Margaridas seguem em marcha rumo ao Palácio do Planalto

f

Movimento é por desenvolvimento sustentável com democracia, justiça, autonomia, igualdade e liberdade

Naquela que é considerada a maior mobilização de mulheres da América Latina, cerca de 70 mil trabalhadoras rurais, extrativistas, indígenas e quilombolas tomam as avenidas da capital federal para dialogar com o governo federal sobre suas reivindicações na 5ª Marcha das Margaridas – que nesta quarta-feira (12), além de completar 15 anos, marca os 32 anos do assassinato de Margarida Alves – então presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Alagoa Grande (PB).
As Margaridas marcham agora pelo Eixo Monumental, do Estádio Mané Garrincha, onde estão acampadas, até o Palácio do Planalto, retornando em seguida.
f
A 5ª Marcha reivindica a garantia permanente a alimentos de qualidade e em quantidade suficiente, sem comprometer outras necessidades essenciais; acesso à terra e valorização da agroecologia, uma educação que não discrimine as mulheres, o fim da violência sexista, o acesso à saúde, a ser ou não ser mãe com segurança e respeito; autonomia econômica, trabalho, renda, democracia e participação política.
Essas reivindicações – reunidas em um Caderno de Pauta e já entregue ao Governo Federal e ao Congresso Nacional – são resultado de rodadas de discussões coletivas promovidas pela Confederação Nacional de Trabalhadores Rurais (Contag), em parceria com diversas entidades como a Marcha Mundial das Mulheres, Articulação de Mulheres Brasileiras (AMB), Movimento Articulado de Mulheres da Amazônia (Mama), Movimento Interestadual de Mulheres Quebradeiras de Coco Babaçu, União Brasileira de Mulheres, entre tantas outras organizações de mulheres parceiras.
A diretora de Assuntos e Políticas para Mulheres Educadoras do Sinpro, Vilmara Pereira do Carmo, lembrou o quadro atual brasileiro. “Neste momento que vivemos no Brasil – de manifestações de alguns pedindo a volta da ditadura e de pautas vazias -, é fundamental termos a legitimidade de mulheres rurais, das florestas, das águas que estão fazendo reivindicações concretas de melhoria das suas condições de vida, de defesa de direitos coletivos”, disse.
f
Para a também diretora do Sinpro Neliane Maria da Cunha, a Marcha “é a consciência de que as mulheres da classe trabalhadora, do campo e da cidade, estão na luta por direitos, por soberania alimentar, por igualdade de gênero, por um mundo melhor para mulheres e homens. Estamos aqui unidas, porque elas fortalecem a luta das mulheres da cidade e nós fortalecemos a luta das mulheres do campo. Temos a consciência de que estamos no caminho certo porque a pauta da classe trabalhadora, a pauta da luta das mulheres e as nossas conquistas só se garantem assim, com os movimentos na rua”.
f
Na abertura do evento, a coordenadora geral da Marcha e secretária de Mulheres da Contag, Alessandra Lunas, ressaltou que “seguiremos na construção de luta das mulheres… A Marcha é um referencial de mudança dos rumos, de conquista de politicas públicas para nosso país”.
“A Marcha é feita por companheiras que atravessaram o Brasil para fazer história. Aqui está um povo que tem ocupado as ruas e vêm construindo proposições para transformar realidades depois de tanto tempo de invisibilidade”, destacou a vice-presidente da CUT Nacional, Carmem Foro.
“Nossa pauta por igualdade e democracia. Sem democracia nós não enfrentaremos o machismo. Queria convocar mais uma vez as margaridas para quando tocarem no nosso Projeto Político estarmos na rua fazendo a defesa do que acreditamos”, continuou Carmem Foro.
f
A partir das 15h, a presidenta Dilma Rousseff anunciará, em cerimônia no Mané Garrincha, o compromisso político do governo federal com a pauta das Margaridas.
Fotos: Deva Garcia