Escola do Guará realiza evento de eleições inclusivas com alunos especiais

Teatro e folclore são utilizados para praticar interação social e noção de cidadania
Dia de votação para alunos especiais do Guará I. Durante três semanas, eles se envolveram em uma campanha eleitoral lúdica. Os candidatos eram personagens do folclore brasileiro e a propaganda política ficou por conta de teatros, feitos por eles mesmos junto com professores.
A ação é uma de inúmeras que têm o objetivo de promover as interações sociais a todos os 270 estudantes de zero a mais de 60 anos com diversas síndromes, no Centro de Ensino Especial  1 do Guará.
Eduardo Kirsen, 27 anos, tem microcefalia, epilepsia e retardo mental. Ele chegou lentamente até a urna eletrônica vestido de Saci- Pererê, interpretando um dos cinco candidatos à fictícia presidência.
Acompanhado da professora, também fantasiada, apertou sorrindo os números daquele personagem. Quando tocou o sinal sonoro de conclusão de votação, eles fizeram uma festa. As mesárias e o aluno bateram palmas, comemorando a atitude social ali representada. O processo se repetiu com a chegada  dos outros personagens.
Já nas primeiras horas de votação, a orientadora Nelcy Correia Guimarães chegou a uma conclusão: “Eles têm uma consciência política, conseguem fazer uma escolha. Alguns alunos não optaram pelo personagem representado por sua professora, por exemplo. Então, não é porque é minha professora que vou votar em você”.
A ação eleitoral faz parte do Programa Inclusão Social Desde a Infância, realizado em parceria com o Tribunal Regional Eleitoral do Distrito Federal.
Atividades
É uma das inúmeras atividades inclusivas do Centro de Ensino Especial 1 do Guará que, “com arte e alegria, promove interações sociais específicas para cada estudante”, explica a diretora Sandra da Costa. São atividades como dança, capoeira, teatro, informática, piscina, cozinha experimental e lava a jato — este, profissionalizante — que envolvem não só os alunos matriculados.
A eleição simulada é uma das inúmeras atividades inclusivas do Centro de Ensino Especial  1 do Guará que, segundo explica a diretoria Sandra Costa, “com arte e alegria, promove interações sociais específicas para cada estudante”. O objetivo  é promover as interações sociais das mais variadas formas. Ali, todos se sentem em casa. A equipe conta que há muitos estudantes que, quando chega o momento de ir embora, querem continuar ali.
Potencialidades e limitações são ferramentas
As atividades diárias são feitas de forma individualizada, com fichas e relatórios de acompanhamento. “Os professores precisam buscar conhecimento o tempo todo para lidar com as limitações dos alunos”, explica a vice-diretora Gicileide Ferreira.
Carla Cátia, psicopedagoga, acrescenta que “a aprendizagem existe forma individualizada, porque cada um deles tem uma especificidade. O professor vai trabalhar dentro das limitações e das potencialidades daqueles estudantes”.
Mais que isso, o entendimento é que a adaptação tem que ser do professor. “O aluno não é o especial. Os profissionais que são”.
“Nós precisamos nos adaptar e descobrir como chegar a eles”, analisa a psicóloga Marta Renault. Além disso, exemplifica a vice-diretora  Gicileide, “a parte pedagógica dos alunos especiais é mais limitada. Procuramos ajudar com os ensinamentos a serem utilizados no dia a dia, contribuindo para a qualidade de vida dos alunos”.
Fonte: Jornal de Brasília