Mais um ano letivo se inicia e a situação do CEF 5 continua dramática

O sindicato dos Professores no Distrito Federal (Sinpro-DF) e a comunidade escolar do Centro de Ensino Fundamental (CEF) 5, do Paranoá, criaram uma comissão para tratar com o poder público sobre os graves problemas do prédio da escola. O grupo traçou uma pauta de ações e solicitou uma reunião urgente com o secretário de Educação do DF, Rafael Parente. Para além desta medida, serão articuladas audiências públicas e uma grande campanha pela reforma e construção de unidades no Paranoá e no Itapoã.


Desde 2016, os professores (as) reivindicam a criação de novas escolas ou, no mínimo, a transferência de local. O Governo prometeu que comunidade escolar seria alocada em outro espaço, mas, ao contrário do que foi prometido, trabalhadores (as) e estudantes utilizarão uma escola inadequada e precária, uma verdadeira tragédia anunciada.
Há mais de três anos a escola é notificada para a necessidade de reformas urgentes, porém, mesmo diante de diversos laudos do Corpo de Bombeiros, da Defesa Civil, Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPTDF) e outros órgãos alertando para os perigos de manter a escola nas atuais condições, nada foi feito.
Os riscos são muitos: o prédio não possui saídas para incêndio nem extintores, existe apenas uma escada para fluxo de mais de 800 pessoas por turno, além de fiações expostas e outros problemas de acessibilidade e estrutura. Sem contar que duas das salas que estão sendo utilizadas possui inúmeras goteiras, o forro está totalmente quebrado e a situação se agrava cada dia mais. Em 2018, no período chuvoso, fotos distribuídas em uma rede social mostraram estudantes assistindo aula com guarda-chuvas, porque dentro dessas salas chovia muito e estudantes tiveram que utilizar o refeitório como sala de aula.


A pedagoga Aline Francisca dos santos, explica que a escola surgiu da necessidade de suprir a crescente demanda de alunos da região administrativa do Paranoá. A princípio, a promessa do GDF era de que a locação do prédio antigo, que hoje abarca mais de 1200 estudantes, seria provisória. Entretanto, mais de cinco anos se passaram e nenhuma mudança aconteceu.
“Perdemos muitos profissionais bons porque faltam recursos e infraestrutura. Essas são barreiras que atrapalham o sucesso escolar, o que acaba desmotivando os professores e professoras. Aqui, temos de lidar, diariamente, com salas abafadas, um espaço vertical que não é o apropriado para uma escola pública, ainda mais para a idade de alunos com a qual trabalhamos. Na escola pública estamos acostumados com recreio e pátio e isso é interessante para o desenvolvimento humano. Pegamos a transição dos estudantes de escola classe para uma nova estrutura e aqui temos o desafio de adequar a adaptação dos alunos. Se acontecesse um acidente nas atuais condições precárias dificilmente conseguiríamos nos salvar. Se for preciso, buscaremos maneiras mais enérgicas para fazer valer nossos direitos. Agora é o momento de mobilizar e unir forças”, ressalta a educadora.
De acordo com a diretora do sinpro-DF, Luciana Custódio o governo deve realizar estudos socioeconômicos e estatísticos para identificar onde as escolas precisam ser construídas. Entretanto, o GDF preferiu precarizar a educação com a locação de prédios obsoletos ao invés de construir novas unidades. Ela explica que a comunidade do Paranoá e do Itapoã precisa ser olhada com mais cuidado pelo poder público e relata outro episódio de descaso com a educação. Ano passado, o teto da cozinha do CEF 3 desabou sobre a cabeça de uma servidora da escola.
“O Sinpro iniciará o ano letivo organizando na cidade uma grande campanha por construção e reformas de escolas e a expectativa é que a reunião com o Secretário de Educação aconteça o quanto antes. A situação do Paranoá é muito dramática em relação a carência de vagas, superlotação e infraestrutura. A Comunidade Escolar do CEF 5 aguarda ansiosa por uma solução imediata para essa grave situação enfrentada. Temos um projeto de cidade que tem que ser respeitado com a construção em número suficiente que atenda a todos. O valor gasto com alugueis e transporte para levar estudantes para colégios mais distantes poderia muito bem ser usado para erguer novas escolas. Nós, do Sinpro-DF, seguiremos firmes ao lado dos professores(as) e estudantes do CEF 5 e de toda a comunidade escolar do Paranoá e do Itapoã”, concluiu a diretora.