EC SMU: 1ª Mostra Cultural África une BNCC e educação antirracista

A Primeira Mostra Cultural África, promovida pela Escola Classe do Setor Militar Urbano no último dia 4 de outubro, uniu toda a comunidade da escola em torno de um projeto de educação, história e cultura. Foi uma manhã inteira de interação com as famílias, as crianças e os professores.

A mostra acabou acontecendo por acaso, como conta a vice-diretora Virgínia Fernandes de Souza: “Este ano, trabalhávamos o tema do samba no primeiro semestre, e nos preparávamos para realizar a festa do meio do ano com esse tema. Estudamos a história e as origens do ritmo, as crianças escolheram cada turma um cantor, haveria apresentações musicais. Mas veio a greve, e não conseguimos realizar a festa. Quando retornamos as aulas, propus às professoras que aproveitássemos o gancho da festa do samba para trabalhar a cultura africana e, assim, nos aprofundarmos em questões sobre o racismo.”

Com essa nova tarefa em perspectiva, entre os meses de agosto e outubro as turmas da EC SMU estudaram temas como a origem africana no brasil, os quilombos, como aconteceu a resistência dos negros e negras, o racismo estrutural.

A Mostra Cultural África tinha apresentações de artes, as turmas estudaram as personalidades históricas negras, cada lei elaborada para o combate ao racismo. “Foi um tema bem produtivo, e as crianças foram protagonistas desse trabalho, pois quando os pais vinham aos estandes, eram as próprias crianças que apresentavam e explicavam os trabalhos”, explica a orgulhosa professora Virgínia.

Críticas pontuais contornadas
A escola conseguiu superar alguns comentários pontuais explicando que as crianças iam estudar a história, estudar as personalidades. O ensino da história da África é matéria obrigatória, segundo a lei 10.639/03, e está dentro dos parâmetros do currículo em movimento da Secretaria de Educação, assim como o ensino sobre a bandeira do Brasil e a hora cívica. “Conseguimos contornar essas questões pontuais”, conta a vice-diretora.

No final das contas, pais e responsáveis participaram ativamente do projeto: “uma das mães ofereceu uma oficina de dança para as crianças. Outras mães se somaram, e teve também oficinas de hip hop, de turbante, e algumas brincadeiras africanas, como corrida de saco, céu e mar, um jogo de amarelinha diferente e tudo o que a rica herança cultural africana deixou para nossas crianças”, comemora a professora Virgínia.

“Foi um momento muito rico de aprendizado da história, da origem dos povos africanos. Uma história que há pouco tempo era pouco contada, não aparecia nos currículos, nos livros didáticos. Hoje a gente tem essa oportunidade com nosso currículo em movimento de estudar, pesquisar com as crianças sobre esse aspecto ancestral do nosso povo brasileiro. A mãe África está presente, sim, na nossa raiz , na nossa origem, e faz parte da nossa formação como povo brasileiro”, disse a vice- diretora substituta do SMU  Janaína Ribeiro de Lima Felipe.

A diretora do Sinpro Regina Célia, que estava presente à festa, comemora o tema e o sucesso do projeto: “A grande maioria das escolas deixa para trabalhar a educação antirracista apenas no mês de novembro, por conta do dia de Zumbi dos Palmares. A EC SMU trouxe a questão da História e Cultura Afro-Brasileira e Africana ainda no início do segundo semestre e, com uma abordagem ampla, trouxe a educação antirracista para todas as turmas do ensino fundamental, em respeito à lei 10.639/03 e ao currículo em movimento da SEEDF. Foi bonito ver toda a comunidade unida em torno de um projeto, todas as crianças empolgadas com os trabalhos produzidos, e todos orgulhosos de suas origens, suas histórias e sua produção escolar. Foi um projeto de excelência como é de costume à EC SMU.”