Mobilização estudantil cresce; aumentam represálias
Segundo o último balanço da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes), já são 14 escolas e institutos ocupados no Distrito Federal e entorno. O CED 01, em Planaltina; Gizno, na Asa Norte; CEM Oeste, na 912 Sul; CEM 111, no Recanto das Emas; CEM Elefante Branco, na 908 Sul; CEM, em Taguatinga Norte; CEMAB, em Taguatinga Sul; os Institutos Federais de Brasília de Samambaia, Planaltina, Riacho Fundo, Estrutural, São Sebastião e os campi de Valparaíso Luziânia e Águas Lindas, no entorno. No país, o número chega a 1.177 unidades ocupadas.
Os estudantes posicionam-se contra a MP 746, que reformula o Ensino Médio; a PEC 241, que implica no congelamento de investimentos da União na educação e saúde; e contra o projeto da Escola Sem Partido, que veta a discussão de temas essenciais, como a homossexualidade.
O diretor do Sindicato dos Professores do Distrito Federal (Sinpro-DF), Gabriel Magno, acredita que a mobilização legítima dos estudantes tem sido o movimento mais importante contra os ataques à educação e ao povo brasileiro. “As ocupações hoje têm se tornado o centro de aglutinação, mobilização e de resistência contra o golpe. Os estudantes têm levado o debate bem além do que imaginávamos. As agendas das ocupações é uma agenda de muita discussão, rodas de conversas, oficinas. Tem sido uma lição de cidadania e democracia”, disse.
Para o estudante secundarista e presidente do Grêmio Estudantil do Centro de Ensino Médio Elefante Branco (CEMEB), Marcelo Acácio, o movimento mostra que a juventude está preocupada com o futuro da educação pública no Brasil. Acácio afirma que, dentre as medidas impostas pelo governo ilegítimo Michel Temer, a reforma do Ensino Médio e a PEC 241 são as mais prejudiciais aos estudantes. “Precisamos de uma reforma na educação brasileira, mas as reformas foram impostas e não houve sequer debate com os estudantes. Essas medidas são retrógradas e terão grandes impactos em nossa vida.”
Acácio ressalta que as atividades realizadas na escola, ocupada há três dias, são abertas à população e aos grupos contrários ao movimento. “Estamos realizando debates esclarecedores sobre nossa mobilização. É importante que as pessoas participem para poder entender o porquê de os estudantes se unirem neste momento de ataques. Estamos abertos, também, a sugestões de atividades, partindo da ideia de uma nova escola.”
O secundarista conta, ainda, que as ocupações têm oferecido aos estudantes a oportunidade de debater outros temas que não eram discutidos na sala de aula. “Temos contado com o apoio dos professores e de outros estudantes na realização dessas atividades. São atividades que não fazem parte do nosso currículo, mas que são de extrema importância para a nossa formação política e cultural.”
Movimentos fascistas repreendem mobilização dos estudantes
O movimento dos estudantes pelo país em defesa da educação pública e de qualidade tem incomodado vários setores da sociedade. O que antes era repreendido por grupos liderados pelo Movimento Brasil Livre (MBL), agora é, também, intimidado pela Policia Militar, com aval dos governos golpistas.
Nos últimos dias, foram registrados inúmeros ataques às ocupações estudantis. Em Miracema do Tocantins (TO), por exemplo, estudantes foram abordados de forma arbitrária e fascista pela PM e pelo promotor de justiça da Vara da Infância do Estado, que exigiam a desocupação imediata sem qualquer tipo de mandato judicial.
Como não apresentaram nenhum documento com base jurídica para intervenção, os estudantes se negaram a abrir os portões. Nisso, a PM e promotor quebraram o cadeado, entram na unidade, algemaram e agrediram fisicamente os estudantes, em sua grande maioria, menores.
A Ubes, a CUT Nacional e outras organizações lançaram notas de repúdio à ação arbitrária contra o movimento legítimo e coletivo dos secundaristas que, de forma organizada, conseguiram mobilizar a juventude brasileira contra o desmonte da educação. E eles consideram que os abusos remetem a práticas fascistas de perseguição a opositores.