Em ato na Esplanada, trabalhadores dizem não às reformas Trabalhista e da Previdência

Trabalhadores(as), movimentos sindicais e a população em geral deram um sinal de força e unidade nesta quarta-feira (15). Durante Ato Público contra a Reforma da Previdência, que dá início à Greve Geral Nacional da Educação, milhares de pessoas se reuniram na Esplanada dos Ministérios para dizer não à série de projetos do Governo Federal que visam a retirada de direitos da classe trabalhadora. Durante a madrugada, militantes da Via Campesina e do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MTST) ocuparam o Ministério da Fazenda em protesto à proposta de emenda à Constituição. “Ocupamos o Ministério da Fazenda e pretendemos ficar até quando for possível porque não temos a intenção de negociar e fazer fotos com eles nos gabinetes. Viemos deixar nosso recado para o governo de que não iremos aceitar nenhum retrocesso de direitos”, afirmou Marcos Baratto, da direção nacional do MTST.

Por volta das 8h30, dirigentes do Sinpro, professores(as) e orientadores(as) educacionais saíram da Catedral de Brasília e se dirigiram até o gramado em frente ao Congresso, onde colocaram um caixão alusivo à campanha Maria Morreu. Dezenas de cruzes foram colocadas no gramado, simbolizando os trabalhadores que podem morrer sem se aposentar. “A Greve Geral Nacional da Educação acontece em todos os estados brasileiros e no DF em um dia que a pauta nacional está elencada na luta contra a Reforma da Previdência. Esta reforma tira, não só dos professores, mas de todos os trabalhadores brasileiros, a condição da aposentadoria como a conhecemos. A reforma faz uma proposta que inviabiliza os trabalhadores de poderem se aposentar. Temos dados científicos que mostram regiões no Brasil que as pessoas não têm expectativa de 65 anos. Portanto, o que o governo quer é impedir que as pessoas se aposentem e ainda exigir que elas paguem por uma coisa que não vão receber”, analisa o diretor do Sinpro Cláudio Antunes.
  
Para o presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), Heleno Manoel Gomes, o motivo da Greve Geral da Educação é único: contra a reforma da Previdência que está em tramitação no Congresso Nacional. “Caso seja aprovada, juntamente com a Reforma Trabalhista, que também está em debate, será um grande prejuízo para toda a população brasileira, em especial para as mulheres. Cerca de 80% da nossa categoria é formada por mulheres, que terão prejuízo enorme em sua vida profissional e pessoal. Por isto a educação de todos os estados do País está parada. Isto é um processo importante e necessário, pois é uma batalha que temos a obrigação de ganhar. Se perdermos, teremos um grande prejuízo nos direitos da classe trabalhadora”, afirma.
Fátima Aparecida, Secretária Geral da CNTE, complementa que os educadores e trabalhadores do País estão parados no dia de hoje em defesa da previdência pública brasileira e contra a reforma da Previdência. “Vemos aqui trabalhadores não somente do setor da educação, mas também trabalhadores rurais e de diversos outros setores que estão reivindicando seus direitos. Queremos que este governo golpista não faça esta reforma nefasta que está tramitando no Congresso. Este é o objetivo da nossa greve e o objetivo do nosso movimento”.
Em meio a manifestações populares e de movimentos estudantis presentes em frente ao Ministério da Fazenda, a tônica era uma só: o respeito aos direitos da classe trabalhadora. Segundo a diretora do Sinpro e Secretária de Finanças da CNTE, Rosilene Correa, a classe trabalhadora brasileira dá uma clara demonstração de que não há acordo para qualquer tipo de golpe. “Não permitiremos a retirada de direitos, a aprovação da terceirização e tão pouco aceitaremos que este país volte a ser o país da miséria. É isto que os trabalhadores estão fazendo. Hoje, em Brasília, temos trabalhadores do campo e das cidades, unidos, dando uma demonstração de força. É assim que combateremos qualquer tentativa de golpe contra a classe trabalhadora”.
 
Luta dos(as) professores(as) e orientadores(as) educacionais
O Sinpro tem realizado diversas atividades com o objetivo de mostrar não somente à categoria, mas também à população em geral, todos os prejuízos que teremos caso a reforma da Previdência seja aprovada. A campanha publicitária Maria Morreu é uma destas atividades e foi espalhada por toda a cidade para mostrar que o que é mostrado como um avanço para o Brasil, na verdade é um golpe contra os trabalhadores. De acordo com a professora Nerilda Lisboa Silva, do CAIC Ayrton Senna de Samambaia, esta reforma trará uma série de transtornos e prejuízos para os professores, caso seja aprovada. “Tenho 23 anos de carreira e me vejo em uma situação muito difícil. Estou perto de aposentar e não terei este direito caso este pacote seja aprovado. Mesmo tendo a idade necessária para me aposentar, o que vejo é a possibilidade de trabalhar durante a vida toda e não ter direito de gozar da aposentadoria. Isto é uma coisa muito difícil e revoltante”, desabafa a professora.

 
Manifestações pelo Brasil
Em diversos estados brasileiros, trabalhadores se manifestaram contra a reforma da Previdência. Das 50 entidades filiadas à Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), 49 paralisarão suas atividades nesta quarta-feira (15). A mobilização tem como principais reivindicações a não aprovação da reforma previdenciária e o cumprimento do piso salarial dos professores. “Estaremos todos juntos para lutar pelos nossos direitos. Essa Reforma da Previdência é um absurdo. Não podemos permitir esse desmonte. Contamos com a participação de todos os trabalhadores, pois todos seremos afetados com essa medida”, afirma a Secretária Executiva da CNTE, Berenice D’Arc.