A diferença entre o respeito à diversidade e a desinformação

O cidadão que ocupa a pasta da Educação no atual governo não sabe a diferença entre o respeito à diversidade, o incentivo à convivência harmônica e pacífica e a desinformação travestida do mais terrível preconceito contra a comunidade LGBTQIA+.

Milton Ribeiro disse a um grupo de 15 merendeiras que, além de alimentar os estudantes de suas escolas, também é papel delas cuidar para que as crianças não sejam “incentivadas a mudar de gênero.” Para o atual ministro da pasta, a educação sobre diversidade sexual para alunos de 6 a 10 anos é uma “coisa errada” que os “violenta”.

A declaração ocorreu durante um evento típico deste governo: uma competição, promovida pelo Mec, no estilo “Master Chef”, envolvendo merendeiras de escolas públicas brasileiras – escolhidas a partir de critérios técnicos, segundo nota do jornal O Globo.

Fugindo totalmente do tema do reality show do Mec, Ribeiro classificou educação sobre diversidade sexual como “coisa errada” e complementou: “coisa errada se aprende na rua. Na escola se aprende o civismo, o patriotismo. (…) Não tem esse negócio de você ensinar: você nasceu homem, pode ser mulher”.

O ministro lembrou do processo que corre contra ele no STF, sob os cuidados do ministro Dias Toffoli, e declarou: “não tenho vergonha de falar isso. Não tenho compromisso com o erro. Temos que respeitar todos, nosso país é laico, mas tenho certeza que as merendeiras do Brasil que cuidam das crianças também têm esse cuidado todo especial. Não apenas com o que se come, mas com o que se aprende intelectualmente”.

“O despreparo, a inadequação e o preconceito do ministro da educação são tão gritantes que fica difícil saber por onde começar a criticar. Um ministro que dá a entender que é na rua onde se aprende sobre questões sexuais, que exclui e marginaliza cidadãos LGBTQIA+… qual o preparo desse cidadão para estar à frente da pasta da Educação?”, pergunta-se a diretora do Sinpro Márcia Gilda. “Um dos equívocos principais desse ministro é acreditar (sem buscar se informar) que na escola se ensina ou se incentiva a “nascer homem e virar mulher”. Na escola, a educação sexual ensina o respeito à diversidade e a convivência harmônica e pacífica entre cidadãos”, completa Gilda.

“Há inúmeros relatos de crianças denunciando molestação sexual e casos de pedofilia após assistirem a palestras de educação sexual, e o responsável pela pasta da Educação defende que educação sexual é “coisa errada que se aprende na rua.” O descolamento da realidade é assombroso!”, indigna-se João Macedo, da Central Única dos Trabalhadores (CUT). “Talvez o ministro não saiba, mas jogadores homofóbicos costumam ser eliminados de reality shows”, completa o dirigente.

“Um governo que opta por reality show ao invés de valorização profissional com salário digno só demonstra seu despreparo e sua incapacidade de gerir a Educação. Não nos curvaremos aos preconceitos e à LGBTfobia do desgoverno instalado no Palácio do Planalto, manifestadas na fala desse senhor que ora se encontra comandando o ministério da educação.”, aponta ainda a diretora do Sinpro Elbia Pires.

É esse o papel do Educador, senhor ministro. Trabalhar para uma sociedade harmônica e pacífica. Fazer uma sociedade melhor para todo mundo. E é na escola onde se aprende o certo para se saber identificar o errado, e porque o errado é errado.