Fim da escala 6×1 é mais que viável: é necessário

O Plebiscito Popular por um Brasil Mais Justo quer saber qual a opinião das brasileiras e dos brasileiros sobre o fim da escala 6×1 e sobre a isenção de imposto de renda para quem ganha até R$ 5 mil, sustentada pela maior taxação de quem ganha acima de R$ 50 mil. Nesta matéria, vamos aprofundar o debate sobre o fim da escala 6×1, contextualizada na histórica luta sindical pela redução da jornada de trabalho sem redução de salários.

 

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A redução da jornada de trabalho é pauta da classe trabalhadora desde a Revolução Industrial. Mobilizações históricas por todo o mundo resultaram em avanços, até atingirmos as 44 horas semanais atuais no Brasil – onde as primeiras reivindicações ocorreram na década de 1930.

Hoje, discutimos no país o fim da escala 6×1 (6 dias de trabalho para 1 de descanso), enquanto o modelo de jornada 4×3 já é testado em diversos países e empresas. Esse é um debate diretamente ligado a jornadas exaustivas, ritmos intensos, condições insalubres, perigosas, penosas, e também à saúde mental dos trabalhadores.

A escala de trabalho 6×1 é amplamente utilizada em diversas áreas, especialmente em atendimento ao cliente, comércio e setores de serviços. No entanto, estudos e análises recentes indicam que a manutenção desse sistema não apenas é ultrapassada do ponto de vista da produção – conforme atestam experiências ao redor do mundo -, como é prejudicial e desumana em relação aos trabalhadores e trabalhadoras.

 

 

A vida além do trabalho

Não é mistério que jornadas de trabalho exaustivas, como no caso da escala 6×1, aumentam o risco de problemas de saúde mental e física. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o excesso de trabalho está relacionado ao aumento de casos de ansiedade, depressão, doenças cardiovasculares e distúrbios do sono. E mais: dados da Organização Internacional do Trabalho (OIT) revelam que, nos últimos 20 anos, aumentaram no mundo mortes relacionadas a jornadas de trabalho abusivas.

Do ponto de vista humano, que não deveria ser tratado como aspecto menor, o cansaço e a falta de tempo obviamente comprometem tanto a saúde quanto as diversas dimensões da vida social de cada pessoa. Nesse sentido, a escala 6×1 prejudica relações pessoais e a perspectiva de uma vida social saudável; prejudica também a promoção da saúde, não deixando tempo para a prática de atividades físicas e de lazer; bem como interdita a possibilidade de crescimento profissional através da qualificação via cursos e estudos.

Além disso, apenas uma pessoa que não é integralmente consumida pelo trabalho tem a possibilidade de se envolver em assuntos da sua comunidade, seja do bairro, da categoria, de um segmento. A cidadania e a participação social também agradecerão o fim da escola 6×1.

 

Produtividade

O impacto das jornadas exaustivas sobre a saúde do trabalhador e da trabalhadora traz consequências diretas sobre a produtividade. Quando a recuperação física e emocional fica comprometida, observa-se um aumento do absenteísmo e diminuição da capacidade produtiva.

Escalas de trabalho mais humanas podem melhorar a produtividade, reduzir os gastos com saúde, reduzir a rotatividade de funcionários e o absenteísmo. Obviamente, funcionários que não estejam exauridos trabalham melhor.

No mais, no que se refere à produtividade, há que se considerar que o fator trabalho é apenas dos pilares. Segundo a socióloga Adriana Marcolino, diretora técnica do Dieese, em palestra realizada pela Fundacentro, a produtividade também depende do investimento que a empresa/indústria faz em tecnologia, infraestrutura, qualificação profissional. Portanto, essa conta não deve ficar nas costas apenas do trabalhador.

“O custo do trabalho por hora por empregado no Brasil é inferior a muitos países da América Latina que têm economias mais fragilizadas que a nossa”, aponta Adriana. “Portanto, temos espaço para reduzir a jornada e redistribuir a riqueza”.

Adriana Marcolino também destacou que hoje, enquanto alguns cumprem jornadas até mais extensas que as 44 semanais permitidas pela legislação trabalhista, muitos vivem de trabalhos inconstantes, os chamados “bicos”, que, mais que precarizados, trazem profunda insegurança ao trabalhador, que não tem como prever o pagamento que receberá – e se receberá – na semana seguinte.

O fim da escala 6×1 vai contribuir para incluir mais trabalhadores e trabalhadoras no mercado formal. “Repensar a jornada de trabalho, redistribuir as horas entre a classe trabalhadora beneficiaria a estrutura de trabalho na sociedade brasileira”, afirmou ela. “A redução de 44 pra 40 horas semanais gera mais de 3,5 milhões de empregos. Se reduzirmos para 36 horas, serão cerca de 8 milhões de novos postos”, completa.

É como diz um velho slogan do movimento sindical: trabalhar menos para trabalharem todos.

 

Recorte de gênero

Outro impacto positivo do fim da jornada 6×1 é melhorar as condições para as mulheres se manterem no mercado de trabalho. Como, na ampla maioria dos casos, elas ainda são as responsáveis quase exclusivas pelo trabalho doméstico e de cuidados, jornadas extensas acabam por empurrá-las para fora do mercado.

“Redistribuir as horas de trabalho e incidir na divisão sexual do trabalho resultaria em cerca de 18 milhões de mulheres a mais no mercado”, afirmou a socióloga do Dieese, Adriana Marcolino.

 

 

Mais que viável: necessário

O fim da escala de trabalho 6×1 é uma medida não apenas viável, mas necessária para promover uma sociedade mais saudável, equilibrada e produtiva. Os dados e estudos disponíveis reforçam que jornadas mais humanas trazem benefícios para os trabalhadores e trabalhadoras, suas famílias, as empresas e a sociedade como um todo.

É hora de repensar modelos ultrapassados e avançar rumo a uma organização do trabalho que priorize o bem-estar e o emprego.

Você pode se posicionar sobre esse importante debate no Plebiscito Popular por um Brasil Mais Justo. A sede e subsedes Sinpro são pontos de votação (confira os endereços abaixo). Também é possível votar online, pelo link https://plebiscitopopular.votabem.com.br/?id=10232HL5536.

 

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SIG
Quadra 6 Lote 2260 – Setor Gráfico

Taguatinga
CNB 04 Lote 03 Loja 01

Gama
Área Especial 20/21 Salas 43 e 45. Ed. Alternativo Center – Setor Central

Planaltina
Av. Independência Quadra 05 Lote 18 – Vila Vicentina

Outros locais de votação presencial:

CUT-DF
Setor de Diversões Sul – Ed. Venâncio V, bloco R, subsolo, lojas 4, 14 e 20 – Asa Sul

Rodoviária do Plano Piloto

Campus Darcy Ribeiro UnB (Ceubinho)

Feira de Ceilândia
St. M CNM 2 – Ceilândia Centro