Inflação explode no Brasil e em 16 capitais chega a dois dígitos. Saiba por que
Portal CUT. Escrito por: Marize Muniz
A inflação, medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), explode no Brasil, puxada pelas altas nos preços da gasolina, contas de luz e carnes, e alcança 9,68% no acumulado de 12 meses até agosto. O índice se aproxima dos dois dígitos, que só havia sido registrado em 2002 (12,53%) e 2015 (10,4%), desde que o país adotou o regime de metas de inflação, em 1999.
Em 16 capitais, onde os preços da gasolina, energia elétrica e carnes ficaram ainda mais altos, o índice já chegou aos dois dígitos no acumulado de 12 meses até agosto deste ano, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgados nesta quinta-feira (9). Curitiba é a campeã de preços altos, com 12,08%. Confira abaixo todas as capitais com índices de dois dígitos.
A última vez que isso aconteceu foi em agosto de 2003, quando a inflação nas capitais chegou a 15,07% em 12 meses, ou seja, de agosto de 2002 a agosto de 2003.
Por que os índices explodiram em 2003 e este ano?
De acordo com a subseção do Dieese da CUT nacional, em 2003, o item preponderande, mas não o único, que contribuiu para a disparada da inflação foi a taxa de câmbio, que estourou em 2002 e teve repasse nos preços em 2002 (IPCA de 12,53%) e 2003 (9,3%).
No final de 2002, a taxa de câmbio estourou por causa das turbulências do mercado internacional – havia possibilidade de uma guerra entre os EUA e o Iraque – e também por causa do processo eleitoral brasileiro que havia elegido Lula, o primeiro presidente operário, ligado a causas de interesse da classe trabalhadora.
Atualmente, a inflação está sendo novamente influenciada pelo câmbio, repasse de custos internacionais e porque os insumos estão aumentando de preços.
Também pesam na carestia da era Bolosonaro os seguintes itens:
1 – a política internacional de preços da Petrobras, baseada na variação cambial, adotada pelo ilegítimo Michel Temer (MDB-SP) e mantida por Jair Bolsonaro (ex-PSL), que está puxando para cima os preços dos combustíveis, privilegiando distribuição de lucro aos acionistas em detrimento dos preços internos. Lembrando que essa política começou com a investida da Operação Lava Jato nos CPNJs enquanto os CPFs faziam delações premiadas e se livravam da cadeia.
2 – o desmonte das políticas da agricultura familiar desde o golpe de 2016, também contribui para a alta nos preços dos alimentos.
3 – Desde 2016, também, os presidentes não cuidaram dos estoques reguladores, desmontando uma política que pode controlar os preços quando necessário.
. Os estoques reguladores são grandes quantidades mantidas pelo governo como uma forma de atuação no mercado de alimentos e podem ser acionados quando ocorre uma alta muito grande nos preços praticados pelo mercado, evitando que eles aumentem demais.
4 – Preços as commodities estão aumentando muito de preço e, por isso, os produtores brasileiros preferem exportar, diminuindo a oferta interna, o que também contribui para o aumento dos preços.
5 – A questão climática, que reduziu a produtividade agrícola por causa da seca.
Campeãs de preços altos
Curitiba lidera o ranking das capitais com preços mais altos, com 12,08% de inflação no acumulado de 12 meses até agosto. O índice na capital paranaense foi puxado, especialmente, pelas altas nos preços da gasolina (42,39%) energia elétrica (25,65%) e carnes (32,12%).
Rio Branco, capital do Acre, vem em segundo lugar com alta de 11,97%, puxada pelos altos preços das carnes (45,20%) em primeiro lugar, seguida dos preços da gasolina (29,46%) e da energia elétrica (18,77%).
. Campo Grande, capital do Mato grosso do Sul, é a terceira colocada, Registrou 11,26% de inflação em agosto. O índice foi puxado pelas altas da gasolina (37,58%), carnes (26,88%) e energia elétrica (20,42%);
. São Luís, capital do Maranhão, vem em quatro lugar, com 11,25% de inflação no acumulado de 12 meses até agosto. Lá os vilões também foram a gasolina (43,01%) e as carnes (37,14%), mas os preços dos botijões de gás também pesaram, com alta de 33,87%;
. Fortaleza, capital do Ceará, é a 5ª mais cara, com IPCA de 11,20%, especialmente por causa das altas da gasolina (34,79%), energia elétrica (24,63%) e carnes (26,56%).
Veja outras capitais onde os preços explodiram e passaram de dois dígitos e saiba também quem foram os vilões da inflação nesses locais:
. Na Grande Vitória, no Espírito Santo, o índice foi de 11,07%, também por causa das alta da gasolina (44,94%) e energia elétrica (27,40%) e até da compra do novo carro (14,66%);
. Goiânia, capital de Goiás, registrou aumento de 10,54%, puxado pela gasolina (42,62%), carnes (30,27%) e etanol (64,76%);
. Porto Alegre, capital do Rio Grande do Sul, registrou variação de 10,42%, e também puxada pelas altas da gasolina (43,47%), energia elétrica (24,84%) e carnes (34,85%).
Em outras capitais, os índices se aproximam dos dois dígitos, confira:
. Belém (PA) – 9,76%
. Belo Horizonte (MG) – 9,67%
. Recife (PE) – 9,65%
. São Paulo (SP) – 9,12%
. Aracaju (SE) – 8,79%
. Brasília (DF) – 8,61%
. Salvador (BA) – 8,59%
. Rio de Janeiro (RJ) – 8,09%
O que é taxa de câmbio?
A taxa de câmbio reflete o custo de uma moeda em relação à outra: dólar, euro, libra etc.
Um exemplo: ao comprar dólar para viajar, a cotação encontrada nesta sexta-feira (10) é de R$ 5,48. Essa é a taxa de câmbio da moeda naquele momento.
Qual a diferença entre o IPCA e o INPC
O IPCA pesquisa uma parcela maior da população, apontando a variação do custo de vida médio de famílias com renda mensal de 1 e 40 salários mínimos.
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) verifica a variação do custo de vida médio apenas de famílias com renda mensal de 1 a 5 salários mínimos. Esses grupos são mais sensíveis às variações de preços, pois tendem a gastar todo o seu rendimento em itens básicos, como alimentação, medicamentos, transporte etc.
Fonte: CUT