Livros didáticos: professores alertaram para erros

O Sinpro repudia com veemência a afirmação da subsecretária de Educação, Ana Carmina Santana, que em entrevista concedida ao Bom Dia Brasil na última quarta, 10, disse que os erros detectados nos livros didáticos seriam de responsabilidade dos professores do segmento EJA (Educação de Jovens e Adultos), que teriam “revisado” o material antes de ele ser impresso. Os professores do Cesas, por exemplo, garantem que alertaram para uma série de problemas detectados, mas que nada foi corrigido.

De acordo com a coordenadora pedagógica daquela escola, Genezi Maria da Costa, no final do segundo semestre de 2009, o gerente do EJA, Edílson Rodrigues, levou à escola umas folhas impressas soltas, com conteúdos de algumas disciplinas, para que eles fizessem uma revisão de conteúdo em tempo recorde (a ideia era fazer a referida “revisão” em menos de uma semana).

A diretora do Cesas, Maria Aparecida Abreu, ressalta que não caberia aos professores fazer essa revisão, até porque isso demandaria muito mais tempo e cuidado. A revisão de textos de livros didáticos não é de responsabilidade dos professores. Segundo Aglaene Barbosa, professora de Biologia da escola, mesmo com o tempo exíguo, os professores fizeram um esforço e em dois dias detectaram muitos problemas. “Ele pediu que colocássemos por escrito as nossas considerações, mas depois informou que a editora em Curitiba havia avisado que muitas das mudanças não poderiam mais ser feitas”. Na verdade, nenhum dos erros apontados foi corrigido.

Entre os problemas detectados havia gravuras ilustrativas que não podiam ser identificadas com clareza, erros de Português ou que invertiam conceitos matemáticos e científicos; conteúdo insuficiente ou desconectado da realidade do DF e dos alunos. “Por isso não podemos ser responsabilizados em rede nacional de TV, até porque não fomos chamados para opinar sobre o conteúdo desses livros”, afirmou a coordenadora. O material didático foi imposto aos professores e só chegou às escolas em meados do semestre passado, quando os professores já estavam utilizando outros materiais.
Descaso – Para o diretor do Sinpro, Luiz Alberto, mais uma vez o GDF demonstra desrespeito com os estudantes do EJA. O descaso com esse segmento é recorrente, com projetos impostos de cima para baixo, fechamento de turmas e ausência de projeto político-pedagógico específico. “Não podemos aceitar que a secretária queira agora jogar nos ombros da categoria a responsabilidade que são dos gestores da educação”, afirmou ele.
Para o Sindicato, além de querer imputar aos professores a responsabilidade pelo descaso, a Secretaria de Educação foi ineficiente ao recolher apenas os livros de Biologia e Química, pois em outras disciplinas também foram identificados erros tanto de português como de discordância com o conteúdo proposto pela própria Secretaria de Educação.