Fórum Mundial discute a educação

Durante cinco dias especialistas de 15 países e aproximadamente 15 mil estudantes, professores, pesquisadores, trabalhadores, governos, sindicatos, associações e a sociedade civil organizada debateram e discutiram a educação no Fórum Mundial de Educação Profissional e Tecnológica. O evento, realizado de 23 a 27 de novembro, no Centro de Convenções Ulysses Guimarães, teve entre as preocupações oferecer-se como um movimento coeso em prol da cidadania e pelo direito universal à educação. Dividido em três eixos temáticos, o Fórum tratou de educação, trabalho e desenvolvimento sustentável; educação, culturas e integração, e educação, ética, inclusão e diversidade. Durante o discurso de abertura, o presidente da república Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que a inserção do Brasil no cenário mundial tem como pré-requisito a formação do povo. “Nesse sentido, a educação profissional é estratégica”, ressaltou Lula.
O evento faz parte das comemorações dos 100 anos de criação das primeiras escolas federais de educação profissional e tecnológica, e foi justamente este ponto um dos quesitos mais abordados durante um dos dias do evento por alguns dos palestrantes. Na mesa formada pelo pesquisador argentino da Unesco, Néstor Lopez, pela americana Maria Cláudia Camacho, especialista do Departamento de Desenvolvimento Social e Emprego da Organização dos Estados Americanos (OEA), e pelo representante da Secretaria Nacional de Juventude da Presidência da República, Carlos Odas, a criação de estratégias para inserir com qualidade o jovem no mercado de trabalho foi profundamente debatida.
Durante o debate sobre juventude, educação e mundo do trabalho, Néstor Lopez ressaltou que o mercado acaba com o valor da educação quando a transforma em um elemento decisório na concorrência entre os jovens por um posto de trabalho. Lopez ainda provocou dizendo que a pressão exercida pela economia de mercado acaba influenciando a relação trabalho e educação. “Em uma sociedade extremamente competitiva como a nossa, ter o ensino médio é requisito básico para aumentar as chances de se conquistar um emprego. Alguns especialistas afirmam que, para ser competitivo, o jovem tem de ostentar um título que o coloque em vantagem ao outro”, analisou.
Relacionado a esta preocupação, o governo brasileiro desenvolve uma política direcionada para jovens em situação de exclusão social, cultural e econômica. O principal desafio do Programa Nacional de Inclusão de Jovens (Projovem) segundo Carlos Odas é criar políticas públicas articuladas e integradas para beneficiar cerca de 50 milhões de jovens entre 15 e 29 anos. “O grande desafio das políticas públicas é rever a relação educação e trabalho, já que na década de 90 houve uma mudança na estrutura de mercado, o que extinguiu postos de trabalho. Também temos de pensar em estratégias para inserir com qualidade o jovem no mercado de trabalho”, comentou. Até 2010, a meta do governo é alcançar 2, 6 milhões de atendimentos.
Além das palestras, que abordaram a inclusão de portadores de necessidades especiais, diversidade, trabalho informal, futuros modelos de educação e trabalho, entre outros, oferecidas em quatro salas distribuídas pelo Centro de Convenções, o Fórum ainda disponibilizou aos participantes mostras estudantis, shows com alunos de diversos estados, oficinas de culinária e desfiles.

Oficinas mostram os sabores do Brasil
As oficinas culinárias foram uma das alas mais visitadas pelos participantes durante o Fórum Mundial. A oficina de Cozinha do Vale Europeu, organizada por professores e alunos do instituto federal de Santa Catarina, mostrou as tradições dos imigrantes alemães. Além de mostrar os mais variados pratos da culinária local, os instrutores contavam a história de cada prato enquanto colocavam as receitas em prática. O eiseban – canapé feito com joelho de porco defumado -, o marreco recheado e a Kase Kuchen, uma tortinha de ricota servida como sobremesa, foram alguns dos pratos feitos e explicados. As oficinas gastronômicas foram realizadas até o penúltimo dia do evento e aconteceram no térreo da ala sul do Centro de Convenções.

Sinpro-DF promove desfile de modas
Uma parceria entre o Sindicato dos Professores no Distrito Federal com a Escola Técnica de Ceilândia acabou com um desfile de peças produzidas por alunos do curso de Corte e Design da E.T de Ceilândia. Na passarela, modelos mostraram roupas conjugadas com acessórios confeccionados artesanalmente a partir de escamas de peixe, restos de madeira e sementes. “O evento serviu para apresentar o trabalho da Escola Técnica e um programa de inclusão social realizado com alunos. Acho esta parceria interessante porque além de colocar os alunos em contato com um evento internacional, dá a oportunidade de mostrar o trabalho que eles já desenvolvem na escola. É a união entre a teoria e a prática”, comenta o diretor de Política Educacional do Sinpro-DF, Cláudio Antunes. O Sindicato ainda participou de mostras tecnológicas, de ecoterapia e levou mais de 600 alunos do Instituto Federal de Brasília e da Escola Técnica ao Fórum.

Riquezas culturais do Brasil
Vários institutos federais fizeram apresentações explorando a diversidade da riqueza cultural brasileira e a integração entre o ensino técnico e humanístico. Ao final da quinta-feira, 26, o coral do Instituto Federal de Pernambuco revelou a alma nordestina através de um show no palco do auditório Master do Centro de Convenções Ulysses Guimarães. Disparada, Berimbau, Maracatú e Asa Branca foram algumas das músicas cantadas pelo coro e que traduzem o espírito de força e coragem não só dos nordestinos, mas de todos os brasileiros. “Fico extremamente feliz em ver que a ciência e a arte estão em sintonia num evento deste porte. O melhor é a oportunidade de mostrar e conhecer novas culturas”, comentou a regente do coral Lucivanda Silva. Um grupo de Pernambuco apresentou a ciranda, dança típica da região, e corais de vários estados cantaram músicas típicas.

Intercâmbio de experiências em pauta
O desempenho e as vantagens oferecidas pelas assessorias internacionais foram temas discutidos no Simpósio de Relações Internacionais dos Institutos Federais de Educação Ciência e Tecnologia, realizado quarta-feira, 25, durante o Fórum Mundial. De acordo com o assessor internacional do Ministério da Educação (Mec), Leonardo Rosa, a importância das cooperações na educação profissional e tecnológica no Brasil é imprescindível. “A globalização é um dos motivos que leva os países a estabelecerem cooperação a fim de promover, aos alunos e professores, oportunidades de crescimento profissional”, avalia Rosa.