ELEIÇÕES 2022 | É possível ter um Brasil para a educação pública

As eleições de 2022 mostram que o estrago causado pelo golpe de 2016 foi mesmo grande; e o Brasil ainda levará um tempo para recompor os danos. A eleição de Bolsonaro em 2018 foi um produto direto do golpe, que se viabilizou junto à população a partir de discursos de deslegitimação da política e de ódio de classe. Tais discursos seguem firmes até agora, e sustentam boa parte dos resultados que emergiram das urnas no último domingo (2/10). Mas há um outro lado que mostra que há forças indispensáveis para recriar o que hoje se mostra triste, cruel, perverso e indecoroso.

No DF, a despeito da desastrosa gestão da pandemia de Covid-19 e dos resultados lastimáveis de políticas como a militarização de escolas, por exemplo, o governador Ibaneis foi reeleito em primeiro turno. Entretanto, ele vai encontrar uma Câmara Legislativa com disposição de fazer os enfrentamentos necessários em defesa da educação pública e dos direitos de trabalhadores e trabalhadoras.

A bancada do PT cresceu de dois para três deputados distritais – sendo um deles o professor e ex-diretor do Sinpro Gabriel Magno; além da reeleição de Chico Vigilante e do retorno de Ricardo Vale. Já a bancada do PSOL aumentou de um para dois: Fábio Félix e Max Maciel. Desses cinco parlamentares, três são jovens. E ainda foi eleita a deputada Dayse Amarilio, do PSB, que soma na frente progressista.

A ascensão de novos personagens e novas lideranças políticas no campo progressista é o ponto forte desse processo. Em sua primeira eleição, Rosilene Corrêa, ex-diretora do Sinpro, obteve mais de 350 mil votos na disputa para o Senado Federal. Diante das campanhas de duas ex-ministras – com o apoio da máquina estatal, o resultado é uma vitória, inclusive porque Rosilene conseguiu pautar com ênfase o tema da educação. Embora a eleição de Damares represente um grande retrocesso para o Senado e para o DF, é possível perceber que há um caminho aberto para a contraposição ao projeto que ela representa.

A representação do DF na Câmara Federal manteve a correlação de forças da bancada anterior. Entre os oito deputados e deputadas federais eleitos pelo DF, dois são comprometidos com a defesa da educação pública e os direitos dos trabalhadores: Érika Kokay e Reginaldo Veras.

O Brasil ainda sofre as consequências de um golpe que derrubou uma presidenta legítima e que não cometeu crime nenhum para dar espaço ao programa que havia sido derrotado nas urnas. A superação definitiva do processo ali aberto passa necessariamente pela manutenção da luta de quem pensa, age e sonha como nós. Nesse primeiro turno das eleições, demos um passo importante. Precisamos dar continuidade a essa caminhada no segundo turno, quando dois projetos bem distintos estão em jogo para a presidência da República.

Façamos e refaçamos nossas análises. Comparemos o que foi feito nos dois governos dos candidatos que voltam a pleitear a principal cadeira do Executivo Federal. Lembremos como a educação pública e seus profissionais foram tratados, e de como esteve o Brasil nesses dois momentos. Uma coisa é consenso: o Brasil que a gente quer é aquele que trata a educação como investimento e não como gasto; como direito e não como regalia; com respeito e não com criminalização. Busquemos isso nas urnas.

 

Diretoria colegiada do Sinpro-DF

 

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