"Greves de alerta" na próxima semana

A reação dos sindicatos dos servidores do GDF ao pacote anunciado pelo governo foi imediata. Eles classificaram as medidas de contenção de despesas como “calote”. Em reunião na tarde de ontem, o Fórum em Defesa do Serviço Público no Distrito Federal, que reúne 19 sindicatos e três centrais sindicais, decretou “greve de alerta” de 24 horas em 24 de setembro. Todas as categorias farão um protesto em frente ao Palácio do Buriti às 10h. Paralelo a isso, cada entidade vai tentar negociar com governo. Se até 7 de outubro não houver acordo, a greve geral por tempo indeterminado no serviço público é dada como certa.
Coordenador do Fórum e secretário-geral da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Rodrigo Rodrigues disse que os sindicatos não tiveram tempo de analisar o real impacto de todas as medidas anunciadas para os servidores. Algumas, segundo ele, representam o descumprimento da lei por parte do governo. “Além disso, várias categorias convivem com atrasos no pagamento do 13º salário e das horas extras”, ressaltou.
Para Cláudio Antunes, diretor do Sindicato dos Professores do Distrito Federal (Sinpro-DF), a tendência é de greve generalizada. “Não vamos aceitar o calote. Garantimos na Justiça o direito ao reajuste e receberíamos a sexta parcela em setembro, fechando um ciclo do plano de carreira”, explicou. Para Antunes, outro ponto crítico é o da licença-prêmio. “Os professores já têm uma formação alta, com pós-gradução. Quem opta pelo mestrado e doutorado tem outros meios para fazê-los. Então, para nós, a transformação em licença capacitação, na verdade, representa o fim da licença-prêmio”, avalia.
O sindicalista antecipa que a categoria vai pressionar os parlamentares a não aprovar as medidas do pacote que dependem de projeto de lei. “Nossos advogados já estão trabalhando na perspectiva de judicializar de novo. A suspensão do serviço é o último recurso da luta e não está descartado, em função da gravidade das medidas adotadas”, avisa.
O que preocupou Ibrahim Yousef, presidente do Sindicato dos Servidores públicos da Administração Direta do DF (Sindireta), foi a possibilidade de perdas de direitos assegurados em lei, como a aposentadoria especial e a participação no conselho do Instituto de Previdência dos Servidores do DF (Iprevi-DF). A exemplo de outras categorias, o Sindireta não descarta a greve geral a partir de outubro — entram aí funcionários das defensorias públicas,  dos postos do Na Hora, do sistema penitenciário e do Instituto de Medicina Legal (IML), entre outros.

Saúde

Presidente do Sindicato dos Médicos do Distrito Federal (SindMédico-DF), Gutemberg Fialho diz que a categoria recebeu o pacote de ajustes que afeta o servidor com perplexidade e indignação. “Até agora, o governo ficou só no discurso da dificuldade financeira, mas não apresentou uma proposta concreta”, afirmou. Ele diz esperar uma proposta alternativa do governo, em reunião marcada para a próxima segunda-feira. Caso isso não ocorra, os médicos vão aderir à paralisação do dia 24. Se nada mudar e o pagamento do reajuste não for depositado até 7 de outubro, a categoria entrará em greve geral por tempo indeterminado. “Em setembro, receberíamos a terceira parcela do reajuste. Temos 13º não pago, horas extras e licenças-prêmio que também estão atrasados”, cita Gutemberg. Entre os servidores do SindSaúde, a luta contra o pacote do governo terá até rap: “Para dar certo pra você, tem que dar certo pra mim”, diz o refrão.
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Número de organizações sindicais que decretaram a “greve de alerta” de 24 horas
Fonte: Correio Braziliense