Em defesa da democracia, da educação pública e dos 46 anos de luta da categoria do magistério do DF

O Sindicato dos Professores do Distrito Federal encara com a devida clareza sociológica as declarações infundadas e desrespeitosas dos deputados Thiago Manzoni (PL) e Daniel de Castro (PP) realizadas nessa terça-feira (14/10), no plenário da Câmara Legislativa do DF. Não são meras opiniões dissonantes, mas sintomas de uma vontade política de invisibilizar as vozes que constroem, na prática, a resistência democrática e a defesa intransigente da educação pública e de seus profissionais.

Legislar e fiscalizar o Poder Executivo são funções essenciais de um deputado distrital. Mais que isso, espera-se que um parlamentar, mesmo em suas disputas políticas, aja visando ao interesse público. Entretanto, as declarações feitas por Manzoni e Castro no plenário fogem completamente dessa finalidade. O ataque a uma instituição consolidada como o Sinpro é uma estratégia de impor politicamente uma ideologia própria para tentar mobilizar a população em torno de uma narrativa de confronto.

Ao dizerem que o Sinpro-DF não é “plural” e sugerirem desfiliação com base em recorte religioso, os parlamentares negam a diversidade de sujeitos, de crenças, de tradições pedagógicas e visões de mundo que se reconhecem no projeto comum pela luta por dignidade. Somos o maior sindicato do DF, com mais de 35 mil filiados que nos elegeram democraticamente para representá-los política, jurídica e moralmente. Esse é um fato incontestável que demonstra a legitimidade e a força de nossa representação.

Quando se afirma que “a maioria dos professores não se vê no Sinpro”, tenta-se deslegitimar 46 anos de uma história que teve a ousadia de nascer durante o regime militar, quando ninguém podia falar: um ato de coragem que fez nascer voz onde o silêncio era a lei. Coragem essa que persiste diante de inúmeros ataques cometidos por aqueles que veem a educação como mercadoria ou como ferramenta de controle social.

O ataque cometido contra o Sinpro não é sobre representatividade, mas uma tentativa clara de disputa da nossa base para beneficiar os que lucram com a fragmentação da categoria, que enfraquecida passa a ter ainda mais dificuldades de lutar por valorização e respeito. Fazemos questão de reforçar que a disputa da base é um processo comum, mas desde que desenvolvida amplamente, de forma transparente e democrática, modelo vem sendo defendido e utilizado pelo Sinpro ao longo de toda a sua história.

Convocamos todos os professores e todas as professoras, todos os orientadores e todas as orientadoras educacionais a resistirem ao divisionismo. O Sinpro é a casa de toda categoria do magistério público. Enfraquecê-lo é abrir mão de conquistas históricas e fragilizar o futuro de milhares de trabalhadores e suas famílias; é abrir mão da construção de uma sociedade construída com criticidade, com cidadãos que têm o direito de serem protagonistas das próprias vidas.

Vozes dissonantes da democracia, da liberdade e do respeito à pluralidade e à diversidade serão expostas e descortinadas para que, nunca mais, possam agir contra o presente e o futuro daqueles e daquelas que constroem a nação. Seguiremos firmes, como sempre estivemos, na luta por direitos, por valorização e por uma educação pública de qualidade socialmente referenciada.

Sinpro-DF