Investida da direita é atropelada pela luta do povo em defesa de Lula

Se a direita achou que a foto de Lula sendo conduzido pela Polícia Federal para a prisão ficaria na memória, se enganou. A emocionante imagem do presidente sendo carregado pela multidão já ganhou o mundo inteiro e já é histórica. O juiz federal Sérgio Moro teve sim seus 15 minutos de fama, mas o protagonismo foi dado a Lula e ao povo brasileiro.
“A luta só começou. A gente nunca vai aceitar a prisão do presidente Lula. Nós nascemos, crescemos e nos formamos na luta, e nela vamos permanecer. Vamos continuar a luta com a coragem de sempre e disposição dobrada. Se eles pensam que vão nos calar, estão enganados. Cada esquina desse grande Brasil vai ser pintada de vermelho”, afirma o presidente da CUT Brasília, Rodrigo Britto.
De acordo com a vice-presidenta da central no DF, Meg Guimarães, uma agenda grande de atos e outras ações está sendo construída. “Daqui pra frente, iremos organizar em cada local de trabalho, em cada escola, em cada fábrica um comitê por Lula livre. Também vamos organizar uma grande mobilização nacional para defender a democracia e os direitos do povo brasileiro.”
Em nota publicada na tarde deste sábado, a CUT Nacional orienta as estaduais a realizarem total apoio à vigília permanente em frente ao prédio da Polícia Federal em Curitiba. A central também indica que as lideranças da CUT e das frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo devem se reunir para discutir as ações que podem ser desenvolvidas nos estados.
“A CUT Brasília e seus sindicatos filiados ficarão firmes na luta. Não pararemos um só dia. O que está em jogo são nossos direitos, nossas conquistas. O que está em jogo é a democracia. Não vamos abrir mão disso. O próprio Lula disse que se nem ele baixou a cabeça, nenhum trabalhador tem o direito de baixar. A luta é mais importante. Somos todos Lula”, afirma o secretário-geral da CUT Brasília, Rodrigo Rodrigues.
A “ideia-Lula” não se apagará

O eterno presidente Lula discursou neste sábado para milhares de sem terra e sem teto, agricultores familiares, petroleiros, professores e estudantes, bancários e tantas outras categorias e representações de movimentos sociais que fizeram vigília em defesa do companheiro, em frente ao Sindicato dos Metalúrgicos em São Bernardo do Campo (SP). Com o carisma de sempre, Lula disse que se entregaria à Polícia Federal. Mas, acostumado a criar sonhos em momentos de desesperança, o companheiro garantiu que as palavras ditas de cima do carro de som impulsionassem a unidade da esquerda brasileira e fizessem crescer no coração de cada um e de cada uma a coragem de lutar por um Brasil mais justo e igualitário.
“Eu não to escondido, eu vou lá na barba deles pra eles saberem que eu não tenho medo, que eu não vou correr, e para eles saberem que eu vou provar minha inocência (…) Esse pescoço aqui não baixa, minha mãe já fez o pescoço curto pra ele não baixar, e não vai baixar, porque eu vou sair de lá de cabeça erguida e de peito estufado porque eu vou provar a minha inocência”, disse Lula.
Durante o discurso, Lula falou sobre a condenação imposta sem nenhuma prova pelo juiz federal Sérgio Moro e confirmada pelo Tribunal Regional da 4ª Região (TRF4), no caso do tríplex do Guarujá. Ele também lembrou o papel sujo e definitivo da grande mídia, principalmente da Rede Globo, na sua condenação que, segundo o próprio Lula, faz parte do golpe de 2016.
“Eu acho que tanto o TRF4, quanto o Moro, a Lava Jato e a Globo, eles têm um sonho de consumo. O sonho de consumo é que primeiro: o golpe não terminou com a Dilma. O golpe só vai concluir quando eles conseguirem convencer que o Lula não possa ser candidato a presidência da república em 2018. (…) Eles não querem o Lula de volta porque pobre na cabeça deles não pode ter direito (…) Eu fico imaginando o tesão da Veja colocando a capa comigo preso. Eu fico imaginando o tesão da Globo colocando a minha fotografia preso. Eles vão ter orgasmos múltiplos”, disse o presidente. Mas completou: “E o que eles não se dão conta é que quanto mais eles me atacam, mais cresce a minha relação com o povo brasileiro.”
Nos minutos do discurso histórico, Lula lembrou que, durante sua gestão, foram viabilizadas políticas inclusivas, que garantiram ao pobre o direito de estudar, de comer, de comprar e de ser feliz. E isso a direita não aceitou. “E se for por esses crimes, de colocar pobre na universidade, negro na universidade, pobre comer carne, pobre comprar carro, pobre viajar de avião, pobre fazer sua pequena agricultura, ser microempreendedor, ter sua casa própria. Se esse é o crime que eu cometi eu quero dizer que vou continuar sendo criminoso nesse país porque vou fazer muito mais.”
Lula, que tem meio século de história política, inspirou e continua inspirando àqueles que, assim como ele, não aceitam a concentração de renda, a obtenção de latifúndios, a fome, o país nas mãos de empresas privadas. O nordestino, retirante, metalúrgico e eterno presidente do Brasil virou uma “ideia”. “Não adianta tentar de me impedir de andar por este país, porque tem milhões e milhões de Boulos, de Manuelas, de Dilmas Rousseffs neste país para andar por mim. (…) Não adianta parar o meu sonho, porque quando eu parar de sonhar, eu sonharei pela cabeça de vocês e pelos sonhos de vocês. (…) Não adianta eles acharem que vão fazer com que eu pare, eu não pararei porque eu não sou um ser humano, sou uma ideia”, discursou Lula.
O presidente ainda ressaltou a necessidade da luta para impedir o retrocesso imposto por Michel Temer e seus aliados. “Vamos fazer uma nova constituinte! Vamos revogar a lei do petróleo que eles tão fazendo! Não vamos deixar vender o BNDES, não vamos deixar vender a Caixa, não vamos deixar destruir o Banco do Brasil! E vamos fortalecer a agricultura familiar, que é responsável por 70% do alimento que nós comemos neste país. (…) Eles tem de saber que nós vamos fazer definitivamente uma regulação dos meios de comunicação para que o povo não seja vítima das mentiras todo santo dia.”
Durante o discurso de Lula, o povo chorou. Alguns tiveram que ter atendimento médico diante da notícia de que o maior líder da classe trabalhadora e do povo brasileiro iria para a prisão. O povo não aceitou. Todas as saídas do Sindicato dos Metalúrgicos foram cercadas por militantes que tentaram impedir a saída de Lula. E só depois de muita conversa, Lula saiu, de cabeça erguida, sendo, mais que nunca, o “guerreiro do povo brasileiro”.
Ato todos os dias

Militantes de esquerda se reuniram neste sábado na Praça dos Três Poderes, em Brasília, para, mais uma vez reafirmar o apoio ao presidente Lula e ratificar que manterão a luta em defesa da democracia. Eles acompanharam o pronunciamento de Lula em São Bernardo do Campo e confirmaram que uma série de ações serão realizadas nos próximos dias em Brasília e em todo Brasil.
“Aqui, nesta Praça, estão os Poderes da Nação. Aqui (apontando para o Palácio do Planalto), eles deram um golpe, empossaram um impostor. E o Judiciário ali, fez o serviço. Então, nós temos que repensar o Brasil e como esses três poderes foram fundados. Essa é a simbologia dessa manifestação: contra a prisão do Lula e pela defesa da liberdade, da democracia e de uma sociedade socialista”, disse o secretário de Formação da FETEC-CUT/CN, Jacy Afonso.
A manifestação ganhou o apoio da população que passava de carro nas redondezas, e mostrou que o apoio a Lula só cresce.