Em defesa da democracia, trabalhadores se manifestam em Dia Nacional de Luta da CUT

Dia Nacional de Luta, realizado pela CUT na última sexta feira (13), reuniu uma multidão de sindicalistas, trabalhadores, estudantes, movimentos sociais em todo o país. Em defesa da democracia, dos direitos da classe trabalhadora, da Petrobrás e da reforma política, manifestantes ocuparam as ruas e praças em diversas capitais. Em Brasília, a concentração aconteceu às 14h na Praça dos Aposentados, localizada no Setor de Diversões Sul, com posterior ocupação da Rodoviária do Plano Piloto.

“O ato do dia 13 teve quatro eixos principais: defesa da democracia e contra o golpe, defesa da Petrobras e demais empresas estatais e contra a corrupção, defesa da reforma política e defesa dos direitos da classe trabalhadora. Estamos falando nas ruas em alto e bom tom a todos, governantes e patrões, que não aceitaremos nem um passo para trás no que diz respeito aos nossos direitos e conquistas”, afirma o presidente da CUT Brasília, Rodrigo Britto.

Na ocasião, os manifestantes exibiram faixas com os eixos da revindicação e contaram com a presença do cantor e violinista Chico Nogueira, que prestigiou os participantes com um repertório repleto de músicas regionalistas. Depois da apresentação cultural, os representantes de movimentos sociais e sindicais que estavam presentes iniciaram as falações.

“É importante que o trabalhador venha para a rua discutir essas pautas e reafirmar a democracia brasileira. Estamos aqui em defesa da Petrobras, que é uma das principais empresas brasileiras e que tem um papel importantíssimo no fortalecimento da economia, estamos lutando contra o retrocesso nos direitos dos trabalhadores brasileiros e a favor da reforma política, com fim do financiamento privado de campanhas políticas. Não existe um real combate à corrupção se não mudarmos o sistema político brasileiro, que favorece o poder econômico. Nós vivemos um período retrógrado no Congresso, onde a grandíssima maioria dos parlamentares tem compromisso com as empresas que os financiaram e não com o povo brasileiro, que foi quem os elegeu”, afirma a presidenta do Sindicato dos Servidores Públicos Municipais do Valparaíso, Olízia Alves.

“Queremos que os processos de corrupção da Petrobrás sejam investigados e que os funcionários envolvidos sejam punidos. O que não queremos é a desvalorização e a privatização de uma empresa que representará aumento dos investimentos em saúde e educação do nosso país”, afirma o secretário geral do Sindsep, Otom Pereira Neves.

Às 17h, os ativistas encaminharam-se à Rodoviária do Plano Piloto, onde distribuíram material de esclarecimento para a população, estenderam faixas, tocaram instrumentos de percussão e entoaram palavras de ordem que resumiam os quatro eixos de reivindicação. Os manifestantes permaneceram na Rodoviária até as 20h30.

Em defesa da democracia
Em um momento político desfavorável para a classe trabalhadora, os movimentos sociais e sindicais que participaram do ato concordam que é essencial a defesa democracia e que os embates devem ser realizados de forma consciente.

“O momento é de pressionar o governo contra as medidas que atacam os direitos dos trabalhadores, mas não pela linha do golpe, como quer a direita conservadora e neoliberal. A gente acha que o impeachment é uma pauta totalmente equivocada, pautada pela direita em um tom golpista que não é a nossa linha política”,  explica Vítor Carvalho, militante da Juventude Revolução.

“A juventude está bem mobilizada por essa causa, porque acreditamos que é nosso dever defender a democracia brasileira. Temos uma nova geração que está acostumada com os avanços sociais que o Brasil teve nos últimos 12 anos, então muitos não sabem como foram os períodos anteriores, como a ditadura militar, onde muitos estudantes e trabalhadores eram presos apenas por se opor ao governo”, lembra o vice presidente regional da UNE, André João.

“Existe um movimento internacional da direita querendo entrar nos países mais progressistas. Já vimos esse processo na Venezuela, no Paraguai, e agora na  Argentina, que está sofrendo com um grande tensionamento. A direita está tentando se organizar internacionalmente contra os governos democráticos, por isso é tão importante que a juventude esteja na rua, para garantir que esses avanços continuem”, completou o líder estudantil.

“O que nós vivemos hoje é muito mais válido no sentido de que toda uma relação de problemas do país está sendo desmascarada, ao contrário de antes, quando ninguém ouvia falar. Se foi eleita (a presidenta), foi eleita por uma maioria. Se há uma minoria inconformada, que se manifeste, porém acho injusta essa intenção de tomada de poder. A proposta de impeachment da presidente hoje quer dizer exatamente isso, ao contrário de quando aconteceu pela primeira vez no nosso país (com o presidente Collor)”, explica o professor Alex Vidigal.

“A grande verdade é a seguinte: o governo não tem uma mídia que consiga defendê-lo da forma que devia ser. Mas temos os movimentos populares conosco, temos os movimentos estudantis e esse processo não pode parar”, afirma o  servidor público Luiz Antônio.

Reforma política e fim do oligopólio midiático
Um dos pontos abordados pelos manifestantes, foi a democratização da mídia, um processo que de acordo com os presentes, só será conquistado com a Reforma Política.

De acordo com a integrante do Centro de Estudos da Mídia Alternativa de Barão de Itararé, Sônia Correa, a democratização da mídia é uma das reformas fundamentais e estruturantes do nosso país. “Não é possível que menos de 10 famílias controlem o que a gente vai ver, o que a gente vai ouvir, o que a gente tem  direito de saber. A mídia hoje escolhe quem vai crucificar, é seletiva em suas escolhas no que diz respeito ao que nós precisamos saber”, afirma a estudiosa.

“É preciso que nesse processo de democratização a gente respeite as regionalidades, por exemplo, eu sou gaúcha e quero ver o meu sotaque representado na TV e não só aquele sotaque esteriotipado de uma mídia hegemônica. Não é possível que o povo brasileiro conheça mais a zona leste de São Paulo do que a periferia da sua própria cidade”, afirma Sônia Corrêa.

“Hoje temos a juventude com mais velocidade de informação, mas nem por isso está melhor informada ou politizada. Então está na hora de começar a politizar nossos jovens. A regulamentação (da mídia) tiraria o monopólio das grandes empresas e daria o espaço que a informação precisa para ser uma coisa mais responsável e mais madura, que existe para informar e não para transformar a população em gado, que é o que  infelizmente temos hoje”, destaca o ativista do Movimento Estudantil RAVE – Revolução Aqui Vem dos Estudantes, Lucas Lima.