Educação: falta de estrutura no GDF é projeto político de Ibaneis

O Sinpro participou, nesta segunda-feira (27), da terceira reunião ordinária da Comissão de Saúde e Cultura da Câmara Legislativa do Distrito Federal (CESC/CLDF) que, desta vez, fez uma avaliação do início do ano letivo na rede pública de ensino da capital do País. A reunião foi proposta e convocada pelo deputado distrital Gabriel Magno (PT), presidente da Comissão de Educação, Saúde e Cultura (CESC) da CLDF. 

A diretora da Secretaria de Assuntos e Políticas para Mulheres Educadoras do Sinpro, Mônica Caldeira, foi a representante do sindicato no encontro. Ela contou que o Sinpro realizou, no último mês, um levantamento junto à categoria – seja na Assembleia do dia 14, na reunião com os gestores do dia 20 ou nas Plenárias Regionais que estão sendo realizadas ao longo do mês. Esse levantamento deixou patente a necessidade de recomposição salarial da categoria.

Para além das questões salariais, Mônica também defendeu a importância da gestão democrática nas escolas e lembrou que o investimento em educação perpassa todas as questões de dificuldades das escolas. “Avaliamos um processo do Tribunal de Contas do Distrito Federal (TCDF) que notificou o Governo do Distrito Federal (GDF) por não ter utilizado o mínimo do previsto em educação. Ibaneis não tem colocado na previsão orçamentária verbas carimbadas para a educação. Isso dificulta o bom processo administrativo, financeiro e pedagógico do cotidiano das escolas”, destacou a diretora.

A diretora do Sinpro informou que o sindicato lutou para que, na previsão orçamentária de 2022, estivesse previsto o preenchimento de pelo menos 6 mil profissionais efetivos e concurso público para suprir a demanda por vagas. E, até agora, nada.

Causa e efeito

Mônica trouxe um exemplo corriqueiro do dia a dia, que é o desenho perfeito das consequências do descaso de Ibaneis com a educação pública: “Tomemos como exemplo a demora no repasse do PDAF, que está atrasada desde o dia 6 de fevereiro. Ao não chegar na escola, esse dinheiro faz falta para coisas básicas, como troca de lâmpadas queimadas, aquisição de material pedagógico e pequenas compras do dia a dia. Então, quando a comunidade percebe a lâmpada queimada, ou a falta de papel e de tinta guache, esse sintoma é, na verdade, a consequência final desse projeto de destruição da educação. Some a isso as turmas superlotadas, que não permitem ao docente dar a atenção adequada ao aluno. Isso prejudica o processo de ensino-aprendizagem. Isso é consequência de não contratação de concursados. Isso tudo é resultado de ausência de investimento em educação.”

Mônica apontou a relação entre a deliberada decisão do GDF de dificultar a vida dos professores em contrato temporário e a queda na qualidade da boa gestão da educação pública no Distrito Federal: “São 14 mil profissionais em regime de contrato temporário. Suas qualificações não diferem em nada das qualificações dos profissionais efetivos. No entanto, os contratos temporários sofrem com salário menor, erros no pagamento de auxílio alimentação, não pagamento do acerto no fim do contrato, para citar alguns casos – todos eles tratados pelo Sinpro, na defesa incondicional desses profissionais do magistério público do DF.”

A diretora demonstrou, portanto, que todas as dificuldades estão alinhadas a um processo (que, na verdade, é um projeto) de precarização das relações trabalhistas, o que se reflete na precarização da estrutura educacional do DF. Todas essas dificuldades têm correlação com o tipo de educação que o governo Ibaneis pretende para a escola pública: oferecer menos do que o mínimo / básico, profissionais com péssimas condições de trabalho, relações trabalhistas com vínculo fragilizado e empobrecimento da categoria”.

Ela concluiu que “o magistério do Distrito Federal, que vinha trilhando um caminho para oferecer aos filhos da classe trabalhadora um processo de emancipação, com a suposta gestão ‘estratégica’ do governo Ibaneis se traduz em precariedade de infraestrutura, de condições de trabalho, de ensino.”

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