Emprego esboça recuperação no DF, mas com trabalho autônomo. E o rendimento despenca

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Portal CUT. Escrito por: Vitor Nuzzi, da RBA

 

O mercado de trabalho no Distrito Federal teve certa recuperação em 2021, mas principalmente por ocupações de menor grau de proteção e rendimentos menores. Assim, se por um lado o número de desempregados diminuiu, por outro cresceu o trabalho autônomo e sem carteira, levando a uma queda brusca na renda. Os dados são de pesquisa conjunta do Dieese e da Companhia de Planejamento do Distrito Federal (Codeplan), ligada ao governo.

Assim, a população economicamente ativa (PEA) foi estimada em 1,648 milhão, crescimento de 4% sobre 2020. O total de ocupados aumentou 5,5%, para 1,352 milhão, enquanto o número de desempregados caiu 2,3%, para 296 mil. A taxa de desemprego recuou de 19% para 18,1%.

Houve crescimento do emprego em todas as áreas, mas principalmente na construção civil, com alta de 21,5%. Serviços de saúde humana e sociais tiveram aumento de 8,8% e o comércio/reparação de veículos, de 8,3%. Já a área de administração pública, defesa e seguridade teve queda de 4%.
 
Serviços têm mais de 71%

O setor de serviços como um todo no Distrito Federal concentra mais de 71% dos ocupados no Distrito Federal (967 mil, de 1,352 milhão). O segmento que inclui comércio e reparação tem 17,4% do total (236 mil). A construção civil tem 79 mil (5,8%) e a indústria de transformação, apenas 47 mil (3,5%). Em outro recorte, de 911 mil assalariados, o setor privado tem 627 mil ocupados (69%) e o setor público reúne 284 mil (31%).

De acordo com a pesquisa, o emprego no setor privado sem carteira cresceu em ritmo bem maior do que o com carteira: 12,5% e 6,5%, respectivamente. Já o total de trabalhadores autônomos aumentou 9,5% e o serviço doméstico, 9,2%. A categoria “demais posições”, que inclui empregadores, donos de negócio familiar, trabalhadores familiares sem remuneração e profissionais liberais, cresceu 16%.
 
Renda cai 9%

Entre 2020 e 2021, o rendimento médio dos ocupados caiu 9,2% e foi estimado em R$ 3.807. A queda foi maior entre os assalariados (-11,9%) e empregados sem carteira (-11,3%). A renda dos autônomos cresceu 5,2%, mas é praticamente a metade dos ocupados (R$ 2.175).

O rendimento médio em 2021 cresceu apenas para os 10% mais pobres, mas a diferença é grande: esse grupo tem remuneração média de R$ 604, quanto os 10% mais ricos ganham R$ 15.989 – 26 vezes mais. Isso com queda de 7,8% no ano passado.

O Dieese aponta “a continuidade de um processo de mudança na composição” dos ocupados na região. De 2018 para 2021, “todas as formas de inserção tiveram presença reduzida no conjunto dos ocupados do Distrito Federal em favor da expansão do trabalho autônomo”. No ano passado, o assalariamento correspondia 46,4%, mas chegava a 49,1%. Já os autônomos passaram de 14,1% para 17,9%.

Ainda em 2021, o tempo médio gasto na procura por trabalho foi de 54 semanas, ou pouco mais de um ano. Praticamente o mesmo que no ano anterior (55 semanas).

Confira aqui a íntegra da análise do Dieese e da Codeplan.

Fonte: CUT