com o objetivo de impedir que o golpe aconteça. No Distrito Federal, vemos este movimento se expandindo para além das grandes avenidas, do Plano Piloto, surgindo, também, nas periferias da capital federal, vindas de pessoas simples. Esta organização espontânea também é realizada por artistas, jornalistas e demais profissionais que, nos espaços onde atuam, tem defendido a manutenção da democracia, que passa pelo respeito ao resultado das urnas em outubro de 2014. O pensamento que ganha cada vez mais espaço é que o golpe de 64 não vai se repetir.
A partir das condições de se organizar por meio das redes sociais e das mídias alternativas, o povo tem mostrado que pode impedir que atores como a Rede Globo, a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), a FIESP e políticos de partidos de direita estabeleçam no Brasil um estado de exceção, como fizeram em 1964. Passadas cinco décadas, os mesmos atores, incluindo a Rede Globo e a OAB, que apoiaram o golpe de 64 e voltaram atrás apenas em 68, quando não tinham mais opção, voltam à cena na tentativa de um novo golpe de estado. A FIESP, por sua vez, criou o mesmo pânico nos trabalhadores da época e, hoje, é quem mais luta para tirar direitos dos trabalhadores, ou seja, está aguardando o golpe para atacar os principais benefícios dos trabalhadores, exemplo do 13º salário, das férias remuneradas e da licença maternidade de 180 dias.
O que está em curso, hoje, é a manutenção dos direitos e de todas as conquistas obtidas pelos trabalhadores, o respeito à democracia e a luta pelos avanços alcançados nos últimos quatorze anos. A luta pela democracia não está focada na defesa do mandato da presidente Dilma Rousseff, mas na defesa do estado de direito e no entendimento que o projeto que venceu as eleições de 2014 precisa começar a discutir a ampliação dos direitos, que é o que defendemos.
Desta forma é cada vez mais importante que as pessoas comecem a se organizar em defesa da democracia nos atos e demais atividades que começam a surgir nas cidades, universidades, igrejas ou em qualquer lugar onde o debate comece a se intensificar.
Dia 31 de março, Dia Nacional de Mobilização, será a data para toda a população, entidades do movimento social brasileiro e a sociedade em geral exijam a manutenção das conquistas e o respeito ao sistema democrático com uma Marcha a Brasília. A manutenção das conquistas e o respeito ao sistema democrático depende de cada um de nós.