GDF anuncia oficialmente vacinação pediátrica a partir do domingo

Em coletiva confusa e contraditória, GDF anuncia vacinação para crianças de 5 a 11 anos;
Secretária de Educação Hélvia Paranaguá anunciará em outra coletiva detalhes da volta às aulas

 

“Os imunizantes não serão suficientes para o primeiro dia”. Foi assim que o vice-governador Paco Britto abriu a coletiva em que anunciou oficialmente o início da vacinação contra Covid de indivíduos entre 5 e 11 anos no Distrito Federal, que deve se iniciar no próximo domingo 16 de janeiro, conforme antecipado pelo portal Metrópoles e pelo site do Sinpro.

Frascos de vacinas da Pfizer contra Covid, para crianças de 5 a 11 anos

O primeiro lote pediátrico, com previsão de entrega para a próxima sexta-feira (14 de janeiro) pelo ministério da Saúde contém apenas 16.300 doses, e o GDF pretende com essas doses atender 15 mil crianças com comorbidades ou sob tutela do Estado, mais 40 mil crianças na faixa dos 11 anos.

Pois é, a conta não fecha. Fecharia se o GDF decidisse vacinar, primeiro, as 15 mil crianças com comorbidades, e apresentasse um cronograma de vacinação para as outras crianças. Mas foi assim que o GDF anunciou. (Na verdade, fecharia sem problema nenhum se houvessem 270 mil doses disponíveis apenas para o Distrito Federal, mas não temos, de momento, um governo federal que respeita minimamente a vida de seus cidadãos.)

Estiveram presentes na entrevista coletiva realizada há pouco o secretário de Saúde, general Manoel Luiz Pafiadache; o vice-governador Paco Britto; e o secretário da Casa Civil, Gustavo Rocha.

 

Onze pontos de vacinação com 800 a mil doses cada

As três autoridades não conseguiram esclarecer como se darão as fases de vacinação dos petizes candangos. Informaram que haverá 11 pontos de vacinação específicos para a imunização pediátrica contra Covid, que serão detalhados em outra coletiva a ser realizada amanhã. Os pontos serão em Sobradinho, Planaltina, Santa Maria, Paranoá, Ceilândia, Brazlândia, Plano Piloto, Cruzeiro, Guará, Taguatinga e Samambaia. Cada ponto receberá, no domingo, entre 800 e 1.000 doses pediátricas da vacina da Pfizer. Os postos de vacinação funcionarão das 8 às 17h.

Outras 6 mil doses serão destinadas à chamada vacinação itinerante, e serão ministradas por equipes de saúde da família, em crianças com comorbidade e dificuldade de locomoção.

Nesses 11 pontos de vacinação, serão ministradas doses tanto para crianças com comorbidades como para crianças de 11 anos sem comorbidades. Levantamento da própria secretaria de Saúde dá conta de 40 mil crianças de 11 anos no Distrito Federal. Mas a prioridade é para crianças com comorbidades – assim disseram as autoridades distritais. Não é recomendada a vacinação de crianças com quadro febril.

 

Documentos necessários para a vacinação

Para que sejam vacinados, é necessário que os petizes estejam acompanhados de pais ou responsáveis, que deverão portar documento de identificação. O vacinado deverá levar certidão de nascimento e CPF.

 

“A determinação é levar a vacinação para as escolas”

Com essa frase, o vice-governador Paco Britto informou que o governo do Distrito Federal fará, num segundo momento (com as próximas doses a serem recebidas do ministério), ações de vacinação dos estudantes da rede de ensino público a partir das regionais de ensino, em ação conjunta entre as secretarias de Saúde, Educação e Casa Civil. A secretária de Educação Hélvia Paranaguá deverá fazer o anúncio dessa campanha de vacinação em breve, em coletiva específica, na qual também anunciará os protocolos especiais a serem seguidos no início do ano letivo. Não foram dadas mais informações a respeito.

Por não haver doses suficientes para as crianças até o início das aulas, devido ao ritmo lento de entrega das doses determinado pelo ministério da Saúde, não há como exigir a obrigatoriedade de vacinação dos petizes no ato da matrícula.

 

Ômicron e Influenza geram sobrecarga nas UBS

O levantamento do governo demonstra que em torno de 90% dos infectados pela Covid que estão internados nos hospitais do DF não tomaram as vacinas contra Covid, ou não estão com os esquemas vacinais completos (duas doses). 

Houve um crescimento rápido e acelerado da variante ômicron, mais H3N2 e dengue. São casos que demandam as Unidades Básicas de Saúde (UBS) que, naturalmente, estão sobrecarregadas neste momento, “mas isso não se traduziu em internações nem em óbitos”, segundo Pafiadache.

Há 9 leitos de UTI vagos, e a demanda maior não vem de pacientes com covid, mas de outras síndromes respiratórias agudas graves. A previsão da Saúde é que essa sobrecarga se intensifique até os primeiros 10 dias de fevereiro, de forma rápida.

O secretário Pafiadache anunciou que há 26 confirmações da variante Ômicron no Distrito Federal, e outras 11.049 pessoas infectadas pelo vírus Influenza, causador da gripe – 217 dos quais contaminados com o vírus H3N2.

As crianças de 5 a 11 anos representam 5% dos casos de infecção por Covid no Distrito Federal.

 

Eventos com ingresso proibidos a partir desta quinta-feira 13 de janeiro

O Secretário da Casa Civil antecipou na coletiva o texto de edição extraordinária do Diário Oficial do Distrito Federal a ser publicado esta noite, que proíbe a realização de eventos como shows, festivais e afins com cobrança de ingressos. O decreto não inclui sessões de cinema ou teatro, partidas de futebol, nem eventos com aglomeração sem cobrança de ingressos.

 

Vacinas diferentes

A vacina da Pfizer contra Covid-19 específica para crianças de 5 a 11 anos é diferente da vacina para indivíduos maiores de 12 anos. Para o público pediátrico, o frasco tem tampa amarela (foto), enquanto o frasco +12 anos tem tampa roxa. As cores diferenciam a composição diferente. Não há como ministrar a vacina “roxa” para o público infantil, mesmo que em dosagens menores. Por isso, não há como direcionar vacinas de adultos para as crianças. São produtos específicos e diferenciados. O ministério da Saúde está efetuando a distribuição da vacina pediátrica para todas as unidades da federação.

 

Sinpro preocupado

A diretoria do Sinpro demonstra preocupação com esse anúncio que não traz muita clareza de como e em quanto tempo se dará a vacinação, e observa que essa falta de vacinas é resultado de um governo que parece não estar preocupado com o bem-estar e com a saúde da população, e vai contra os próprios anseios da maioria dos pais e mães, que é vacinar seus filhos o quanto antes para protegê-los. Entendemos que a vacinação das crianças de 5 a 11 anos é prioridade para a volta às aulas. Num contexto em que voos estão sendo cancelados por falta de tripulantes, e lojas de comércio sem poder abrir por falta de profissionais, todos de atestado em casa por conta da Covid, a completa segurança para a retomada “normal” (assim mesmo, entre aspas) das aulas está comprometida, mesmo com o esquema vacinal completo para nossos petizes.

O governo distrital tem o dever de vacinar todas as 268 mil crianças do Distrito Federal que têm entre 5 e 11 anos – e estão em idade escolar.