Em solenidade aos 50 anos da EC 64 de Ceilândia, FCDF ganha repercussão

Nessa quarta-feira (3/9), a Escola Classe 64 de Ceilândia celebrou 50 anos de história em uma sessão solene na Câmara Legislativa do DF. As comemorações dividiram espaço um debate crucial: a divisão de recursos do Fundo Constitucional do Distrito Federal (FCDF). A celebração, que reuniu estudantes e professores, foi a oportunidade para parlamentares questionarem a alocação de verbas que, segundo eles, prejudica a educação pública.

 

Sessão solene na CLDF em homenagem aos 50 anos da EC 64 da Ceilândia | Foto: Joelma Bomfim

 

O presidente da Comissão de Educação e Cultura, deputado Gabriel Magno (PT), usou a tribuna para criticar a distribuição do Fundo Constitucional, verba da União destinada ao DF para auxiliar no custeio das áreas de saúde, educação e segurança pública. A Lei de Diretrizes Orçamentárias de 2026 prevê que 46% do FCDF sejam destinados somente para segurança pública, enquanto 54% fiquem para saúde e educação juntas.

Para o parlamentar, a divisão é desigual e afeta diretamente a qualidade do ensino público. “A gente celebra hoje 50 anos, mas nós queremos mais 50; e queremos que esses próximos 50 sejam ainda melhores”, desejou Magno, que citou a falta de pessoal e os desafios orçamentários e estruturais como obstáculos enfrentados pelas escolas.

As dificuldades citadas por Magno se refletem na rotina dos alunos. O estudante Murilo Fontes, do 2º ano do ensino fundamental, subiu na tribuna para fazer alguns pedidos: “Eu queria mais brinquedos no parquinho e uma quadra melhor. E tem que reformar o chão, um monte de pessoas já se machucaram lá”, pediu. A professora Tânia do Nascimento endossou a necessidade de uma quadra coberta e acrescentou a necessidade de um auditório, que a escola não possui.

A ex-aluna Janídea Dias, que estudou na unidade quando ainda era chamada de “Escola Normal de Ceilândia”, lembrou que a escola desenvolvia o pensamento crítico dos estudantes. “Eu aprendi a questionar o status quo”, contou. A fala ecoa o sentimento da aluna Thaynara Emanuelly Fernandes, do 5º ano, que deixou um “agradecimento à direção, funcionários e professores que lutam por uma sociedade mais soberana e justa”.

A diretora da Confederação Nacional dos Trabalhadores da Educação (CNTE) Rosilene Corrêa afirmou que, desde quando a EC 64 era a Escola Normal, ela “cumpre o papel da educação”. “Vocês fizeram e continuam fazendo parte da diferença”, parabenizou.

A dirigente sindical aproveitou a oportunidade para denunciar o grave cenário imposto quando o tema é formação inicial de professores. “60% da formação inicial de professores é feito por educação à distância em instituição privada. A necessidade faz com que esses jovens se submetam a essa situação. Não por acaso, temos 60% de contratação temporária, uma realidade também no DF. Isso é falta de compromisso com o resultado do que está sendo oferecido, é desvalorizar a nossa profissão”, disse Rosilene Corrêa.

O diretor da unidade, Hudson Campos, fez o encerramento das falas com a certeza de que a EC 64 é um espaço de formação cidadã. “Nossa escola, ao longo de sua trajetória, foi muito mais do que um espaço de ensino. Foi e continua sendo um lugar de encontros, de sonhos e de oportunidades”, resumiu.

O evento demonstrou que a luta por um ensino público de qualidade vai além da sala de aula. O debate sobre o FCDF, levado ao palco da homenagem, sublinha um problema que afeta não só a EC 64, mas toda a rede pública de ensino do DF. A reivindicação por mais recursos para a educação e saúde é uma bandeira que une alunos, professores e parlamentares na luta por uma sociedade mais justa.

 

Veja o álbum de fotos | Crédito: Joelma Bomfim

Com informações da CLDF