Manifestações se espalham pelo país; IFB de Samambaia também é ocupado pelos alunos

Até o momento, de acordo com a Mídia Ninja, já são 143 escolas públicas em todo o país ocupada pelos próprios (as) alunos (as) contra os retrocessos que são impostos pelo governo de Michel Temer (PMDB), como a PEC 241, aprovada em primeiro turno na segunda-feira (11) e a MP 746 / 2016, que altera profundamente o ensino médio sem nenhuma discussão com os principais atores envolvidos nesse processo: a comunidade escolar, os estudantes, professores (as), pedagogos (as) e demais servidores(as).
IFB de Samambaia é ocupado
No Distrito Federal, a segunda escola é ocupada. Após o CEM 414 de Samambaia, agora os (as) alunos (as) ocupam o IFB da mesma cidade. A presidenta do grêmio do colégio, Bianca Viana, de 16 anos e estudante do 1° ano integrado, explica o motivo. “Conversamos com os demais alunos e explicando que a PEC 241 e a MP que reforma o ensino médio são prejudiciais para nós. Essas reformas não podem ser empurradas desta forma, sem que sejamos consultados”, alertou.
A aluna diz que eles estão dependendo de doações, mas já conseguiram algumas barracas e alimentos. Ela diz que a mobilização vai crescer nos próximos dias.
Mesma opinião de Guilherme Barros, de 16 anos e também aluno do 1º ano. “Começamos a ocupar na tarde de ontem (segunda-feira). Alunos dos outros IFB estão vindo para cá para fortalecer o movimento. Queremos chamar a atenção da sociedade, pois estamos ativos, alertas e percebemos tudo o que o governo está fazendo contra nós”, alertou.
O professor de sociologia André Rodrigues, afirma que foi surpreendido com a ocupação. “Foi uma surpresa, eu não esperava esta ação. Por um lado, mostra um posicionamento crítico, é interessante que eles estejam tomando partido e lutando pelos seus direitos. Mas também fiquei surpreso, pois não houve diálogo. Nós, professores, fomos tomados de surpresa e ainda vamos avaliar a situação”, diz.
Ele ressalta que o protagonismo pelo movimento é todo dos estudantes. “Nós não influenciamos. Apenas observamos a movimentação deles, não fazemos parte desta ação, mas acho justa. Os estudantes estão conscientes do que está em jogo. Sem filosofia e sociologia, por exemplo, há o risco de gerações futuras não terão acesso a tipos de pensamento de análise da própria sociedade, isso é grave. Os alunos perceberam isso, mesmo tendo, entre eles, posições políticas antagônicas e se organizaram”, aponta.
Ocupação no CEM 414 prossegue forte
No CEM 414 de Samambaia, a ocupação realizada pelos (as) alunos (as) entrou em seu nono dia. Cerca de 30 alunos dormem por ali, em cerca de 11 barracas que estão no pátio. Mas durante o dia, o número de alunos é o dobro. Estão ocorrendo atividades pedagógicas e culturais. Na manhã desta terça-feira (11), ocorreu um “aulão” no ginásio, com a participação do diretor do Sinpro, Alberto Ribeiro, que foi expor aos alunos sobre os riscos dos projetos que estão tramitando no Congresso. “Os alunos me chamaram para esclarecer alguns pontos destes projetos que são ameaças para a educação, como a PEC 241, a MP 746 e o projeto que retira recursos do pré-sal para a saúde e educação”, diz.
Isabella Pereira, aluna do 3° ano da escola, afirma as ocupações vão prosseguir.  “A ocupação aqui permanece e sem prazo para terminar. Queremos chamar os outros alunos a ocuparem outras escolas e chamar mais gente para o debate. Infelizmente a PEC 241 passou no primeiro turno e deve ser aprovada. Portanto, precisamos conscientizar as pessoas do tanto que isso é prejudicial para todos. Já são 143 escolas ocupadas em todo o Brasil. Em Brasília somos duas escolas ocupadas e outras serão em breve”, avisa.
Afastados dali, os (as) professores (as) da escola permanecem cumprindo seus horários na sala dos professores e executando atividades pedagógicas. Breno Abrantes, professor de física, apoia a ocupação, mas deixa claro que são os alunos que estão à frente de todo o movimento. “Apesar de não estarmos participando da ocupação dos alunos, pois o protagonismo é deles, nós a apoiamos. Chegamos aqui e tomamos um susto quando os alunos ocuparam a escola. Nós, como professores, concordamos, pois eles estão lutando por algo que é deles. Muitos questionam se estamos a favor. Sim, estamos. Não organizamos e nem tivemos a iniciativa da ocupação, que é feita pelos alunos. Mas eles não estão errados em lutar pelo direito deles”, esclarece.
O professor anseia que a mobilização cresça nos próximos dias. “Esperamos um embate muito maior por parte dos sindicatos e da sociedade civil. A escola aqui está ocupada. Queremos fortalecer a luta contra a MP do ensino médio que impõe uma série de medidas sem consultar devidamente a comunidade, alunos e professores”, ressalta.
Represálias da Secretaria de Educação
Professores da escola relataram que ocorreram ameaças da Secretaria de Educação, que através da Coordenação de Ensino, pediu a devolução dos (as) professores (as) de contrato temporário. O fato foi comunicado ao Sinpro, que orientou a escola a não devolver, pois esta é uma medida de repressão da Secretaria contra a escola e os (as) alunos (as) e que todos eles não podem ser prejudicados a ficar sem professor (a) quando a ocupação se encerrar.