Imprensa internacional repercute atos contra anistia a golpistas e PEC da Blindagem

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As manifestações que tomaram as ruas do Brasil neste domingo (21), contra a anistia a golpistas e a chamada PEC da Blindagem, que prevê a autorização do Congresso Nacional para condenações criminais de deputados e senadores, ultrapassaram fronteiras e se tornaram pauta de jornais em diferentes continentes. Da Avenida Paulista, em São Paulo, ao Eixo Monumental em Brasília e Praia de Copacabana, no Rio de Janeiro, além de várias outras cidades nos país, milhares de pessoas protestaram em defesa da democracia.

O protesto da sociedade brasileira repercutiu em veículos de países como Inglaterra, Estados Unidos, Espanha, França e da América Latina, todos destacando a força da mobilização popular em várias capitais brasileiras.

A cobertura internacional ressaltou não apenas o tamanho das manifestações, mas a intensidade emocional que as marcou. Para além da disputa partidária, os protestos foram retratados como uma resposta de cidadãos comuns — estudantes, trabalhadores e trabalhadoras, artistas, famílias aos recentes ataques da Câmara dos Deputados, ao aprovar projetos de interesse dos próprios parlamentares.

Os atos, que reuniram vários artistas como Caetano Veloso, Gilberto Gil, Chico Buarque, Djavan, Paulinho da Viola, Nando Reis, Leoni, Otto, Salgadinho Dexter, além de Daniela Mercury, Emicida,  Salgadinho, entre muitos outros, foram convocados pelas frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo, das quais a CUT faz parte, pelo Fórum das Centrais Sindicais e pelo Grito dos Excluídos e das Excluídas.

Veja como a imprensa internacional repercutiu os atos deste domingo (21)

O ato que mobilizou milhares de pessoas em diversas capitais brasileiras contra a anistia a golpistas e a chamada PEC da Blindagem ganhou ampla cobertura na imprensa mundial.

No Reino Unido, o The Guardian destacou o clima de indignação popular, afirmando que “dezenas de milhares de brasileiros foram às ruas” contra a anistia ao “populista de extrema direita”, condenado neste mês a 27 anos de prisão por tentar permanecer ilegalmente no poder após perder as eleições de 2022. O jornal também ressaltou que os protestos tiveram a liderança de grandes nomes da música nacional, lembrando que Caetano Veloso, Chico Buarque e Gilberto Gil já estiveram à frente da resistência cultural contra a ditadura militar (1964-85).

Na Espanha, o El País relatou que as manifestações ocorreram em São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba, Salvador, Belo Horizonte, Manaus, Natal, Belém, Brasília e João Pessoa, além de outras 12 cidades ao longo da semana. O diário ainda destacou que o ato no Rio de Janeiro contou com um “show histórico” reunindo Caetano, Gil, Chico, Djavan e Paulinho da Viola.

A agência Reuters descreveu o protesto como “a primeira grande manifestação desde a condenação de Bolsonaro”, com números comparáveis aos atos da direita em defesa do ex-presidente, evidenciando, segundo a reportagem, as divisões profundas na democracia brasileira.

Outro jornal espanhol, o El Mundo, chamou atenção para a polêmica em torno da PEC da Blindagem, frisando que ela permitiria ao Congresso barrar processos criminais contra parlamentares no Supremo Tribunal Federal (STF), além de impedir prisões.

A emissora alemã DW acrescentou que, pelo texto da proposta, deputados e senadores teriam até 90 dias para decidir se autorizam ou não a investigação criminal de um colega a partir do envio do pedido pelo STF.

Já a Al Jazeera destacou a insatisfação dos manifestantes com projetos de lei que poderiam conceder anistia a Jair Bolsonaro após a tentativa de golpe e ampliar a imunidade parlamentar. A rede apontou que os protestos também refletiram críticas à maioria conservadora no Congresso, acusada de priorizar interesses próprios em detrimento de pautas sociais e econômicas.

BBC enfatizou que os atos revelaram a indignação popular diante da aprovação, pela Câmara, de uma emenda constitucional que dificulta a abertura de processos criminais contra políticos.

A agência Associated Press (AP), com texto replicado em veículos como o Japan Times, observou que os protestos foram organizados por artistas e grupos de esquerda, que vinham enfrentando dificuldades em mobilizar multidões no mesmo nível da direita.

Nos Estados Unidos, a ABC News ressaltou a força simbólica do ato em Copacabana, lembrando o papel de Caetano Veloso, Chico Buarque e Gilberto Gil na resistência à ditadura. A reportagem também citou declarações de Donald Trump em defesa de Bolsonaro, além das tarifas de 50% sobre produtos brasileiros e das sanções contra o ministro Alexandre de Moraes.

A agência francesa AFP descreveu a cena na Praia de Copacabana, onde “multidões cantavam junto enquanto um boneco inflável de Bolsonaro, vestido com listras pretas e brancas de presidiário, circulava entre os manifestantes”.

Imprensa latino-americana

Na América Latina, a repercussão também foi ampla. A venezuelana TeleSur lembrou que, na última quarta-feira (17), parlamentares de direita aprovaram em regime de urgência o debate do projeto de anistia, que deve ir diretamente ao plenário sem passar por comissões.

Na Argentina, o La Nación noticiou que os protestos aconteceram em mais de 30 cidades e foram organizados por meio de redes sociais, sindicatos, partidos de esquerda e grupos de cidadãos.

O conjunto da cobertura internacional destacou, em comum, a dimensão das mobilizações e o simbolismo das ruas ocupadas por multidões vestidas de branco e carregando faixas em defesa da democracia. A mensagem projetada ao mundo, segundo a imprensa estrangeira, é de que parte expressiva da sociedade brasileira resiste tanto à anistia quanto à tentativa de blindagem parlamentar.

 

com informações de agências internacionais*

Fonte: CUT